Eu nunca morei em uma São Paulo sem a Gibiteria. Mudei pra cá em março de 2010 e a loja de quadrinhos da Praça Benedito Calixto foi inaugurada em dezembro de 2009. Na época, eu não conhecia quase ninguém na cidade, estava atrás de emprego e as minhas idas à loja serviam como um bom escape enquanto tentava colocar a vida nos eixos. Foi lá que vi pessoalmente, pela primeira vez, vários ídolos de infância, presenças constantes nos eventos organizados pela Aninha e o Seu Octávio.
Passei a frequentar mais assiduamente a loja em 2011, quando já trabalhava no Estadão. Eu cobria cinema no jornal, não tinha o blog e o meu espaço pra escrever sobre HQs era limitado. Numa das primeiras deixas pra falar sobre gibis, fiz um breve perfil da loja e do Seu Octávio pro Divirta-se, suplemento semanal com a programação cultural de SP. Escrevi sobre as origens da Gibiteria e a diversidade de títulos à venda (reproduzo a página com o texto no pé do post).
Passei um ano fora, morando em Londres, e a Gibiteria foi uma das minhas primeiras paradas na volta a São Paulo. Lembro de uma tarde por lá no final de 2014 com a Aninha me colocando em dia o que eu havia perdido e o que ela considerava mais ou menos obrigatório para ser lido de imediato. Um tempo depois, fui convidado a mediar alguns eventos da loja e participei de conversas com Felipe Nunes, João Montanaro, Tobias Daneluz, DW Ribatski, Thiago Souto, Wagner Willian e Gidalti Jr. Também lancei por lá o trabalho da Bárbara Malagoli pra Série Postal.
A notícia do encerramento das atividades da loja deve ser muito lamentada e refletida. É sintomático que ela esteja fechando no ápice desse relacionamento cada vez mais promíscuo e nefasto entre produtores de conteúdo sobre quadrinhos e a Amazon. A Gibiteria sempre foi um ponto de encontro, um espaço de reflexão e de troca de ideias, não apenas um ponto de venda. Deixo aqui o meu muito obrigado ao Seu Octávio, à Aninha, ao Guilherme e à Gibiteria. Foram oito anos incríveis.