Pedro Cobiaco e a passionalidade aflorada de Aventuras na Ilha do Tesouro

O quadrinista Pedro Cobiaco publicou na internet os oito capítulos de Aventuras na Ilha do Tesouro entre os dias 5 de maio e 27 de outubro de 2015. O quadrinho foi posteriormente impresso, lançado em uma luxuosa edição em capa dura pela editora Mino e está a venda por R$68. A distinção entre a leitura do gibi entre suas versões física e digital está limitada apenas à plataforma na qual a obra é consumida. Independentemente do formato, a HQ exprime a mesma avalanche de sentimentos e sensações. Sobre uma ilha mágica, protagonizada por um herói chamado Capitão e repleta de elementos metalinguísticos em relação à própria obra e à linguagem dos quadrinhos, o trabalho de Cobiaco é até agora o álbum mais passional publicado no Brasil no ano.

A revista inglesa Little White Lies publica na última página de cada uma de suas edições a resposta de uma pessoa ligada à indústria cinematográfica ao questionamento ‘What do you love about movies?’ (O que você mais ama em relação a filmes?, em tradução livre). Em uma de suas edições mais recentes, a resposta veio da cineasta Mia Hansen-Løve:

“O que mais amo em relação a filmes é a sensação que…eles foram feitos por uma pessoa. O que me faz querer ver um filme é a sensação que estou conhecendo uma pessoa. Quem está no outro lado desse filme? Quem está falando comigo? A questão do estilo e da forma contam bastante, é claro, mas pra mim não é uma questão do que está explícito. No final das contas o que eu amo em relação a filmes é a ideia de conhecer uma pessoa única. Os cineastas que importam para mim são aqueles que posso sentir fisicamente. Quando não sinto a pessoa…ou quando sinto a pessoa e não gosto dela, eu não gosto do filme. Um filme é conhecer uma pessoa e também gostar dela”.

Dentes de Elefante e Harmatã são quadrinhos belíssimos. Quando lançados eles foram reveladores em relação ao potencial de Pedro Cobiaco como quadrinista. Assim como nesses dois trabalhos prévios, Aventuras na Ilha do Tesouro mostra toda a inventividade do artista e seu domínio da linguagem dos quadrinhos. Sem contar as cores – caramba, que cores são essas? Mas ler Aventuras é conhecer seu autor. Honesto e impiedoso em relação aos próprios sentimentos, ele está presente em cada uma das 144 páginas da HQ e falando com o leitor a todo instante. A leitura de Aventuras na Ilha do tesouro vai fazer muita gente lembrar o que elas mais amam em relação a quadrinhos.

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“As pessoas não ficam cínicas à toa, ficam cínicas quando se confrontam de verdade com grandes questões existenciais, da vida, quando atravessam uma convivência complicada com elas mesmas e por mais que avancem e avancem e avancem e descubram mais e mais, não achem às vezes as respostas que procuram”

Após o término de Aventuras na Ilha do Tesouro, mandei um email com cinco perguntas para o autor da obra. No papo rápido com Cobiaco, perguntei sobre a dinâmica de produção do quadrinho, as cores do álbum e as influências e inspirações do livro. Ele me falou sobre Moebius, Modernismo, Roberto Piva, Hugo Pratt, Corto Maltese e Mayo, o também recém-lançado álbum de seu pai, Fabio Cobiaco. Olha só:

Depois que li o último capítulo fiquei pensando em como você construiu essa história. Você já tinha tudo em mente desde o começo? Rolou um roteiro e depois a construção das páginas? São muitas idas e vindas, muitos sentimentos diferentes expressos. Tudo isso tava na sua cabeça desde o início da produção? Você sempre soube onde queria chegar ou foi algo que acabou rolando?

É engraçado, porque por mais que parte do processo do roteiro tenha sido um caos completo, acabaram se concretizando algumas ideias que eu tinha – quiçá justamente por isso. Uma coisa era que eu queria trabalhar cortes de tempo estranhos. Li um roteiro esse ano do meu amigo Jopa, pra um quadrinho que ainda não se concretizou, então não vou dizer o nome aqui (acredito em catimbó, hahaha), e fiquei muito impressionado com o jeito diferenciado que ele gerenciou os cortes de tempo na história. Comecei a querer experimentar com aquilo também, e no meio do processo de pensamento fui me tocando que tem muita coisa que a gente pensa em botar numa história simplesmente porque já parece tão estabelecido que aquilo ali é necessário, que a gente deixa de questionar. Não sei te dizer quais exatamente são essas coisas, mas, ao menos no meu processo, eu percebi que são as coisas que eu não tenho vontade nenhuma de colocar no quadrinho. Olha, não sou preguiçoso, pelo menos na hora de realizar minhas histórias (pro resto da vida é outra história) e sei que tenho vontade imensa de destrinchar muita coisa. Então, quando aparece um elemento na minha narrativa que eu não tenho a menor vontade de destrinchar de x ou y jeitos, de trabalhar, então acho que nada mais justo que pelo menos botar o tal à prova de fogo e de ideias, ver se tem mesmo sentido aquilo ali. Quando eu era moleque odiava criar origens pros meus personagens, então eu sempre começava meus gibis na edição 40, 50, um número que me poupasse de ter que explicar coisas chatas, hahaha, partir direto pra ação. Acho que isso tá na ilha – as coisas sempre começam de um lugar bizarro, de uma situação que já está em andamento, nunca faço questão de situar o leitor logo de cara, é pra ser estranho, é pra ser corrido, é pra desconcertar. Minha grande vontade era criar uma história onde tudo fosse perguntado e nada realmente se respondesse de maneira realmente concreta. Acho que as perguntas do livro são muito objetivas, mas as respostas não, elas se dão mais liberdade de serem inventivas, de irem pra vários lados, de confundirem as próprias perguntas mas ao mesmo tempo não deixarem a sensação de que nada de importante foi respondido, comentado ou aprendido. É um livro de confusão, talvez ele vá pra tantos lugares, sinta tantas coisas, porque está perdido. Tenho vontade de fazer algo que seja mais resposta do que pergunta um dia, de deixar que as pessoas que façam as perguntas porque eu vou ter dado um relato objetivo. Li o “A Sangue Frio” do Capote esses dias, a Janaina (minha editora) me emprestou. Quero fazer algo assim um dia.

Sobre saber onde eu queria chegar, não sabia não, só soube na metade do processo. Toda a primeira metade do livro foi escrita no caos. Fiz um capítulo de cada vez, sem ter ideia de como faria o próximo. Tinha ideias soltas – o segundo ia ser no mar, o terceiro numa festa. Mas só. O resto eu fui costurando enquanto fazia os thumbnails, me preparava pra desenhar. Eu me forcei num processo experimental (construído em cima dos meus defeitos e favorecendo eles, não minto) onde eu não teria a estrutura definida até a hora de montar cada capítulo. Claro que eu tinha algumas certezas, mas no geral foi quase tudo solto. Tinha retalhos, ideias soltas, noções de sensações que eu queria passar, alguns trechos soltos de texto (que acharam lugar dentro do livro) e o tempo todo eu estive profundamente imerso no meu processo de criação e na história que eu estava tentando construir. Acho que foi o que salvou o livro de não ficar realmente sem coesão, o fato de que eu nunca abandonei ele, nunca deixei de pensar muito, pensar obsessivamente tudo o que significava essa história pra mim, e o que eu queria fazer com essas ideias, como profissional. Ai, na exata metade do livro, a Jana viu que eu estava totalmente confuso, perdido, e que por mais que até ali tudo tivesse achado um jeito doido de funcionar, eu não ia terminar à tempo esse livro se continuasse assim. Era absurdo, eu produzia incansavelmente por uns dez dias e ai ficava um mês sem saber direito o que fazer. E era MUITO importante pra mim fazer esse livro no prazo, conseguir ele antes do FIQ, do final do ano. Não ia aguentar mais um ano nesse processo, foi muito catártico e caótico, exigiu muito de mim. Ofereceram deixar pro ano que vem mas não quis. Então a Jana sugeriu que eu tirasse uma semana sem desenhar nada, e nesses sete dias escrevesse o roteiro todo do resto do quadrinho e fizesse todos os thumbnails. Não consegui os thumbnails, mas o roteiro de fato saiu, fiquei profundamente feliz com ele e foi só por causa dessa intervenção que o livro ficou pronto a tempo. Passei os últimos dois meses do prazo pra desenhar metade do livro, num ritmo desumano e idiota, que eu não quero mais ter que repetir, hahah. Já até pensei se não tem caminho ai: um processo de preparação imenso pra produzir intensamente em períodos curtos, mas a verdade é que eu queria mesmo poder trabalhar com mais calma a próxima obra que eu for fazer. Se não, vou tar repetindo meu processo também, que pra mim é tão ruim quanto contar a mesma história duas vezes – pelo menos hoje em dia, é. Vai ver eu descubro meu processo ideal qualquer hora, hahaha.

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E queria que você me falasse das cores. Elas têm um peso enorme na história e são um dos pontos mais altos do livro. Você definiu uma paleta com a qual queria trabalhar desde o começo?

Não, mas eu tinha minhas influências. Muita coisa diferente, mas entre as mais fortes dá pra citar a obra do Chris Ware, alguns videogames da Nintendo, tipo Kirby, que tem essa estética retrô-arcoíris, obras antigas de gravura japonesa (ukiyo-e’s dramáticos em especial, com cores fortíssimas e cenas de guerreiros e eventos divinos, mas também um pouco os de paisagens rurais), o trabalho de cor do Moebius (importantíssimo, com todos aqueles degradês no aerógrafo que eu plagiei tão mal com as cores do computador). No geral queria que as cores fossem muito sensoriais, não tivessem medo de serem super diferentes de uma página pra outra, se apegassem mais aos momentos/quadros que estivessem do que ao conjunto das páginas como um todo. Mas acho que elas acabaram ficando coesas de algum jeito, vai ver porque eu tava muito imerso no processo – vai ver porque eu não tenho muitos truques na manga, hahaha. Também queria que as páginas tivessem uma aura fantástica, que aquele mundo imaginário soasse o mais imaginário possível, mas ainda assim fosse palpável. E queria que quando alguém abrisse o livro numa livraria, sem saber o que é, TIVESSE que prestar atenção.

Vi referências e diálogos com vários outros trabalhos. É maluco dizer isso, mas pra mim é uma mistura de Scott Pilgrim com Macunaíma. Tem vários elementos folclóricos e fantásticos, a estrutura não é linear, as falas possuem uma oralidade muito própria…enfim. Faz sentido essa mistura de Bryan Lee O’Malley com Mário de Andrade que fiz? O que mais você leu, ouviu e escutou que te inspirou nesse livro?

HAHA, achei doidas essas referências que tu pegou. O Macunaíma por exemplo, eu (criminosamente) não li. Cheguei até a ver um documentário sobre o livro enquanto tava fazendo minhas pesquisas pra ilha, de bobeira. Do Mário eu li o Pauliceia Desvairada, fiquei encantado com aqueles poemas. Até o prefácio do livro é genial. Todo o trabalho de pesquisa do Mário me interessa muito também. Uma vontade forte que eu tenho é de incorporar elementos mais legitimamente brasileiros nas minhas histórias, iniciar uma pesquisa forte de folclore, origem, costume. Minha vó é de Pernambuco, de onde vem vários dos meus artistas preferidos, e é um lugar que eu queria muito ir, viajar, viver, fazer pesquisas. Mas nem sei sobre o que ainda. Vago, né? Mas é uma vontade muito forte, então não me surpreenderia se acabasse descambando numa busca mais séria e profunda logo mais pra frente.

Tem muitos autores brasileiros na amalgama de influências do meu quadrinho, dos quais dá pra destacar em especial o Roberto Piva, que junta na poesia dele vários dos elementos tratados na minha história, por ser ele mesmo essa mistura doida de uma eletricidade urbana com uma eletricidade da natureza, um homem que encontra poesia em tudo que está fora da curva, que trata muito da importância de rituais, de ideias, vivências e exageros que tragam pra gente uma coisa que transcenda as nossas ideias, que brinque com nossos medos, que recupere (ou talvez encontre) uma essência mais tribalista e animalesca dentro da existência, e também do que está ao nosso redor. Até em coisas mais da superfície do quadrinho, como por exemplo os personagens não terem nomes comuns (Capitão, Olhos D’Água, Inverno, Verão), isso eu roubei do Coxas, um livro do Piva. Inevitavelmente joguei dentro da ilha tudo isso.

O Bryan Lee O’Malley é um cara que chegou a ser uma influência muito forte no meu trabalho em algum momento, logo depois que li Scott Pilgrim, então sem dúvida tem ali algum resquício disso na minha obra. Mas hoje é um autor que já não me interessa tanto. As abordagens da vida e das pessoas que me interessam agora são outras, os personagens que me interessa trabalhar, as histórias que eu quero contar fogem muito desse cenário meio mediano e de baixas intensidades, de buscas emocionais que não vão tão longe, não destrincham tanto as próprias ideias. O Scott Pilgrim é um personagem muito negligenciador e entediado, e por mais que ele não deixe de ser um perdido (que é o que eu gosto) acho que agora que estou mais vidrado em personagens que se percam e sejam/estejam perdidos de outras maneiras. Não deixa de ser um quadrinho que eu tenho muito carinho ainda, claro. E ainda não li Seconds! Tou curioso, mas custa a maior nota aqui, hahaha.

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Acho que dava pra fazer uma entrevista inteira só sobre as relações entre Aventuras na Ilha do Tesouro e Corto Maltese. Quando a gente conversou lá no início do ano você comentou que tava numa pilha imensa com o Hugo Pratt e como A Balada do Mar Salgado era um dos seu quadrinhos preferidos. Já dava pra sentir esse vibe, mas chega um ponto no terceiro capítulo que o próprio Corto aparece. O que tem de tão especial em Corto Maltese pra você?

A honestidade, acho. A coisa mais importante pro Corto Maltese é existir. Então ele quer existir em todos os lugares, com todas as pessoas, em todas as situações. Mas a coisa mais difícil pro Corto Maltese deve ser conviver com ele mesmo. As pessoas não ficam cínicas à toa, ficam cínicas quando se confrontam de verdade com grandes questões existenciais, da vida, quando atravessam uma convivência complicada com elas mesmas e por mais que avancem e avancem e avancem e descubram mais e mais, não achem as vezes as respostas que procuram. Pelo menos é o que eu penso. E o Corto Maltese éum personagem tremendamente cínico. Mas isso não é nem de longe uma visão de coitadismo que eu tenho do cinismo, nem do Corto. Pelo contrário. Eu acho que é muito mais digno ser cínico do que ser calado demais, que guardar as coisas, que não atacar nossos alvos ao vivo pra depois ficar remoendo eles por conta própria, criando batalhas imaginárias na própria cabeça. Corto está sempre arranjando uma encrenca – isso é porque ele tem um respeito profundo pelas pessoas. Respeita elas demais, mesmo as que ele despreza, pra não dizer as coisas na hora, pra não interagir honestamente. Corto não deixa de ser um medroso também, e isso também acho muito importante. Ele tem medo de tudo, e por isso tem fascínio por tudo, por isso se envolve de maneira tão intensa com tudo. Os personagens que mais admiro são todos medrosos. Tem uma história do Corto onde ele foge de uma grande batalha pra sobreviver, e depois vai parar no meio do nada. Lá, ele está totalmente sozinho, mas grita assim: “Fugi! Fugi mesmo! Fugi e fugiria de novo, tenho medo da morte, ouviram?!” ou alguma coisa assim. Esse é um dos momentos mais lindos pra mim, do Corto Maltese. Ele está ali, sozinho, mas sente necessidade de gritar, de falar com ele mesmo essas coisas, como se fossem pra todo mundo. Isso diz muito sobre alguém, e eu me identifico muito com esses momentos das histórias do Hugo Pratt. Corto Maltese é o homem mais debochado do mundo, e as pessoas com quem ele cria laços reais são as pessoas que enxergam por entre esse deboche e entendem que ele é na verdade um homem com respeito absoluto por tudo que existe de mais importante na vida.

Tem outra coisa sobre o Corto: ele se dá ao trabalho. No começo eu lembro que ficava muito fascinado pela aura misteriosa dele, e ai quando eu mesmo pensava ’sou assim tambem, ou quero ser assim” logo imaginava a visão que tinham de mim, a visão que eu mesmo tinha de mim, e chegava na ideia de que nunca seria assim, não faz parte de quem eu sou. Isso me deprimia. Mas tem uma história do Corto, onde ele está usando um casaco de pele imenso, no meio de um cenário de guerra, ai vem um cara e pergunta pra ele o por que daquilo, que está fazendo um calor do caralho e ele ali com aquele casaco. Corto responde algo charmoso, de um jeito meio canastra, não lembro bem o que. Mas ali ficou claro uma coisa pra mim: ser qualquer coisa pode ser honesto, desde que a gente seja aquilo pra gente mesmo, não pros outros. Corto pode parecer esse cara canastra, que força uma máscara pros outros, de mistério e densidade, e em certo nível é sim pros outros, mas no fundo, no fundo mesmo você vê que aquilo é sobre ele. É o jeito dele de nunca se deixar entediar com o mundo. Porque não tem motivo no mundo pra gente ser uma pessoa entediada, e Corto Maltese sabe isso melhor do que ninguém. Que puta trabalho, né? Esse personagem e tal. Não é qualquer um, velho. Pratt sabia de coisa pra caralho. E sem dúvida tinha muitos medos (mas menos do que tinha aventuras). E ai tem o Rasputin! Que é tudo que existe no Corto elevado à máxima potência e com bônus, elevado até um nível onde todas as ideias se distorcem e viram outras. Ele é um demônio, e então faz muito sentido que o Corto esteja sempre por ai com ele, que eles sejam melhores amigos. Eles entendem um ao outro, mais do que qualquer pessoa entende eles, e isso é o laço mais forte que dá pra se ter com alguém.

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É uma interpretação minha e não sei o quanto ela corresponde à realidade. O livro trata muito da relação entre pai e filho e também sobre quadrinhos – na figura do Corto Maltese. Você faz HQ, seu pai é quadrinista, vocês dois tão lançando livros praticamente juntos e, pelo pouco que sei, o trabalho do seu pai também é de aventura e envolve pirataria e heróis. Tem uma ligação nisso tudo? Você e seu pai estão retratados nessa HQ de alguma forma?

Não tenho muito interesse em especificar o quão auto-biográfico é o quadrinho, acho importante que isso permaneça na mística própria dele. Mas posso garantir que tem, claro, coisas da nossa relação expressas ali. Crescer com um pai artista (e com minha mãe, que não é artista só no papel, mas é a maior rebelde e a maior santa que eu conheço, a pessoa mais artística de todas) moldou minha vida e minha relação com todas as obras que eu li e leio desde criancinha. Desenvolver certas noções, ter acesso a uma biblioteca, ter tantas e tantas conversas incríveis sobre tudo aquilo que estava ali e que eu furiosamente devorei e li e reli, isso não tem preço, é uma sorte muito mágica mesmo que eu tive. E logo, toda minha relação com quadrinhos, em especial com personagens como o Corto, tem pra mim enorme conexão emocional com o relacionamento que tenho com meu pai. A gente se ama e ama quadrinhos. Nada melhor. Tou muito feliz com a gente tar lançando junto, pela mesma editora. Nada mais significado pra essa nossa relação, que sempre foi pontuada por uma crença forte em misticismos, magia, simbolismos e recados da vida. E os dois são de aventura, os dois vão pra lados diferentes, mas respiram ideias parecidas. Ansioso pra ver o que o mundo todo vai achar desses dois livros (porque boto fé que em algum momento chega no mundo todo, são quadrinhos sobre viajar, faria todo o sentido).

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