O making-of de Murilo Martins para o cartaz da Ugra Zine Fest 2015

Está marcada para os dias 19 e 20 de setembro a 5ª edição da Ugra Zine Fest, um dos principais eventos de quadrinhos, zines e publicações independentes do país. Ainda em construção, a programação do encontro está disponível lá no site da Ugra – que está frenética em 2015, como você deve ter lido na minha entrevista com o Douglas Utescher. O cartaz do evento ficou por conta do Murilo Martins, que também deu as caras por aqui recentemente. Corri atrás do Murilo pra ele ma falar da produção da peça. Batemos um papo rápido e ele me contou o passo a passo da obra. Saca só:

Quando o Douglas te pediu para trabalhar nesse cartaz?

Acho que foi no começo de maio. Ele me perguntou se eu faria o pôster da Ugra Zine Fest desse ano e eu topei na hora. Eu adoro pôster, pra mim é o filé dos trabalhos de design – um pôster de festival de zines e quadrinhos então…É tipo “dream job”.

Qual conceito ele pediu pra você explorar?

Só me pediu o básico: o evento acontece num determinado dia, num determinado local, tem esse texto e os logos de patrocinadores. Eu é que perguntei se ele queria alguma linha criativa específica, ou se tinha alguma coisa/cor/tema proibidos (trabalho com direção de arte faz tempo e sempre rolam uns direcionamentos). Mas nem, foi o famoso “tema livre”.

Dentro desse conceito, o que você pensou em fazer?

A ideia é bem simples, é até meio besta explicar: mostrar a diversidade de publicações independentes que rola no festival. Comecei a rabiscar e me veio essa imagem de “textura de personagens lendo coisas diferentes”. Mas quando eu comecei a fazer a conta de quantos personagens eu ia precisar, vi logo que era aquele tipo de ideia com um conceito simples, mas muito trabalhosa na execução.

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Quanto tempo você levou?

O total mesmo, entre a ideia inicial e o pôster finalizado, foram umas três semanas de trabalho. Eu começo sempre no papel, dependendo da ideia decido se vou continuar no “analógico” ou se vou direto pro digital. Comecei pensando numa forma circular para os personagens, mas rabiscando mais um pouco achei que essa pessoinha lendo lembrava um hexágono – e isso me levou pra ideia de “encaixar” todo mundo, como naquelas ruas antigas com tijolos hexagonais.

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Eu queria uns traços bem retos, e a possibilidade de poder mudar os personagens de lugar pra ir encaixando e ver o que acontece, então achei que o digital ia ser melhor nesse caso. Fiz esse primeiro personagem pra testar (a caveira-zine ainda estava arredondada nessa fase, depois eu mudei pra uma mais reta).

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Daí eu parti pra testar outros personagens. Essa fase é bem importante porque eu sabia o quanto de trabalho eu ia ter pra fazer os 50, 60 personagens que eu precisava. Era preciso testar como eles se comportavam, se conseguia inventar características e variações mesmo mantendo tudo no estilo simples e geométrico que eu queria. Quando fiz uns dez ou doze eu tive certeza: “Tá, vai rolar. Respira fundo e vai.”

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Essa foi a parte que consumiu mais tempo. Foram três grandes frentes: fazer todos os ícones das revistas, os textos (desenho do logo, organização das informações obrigatórias e escolha de tipologia) e o design dos personagens. Nessa parte é bem fácil de você querer acelerar pra terminar mais rápido, é importante inventar uns truques pra continuar estimulado a fazer tudo do jeito mais legal possível, mesmo que demore mais. Então eu ia alternando: quando começava a ficar sem ideia pros ícones, eu pulava pro logo; quando cansava, ia fazer mais personagens; e assim por diante. Parece um processo meio caótico, mas funciona pra mim.

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Com tudo pronto comecei a montar o quebra-cabeça. Alguns personagens estão na frente dos outros, então eu tinha que tomar umas decisões bizarras do tipo “o cabelo espetado fica melhor sobre a revista do tubarão ou do disco voador?”, ou “putz, coloquei três pessoas de óculos na sequência….”. Gastei mais uns dias nessa insanidade, mas aos poucos as peças foram se encaixando, e o cartaz nasceu. Deu um baita trabalho, mas fiquei bem feliz com o resultado.


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