Azul é a Cor Mais Quente

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Já viu Azul é a Cor Mais Quente? O filme entrou em cartaz hoje no Brasil e é um dos pontos altos do ano. O quadrinho também acabou de ser lançado por aqui, pela Martins Fontes. Escrevi pro site da Galileu sobre a polêmica envolvendo o diretor do filme, a autora do gibi e alguns críticos da produção. Meu texto tá aqui.

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‘Azul é a Cor Mais Quente’: quadrinhos, cinema e polêmica

Primeira obra inspirada em uma história em quadrinho a vencer o Festival de Cannes, filme que estreia hoje é criticado por autora por seu ‘ponto de vista heterossexual’

por Ramon Vitral

Poucas sextas-feiras de 2013 tiveram uma estreia tão polêmica quanto a de hoje, dia 6. Azul é a Cor Mais Quente chega aos cinemas brasileiros como o vencedor da Palma de Ouro na mais recente edição do Festival de Cannes, em maio. O filme é a primeira obra inspirada em uma história em quadrinho a vencer o mais tradicional evento do cinema francês, mas provavelmente a produção será lembrada pela controvérsia associada às longas cenas de sexo entre as duas protagonistas.

O filme conta a história da jovem Adèle. Aos 17 anos ela conhece e se apaixona por uma estudante de artes um pouco mais velha que ela e o roteiro acompanha o relacionamento do casal ao longo de alguns anos. O enredo é semelhante ao do quadrinho original homônimo, lançado no Brasil pela editora Martins Fontes.

Em 27 de maio, dia seguinte à entrega do prêmio na França, Julie Maroh, autora do gibi, postou um longo texto em seu blog. Ela comparou o filme e seu quadrinho, falou sobre seus primeiros contatos com o diretor e revelou sua participação quase nula na produção. No meio do texto, ela expôs o cerne da polêmica: “Para mim, faltaram lésbicas no set de filmagem”. De acordo com a autora, as sequências de sexo teriam sido concebidas a partir do ponto de vista heterossexual do diretor, resultando em pornografia.

Na semana passada, o diretor franco-tunisiano da produção, Abdellatif Kachiche e a intérprete da protagonista estiveram em São Paulo para divulgação da obra. Durante a coletiva para a imprensa, o cineasta rebateu as acusações: “Acho uma crítica vazia. Fiz um filme que banaliza o olhar homossexual. Acho perigoso pensar que existe um olhar masculino ou feminino”. Para ele, os questionamentos são limitados a poucas pessoas: “Talvez algumas feministas mais agressivas não aceitem um homem contando a história de amor entre duas mulheres”.

Lançado na França no dia 9 de outubro, Azul é a Cor Mais Quente não poderá concorrer ao Oscar em 2014. Os possíveis candidatos à disputa de melhor filme em língua estrangeira devem ter sido lançados em seus países entre outubro de 2012 e setembro de 2013. Enquanto isso a produção segue causando furor na internet. A poeta norte-americana Eyleen Myles fez uma série de tuítes colocando em cheque a qualidade da produção: “Premiar esse filme em Cannes é tão estúpido quanto indicar Hitler ao Nobel da Paz”, comparou.

Presidente do júri de Cannes que deu a Palma de Ouro a Kachiche e às atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, Steven Spielberg justificou a escolha de sua equipe após o término do festival: “É uma grande história de amor que podemos acompanhar como uma mosca na parede, sem qualquer reserva narrativa por parte do diretor. Ele tornou as cenas reais e ficamos enfeitiçados”.


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