Galvão Bertazzi e a missão de produzir uma HQ por dia na série Um Ano Inteiro

Hoje é o 39º dia de 2017 e o quadinista Galvão Bertazzi pretende publicar ainda nas próximas horas a 39ª atualização da série Um Ano Inteiro. Por mais que o autor afirme que o projeto tenha começado sem maiores pretensões no dia 1º de janeiro, caso ele chegue completo em sua 365ª atualização no dia 31 de dezembro de 2017 será um dos grandes épicos dos quadrinhos nacionais no ano. Estou na torcida pra ver a série chegar ao fim com sucesso e não deixei passar nenhuma das atualizações (tanto pelo Facebook quanto pelo Instagram). Procurei Bertazzi para que ele falasse um pouco sobre a empreitada. Ó:

“Eu acho que a levada vai ser sempre por aí, pegar coisas do dia a dia, tristezas, alegrias, bobagens e até algumas abordagens sérias e extrapolar, exagerar”

No dia 1º de janeiro entrou no ar o projeto. Quando surgiu a ideia da série?

Era dia 1º de janeiro, a virada de ano tinha sido relax e sem qualquer excessos. Eu estava estirado no sofá, completamente de bobeira e fiz a primeira HQ da série ali mesmo, numa prancheta sobre o colo. Foi nessa hora que pensei que poderia me propor esse desafio, de fazer essa saga quase contínua, todos os dias, durante o ano todo. Nada muito sério, nem sofrido. Apenas fazer e pronto.

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Você tem um método de produção pra esse projeto? Está pensando em arcos fechados ou trabalhando com algumas obras na gaveta?

Eu não tenho método pra nada na minha vida. Sei lá o que diabos sejam arcos fechados (hahahah), mas tenho ideias perdidas sim, que vão sendo estocadas em algum canto do meu cérebro e sendo usadas à medida que vou desenhando “cada dia” da história. Geralmente desenho um primeiro quadrinho ou cena e desenrolo o resto da narrativa dali, sem nada prévio. O lance todo é que eu desenho rápido, sem rascunho, desenho os quadros e escaneio, e ali no computador eu acabo acertando alguns detalhes na arte e fecho o texto todo.

O que está valendo nessa série é a liberdade que me dei, pra desenhar e escrever. Tem sido bacana até então. Agora, por exemplo, é domingo, o dia 36 da série. Já é noite e eu havia me esquecido de desenhar a história do dia, lembrei agora e comecei, ao mesmo tempo em que estou digitando as respostas dessa entrevista.

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E as tiras tão tratando de temas muito cotidianos, dos absurdos do nosso dia a dia, de como a banalidade ao nosso redor pode ser claustrofóbica e meio enlouquecedora. Você pretende manter esses temas até o fim ou eles estão em aberto?

Eu acho que a levada vai ser sempre por aí, pegar coisas do dia a dia, tristezas, alegrias, bobagens e até algumas abordagens sérias e extrapolar, exagerar. É mais ou menos o tipo de coisa que sempre fiz na minha série Vida Besta só que transplantada pra essa série em especial.

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Eu lembrei daquele comentário que diz que se alguém escrever uma página por dia no final de um ano tem um livro de 365 páginas. O que você pretende com a Um Ano Inteiro? Pra você é um livro em potencial?

Pode ser que vire um livro sim, mas é provável que não, também. Eu devo ter pelo menos uns 10 livros fechados aqui comigo, de HQs sequenciais, outras não lineares e experimentais, tiras e etc… A coisa toda é que eu produzo muito, não sei se em excesso, mas é uma produção em massa, e eu não posto nem mostro tudo que tenho aqui. Essa série Um Ano Inteiro vem me deixando feliz. Eu não me cobro quanto ao desenho nem acabamento da tira.

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Pra você é mais difícil dar continuidade a essa periodicidade diária ou limitar as publicações a apenas um dia?

Com certeza é mais difícil pra mim não postar tudo que eu faço aqui. E olha que eu posto bastante coisa. Mas acabo me segurando bastante. Eu sou exibicionista, no sentido de que gosto muito de mostrar as coisas que produzo, muitas vezes posto parte do processo de desenho ou pintura de alguma obra, seja hq, ou uma tela. Mas tenho um breque mental pra organizar tudo da forma certa e publicar coisas impressas, palpáveis. Mas, vamos ver o que acontece, um dia de cada vez!

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