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HQ / Matérias

Are You My Mother? no Brasil

Um dos cinco quadrinhos da lista de melhores do ano da Publishers Weekly, Are You My Mother? tem previsão de lançamento no Brasil em março de 2013. Escrevi uma matéria sobre a hq pro Caderno 2 do Estadão em setembro. Apesar de muito boa, ainda prefiro Fun Home, hq anterior da autora. De qualquer forma, Alison Bechedel é uma das artistas mais ousadas da geração mais recente de quadrinistas autorais e independentes dos Estados Unidos. Ela não tem um texto fácil como Adrian Tomine e nem investe em experimentações de linguagem como faz o Chris Ware, mas trata de temas pessoais de forma impiedosa.

Lembranças tragicômicas

Autora premiada, Alison Bechdel relembra a difícil convivência com a mãe em um livro marcado pela dor e poesia

Manter um diário desde os 10 anos e frequentar psicólogos e psicanalistas com as mais diversas formações e técnicas não foramsuficientes para a quadrinista Alison Bechdel superar seus traumas de infância. Após narrar as memórias de seu relacionamento com o pai na premiada Fun Home – Uma Tragicomédia em Família (de 2006, lançada no Brasil pela Conrad), a autora volta a abordar seus dilemas familiares em Are You My Mother?: A Comic Drama.

Com previsão de lançamento no Brasil para março de 2013 pelo selo de quadrinhos da Companhia das Letras, a nova obra de Bechdel foca o convívio da autora com sua mãe.

Professor de inglês, negociador de antiguidades e diretor de uma casa de funerais – a mesma residência onde vivia sua família –, Bruce Allen foi atropelado por um caminhão em um aparente suicídio pouco após sua filha, Alisson,ter confirmado suas suspeitas sobre a homossexualidade do pai. Aclamado pela crítica e premiado com um Eisner Award de melhor obra baseada na realidade em 2007, Fun Home expôs os dilemas da artistas com as posturas rígidas e ambíguas de seu pai e a onipresença da literatura inglesa em sua casa.

Chamada pelo jornal inglês The Guardian de “uma espécie de Woody Allen lésbica” por seu trabalho na tira Dykes to Watch Out For publicado entre 1983 e 2008 em jornais norte-americanos e ainda inédito no Brasil), Bechdel é ainda mais impiedosa com suas memórias em Are You My Mother?.

Frustrada pela relutância de sua mãe em aceitar sua opçãosexual e a forma como ela aborda o tema em seus quadrinhos, Bechdel dividiu seu livro em sete capítulos, todos iniciados com a narrativa de um sonho que intercala momentos que vão desde antes de seu nascimento às vésperas da edição final da obra sobre sua mãe. Atriz amadora, Helen Bechdel desistiu de suas aspirações artísticas após o nascimento da filha e voltou suas energias para a vida doméstica.

Leitora ávida de literatura inglesa, foi casadacomopai de Bechdel até pouco antes de sua morte. Quatro meses antes do suposto suicídio e em seguida à revelação da homossexualidade da filha, ela pediu divórcio de seu marido. Fria e pouco afetuosa com Alison e seus dois irmãos, ela parou de beijar e desejar boa noite à sua filha quando ela tinha apenas sete anos.

Assim como em Fun Home, seu quadrinho mais recente é abarrotado de citações aos trabalhos da poeta Alice Miller, estudos de Freud, e, principalmente, dos textos de Virginia Wolf. Mas apesar das semelhanças, a revista especializada The Comics Journal diferenciou as obras da seguinte forma: “Enquanto Fun Home é um fascinante conto tolstoiano – com descrições sofisticadas e repletas de nuances – Are You My Mother? é definitivamente freudiano: analítico, didático e bastante clínico”.

Em entrevista ao site da revista The Paris Review, Bechdel falou da influência do livro no relacionamento com sua mãe: “Há tantos segredos na vida de uma família, mas você encontra algumas pistas aqui e ali e muita gente me ajudou a montar esse quebra cabeça. Hoje, consigo entender melhor a perspectiva de minha mãe. Nem todo mundo precisa saber de tudo”.

Chris Ware / HQ

Building Stories: o melhor livro de 2012 da Publishers Weekly

Saiu a edição de melhores livros do ano da Publishers Weekly. A revista apresenta seus preferidos em 13 categorias e no top 10 geral o primeiro colocado foi Building Stories, do Chris Ware – única hq na lista principal. Tendo a acreditar que essa é só a primeira de muitas listas a reconhecer o trabalho monumental do Ware. A hq é composta por uma caixa com 14 publicações em diferentes formatos e tipos de impressão e levou mais de 10 anos pra ficar pronta. Apesar de narrar a vida de uma única personagem, as 14 edições podem ser lidas em qualquer ordem. Ou seja, muito difícil encontrar uma pessoa que tenha lido na mesma sequência que você.  Não sei de editora interessada em publicar a obra no Brasil – levando em conta o formato é até difícil imaginar que alguém ouse, mas vale a torcida. Ainda escrevo mais sobre Building Stories por aqui.

A capa da revista com os melhores de 2012 também ficou com o design por conta do Chris Ware.

Já na categoria Comics constam cinco gibis, todos inéditos por aqui. Are You My Mother? da Allison Bechdel a Companhia das Letras prometeu pro início do ano que vem. Os outros quatro são: My Friend Dahmer, do Derf Backderf; The Voyeurs, da Gabrielle Bell; Wizzywig, do Ed Piskor; e Dotter of Her Father’s Eyes, do casal Mary e Bryan Talbot.

 

HQ

Inimigos públicos

O Craig Thompson esteve na Jordânia pro lançamento de Habibi e descobriu que a HQ consta numa lista de livros banidos por lá. Talvez seja novidade pra Habibi, mas Blankets tá proibido em bibliotecas até dos Estados Unidos.

O pessoal do Comic Book Legal Defense Fund listou 19 quadrinhos alvos de polêmicas e proibições em bibliotecas e escolas norte-americanas. Tem Alan Moore, Alison Bechdel, Daniel Clowes, Jeff Smith e mais um monte de gente boa na lista.

Por aqui costuma rolar algumas confusões do tipo com quadrinhos do Will Eisner.