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Posts por data novembro 2016

Entrevistas / HQ

Papo com Marco Oliveira, o autor de Finório: “Me agrada acreditar que a versatilidade é algo tangível”

Finório é o primeiro trabalho do quadrinista Marco Oliveira atuando tanto como roteirista quanto ilustrador em um projeto longo. Ele começou sua carreira produzindo HQs nas tiras da série Overdose Homeopática, depois foi o desenhista do excelente Aos Cuidados de Rafaela em parceria com Marcelo Saravá e, mas recentemente, brincou com várias das possibilidades da linguagem dos quadrinhos no ótimo Mute. O novo trabalho de Oliveira estará a venda a partir de 5a, na mesa C31 do beco dos artistas da Comic Con Experience.

Já tive a oportunidade de ler o quadrinho em formato de pdf e gostei bastante – inclusive assino o texto da contracapa da HQ. O álbum é protagonizado por Francisco, um jovem alvo de atos de violência e injustiça ao longo de toda sua juventude, o que faz com que ele desenvolva uma mente ardilosa e uma postura bastante vingativa quando adulto. Apesar do belíssimo preto e branco e da narrativa objetiva e eficaz, chamo atenção principalmente para o excelente trabalho do quadrinista na construção de seus personagens. Tudo isso faz de Finório um grande quadrinho.

Bati um papo por email com o Marco Oliveira. Ele me falou sobre suas aspirações com a HQ, tratou das origens do projeto e comentou sua primeira experiência como roteirista e ilustrador em um quadrinho longo. Abri a conversa falando das páginas iniciais do livro, uma cena tensa com duas crianças sendo agredidas e amedrontadas por um indivíduo desequilibrado, experiência que o autor diz ter vivido durante a infância. Conversa muito boa – assim como a que tivemos na época do lançamento de Mute. Ó:

“Queria um personagem que se preocupasse com os seus, do tipo que até se compadece com o sofrimento alheio, mas que nunca toma as rédeas de situações que não lhe dizem respeito (quiçá as que lhe dizem)”

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Eu queria que você falasse um pouco sobre a origem de Finório. Você me contou que as páginas iniciais do livro foram inspiradas em uma história que você viveu na infância. O que foi que aconteceu?

Acho que o ano era o de 1992. Meu primo Zé e eu (ele com 11 e eu com 9 anos) estávamos vadiando em cima de um viaduto olhando os carros que passavam lá embaixo na rodovia. Começamos a disputar quem conseguia acertar a carroceria dos caminhões com cuspe, aquela coisa de calcular o tempo da queda e tal. Aí acho que acabou o cuspe e começamos a jogar pedrinhas nas carrocerias. Vendo que estava fácil, resolvi arriscar a carroceria de uma Pampa (nem se vê mais Pampas nas ruas). Joguei a pedra e acertei, só que no para-brisa. Por um milésimo de segundo cheguei a ver o vidro se espatifando, mas a palavra “consequência” ainda não constava do meu dicionário e continuamos com as pedras. Só me lembro de ouvir meu primo berrando e ver um cara arrastando ele pelos cabelos e o enchendo de porrada. Fiquei paralisado. Nem imaginei do que se tratava. Só segui eles quando o sujeito disse que, ou eu ia ou ele matava meu primo. Aí dei conta de que estavam indo para a Pampa lá embaixo, com o vidro todo fudido. Enfim, meu primo apanhou feito condenado e eu levei um chute no melhor estilo Anderson Silva. Fomos pra delegacia e nossas mães chamadas. Tiveram que pagar o vidro do cara. Relatamos a violência aos policiais e delegado, mas fingiram que nem ouviram. Nunca mais vimos o cara, era de outra cidade. Criança apanhar como adulto, sofrer ameaças de morte é um evento bem traumático.

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HQ

Savana de Pedra: uma prévia do novo álbum de Felipe Castilho, Tainan Rocha e Wagner Willian

Tá sabendo do Savana de Pedra que será lançado na Comic Con Experience? Projeto bem interessante produzido por Felipe Castilho, Tainan Rocha e Wagner Willian e trata da ocupação em instituições públicas de ensino por parte de alunos em todo o país. Segundo os autores, o projeto mostra a relação entre os protagonistas dos protestos e os meios de comunicação, principalmente a partir da perspectiva da mídia alternativa. Curioso, né? Eu curti o conceito. O livro tem 40 páginas e estará a venda por R$34,90.

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HQ

Cais: Janaína de Luna fala sobre as origens de sua HQ em parceria com Pedro Cobiaco

Taí a capa de Cais, quadrinho novo do Pedro Cobiaco com a Janaína de Luna, editora da Mino. Curioso, hein? O Pedro é o autor daquele que muitos consideraram o melhor quadrinho publicado no país em 2015, Aventuras na Ilha do Tesouro – inclusive vencedor do Prêmio Grampo 2016. A Janaína é a cabeça da Mino, que em apenas dois anos de existência se tornou uma das principais casas editoriais de quadrinhos no Brasil. Escrevi pra ela pedindo pra saber um pouco mais sobre o projeto, a resposta veio em áudio, que transcrevi abaixo:

“Eu estava trabalhando em um projeto grande com o Pedro, chamado Diana. É um livro que nem sabemos mais se vai sair, talvez fique para 2017, ele é maior, tem cento e poucas páginas. Acordei um dia de madrugada e estava com algumas questões pra entender essa personagem e resolvi escrever um monólogo dela, ela contando algumas coisas pra uma pessoa. Aí o Pedro viu, gostou e achou que dava um quadrinho. O texto da HQ é todo de fluxo, sempre ela falando, é bem livre e onírico”.

Cais será lançado pela Mino no Comic Con Experience. O gibi tem 32 páginas e vai custar R$24.

HQ

PARAFUSO #0: uma prévia de três páginas da nova revista do Jão

Já tinha comentado por aqui que um dos trabalhos que mais quero ler nessas últimas semanas de 2016 é o número de estreia da revista PARAFUSO do Jão. O álbum será lançado 6ª agora, na Comic Con Experience (a mesa do Jão é a F14), terá 36 páginas e vai custar R$25. Esse número zero vai apresentar uma história batizada de Vigilantes. O quadrinista me enviou uma prévia de três páginas do gibi e disse que o projeto é uma “tira gigante de super-heróis, pop art, teatro e Tarantino”. Repito: beeeem promissor, viu? Saca só:

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HQ

Kung Fu Ganja: está online o primeiro capítulo da nova HQ do Davi Calil

O Davi Calil colocou no ar o primeiro capítulo de Kung Fu Ganja, tá sabendo? Ele tá disponível pra leitura de graça no Tapastic, assim como o Nina & Tomas da Julia Bax – aliás, massa essa galera do Dead Hamster investindo em webcomics, hein? Do projeto do Calil, fiquei com a impressão de ser uma mistura de Dragon Ball com Pineapple Express – e isso é tremendo elogio, diga-se de passagem.

Tava ali no Facebook lendo os comentários do Davi Calil sobre o projeto e parece que a ideia é que ele só ganhe versão impressão quando estiver com uns 10 capítulos publicados na internet [post atualizado: o Calil pediu pra avisar que cada capítulo terá entre 20 e 22 páginas e que cada atualização deverá vir com meio capítulo, então na verdade o que vimos por enquanto foi a metade do primeiro capítulo]. Beeem promissor tudo isso, viu? No aguardo das próximas páginas.

HQ

DW Ribatski fala sobre a parceria com Laerte em Olhos de Bicho e o futuro da série Fixação por Insetos

Já estamos próximos dos 45 do segundo tempo em 2016, mas o ano ainda guarda algumas boas surpresas para leitores de quadrinhos. Duas delas são de autoria do DW Ribatski. Além da abertura da exposição do Rafael Roncato, sábado (26/11) na Ugra será lançado Olhos de Bicho, parceria do autor com a quadrinista Laerte na qual um ilustra o roteiro do outro. São três histórias curtas, duas com texto de Laerte e uma escrita por seu parceiro no projeto, em uma revista de 32 páginas custando 14 temeres. Segundo Ribatski, a ideia é que a iniciativa (chamada por ele de coleção Troca-Troca) ganhe outros números, com diferentes duplas de autores trabalhando em conjunto – uma possível próxima edição poderá envolver os artistas Pedro Franz e Diego Gerlach.

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O outro trabalho incrível recém-lançado por Ribatski foi o primeiro número de Fixação por Insetos, obra publicada durante a Des.Gráfica como um dos título do selo da feira. Primeiro número de um projeto longo, reúne algumas histórias no formato de conto com histórias sobre relações humanas, sexo e insetos. Com um tremendo preto e branco e belíssimos designs de páginas, é mais um ótimo gibi da leva de 2016. Mandei algumas perguntas por email pro quadrinista e ele falou sobre a produção de Olhos de Bicho, a experiência de ilustrar um texto da Laerte – e ter um roteiro seu desenhado por ela – e o futuro de Fixação por Insetos. Papo massa. Ó:

“O traço da Laerte é muito expressivo então é muito gostoso ver o lápis duro e incerto por baixo de um canetão completamente solto e à vontade”

Como surgiu a ideia do Olhos de Bicho? Você pode contar um pouco como foi a dinâmica entre você e a Laerte durante a produção do quadrinho? Aliás, ela sempre foi a pessoa que você tinha em mente pra dividir as páginas do quadrinho?

Bom, tempo ocioso pra mim é momento de bolar idéias, tento realizar no mundo concreto pelo menos a maioria das que tenho. Essa surgiu no período no hospital esperando meu filho nascer. Pensei, mandei uma mensagem pra Laerte e ela topou, apesar dela ser quem é e representar tanto pra gente, ela continua sendo uma pessoa muito aberta e afim de idéias inusitadas como se fosse um(a) garot(a) começando. Curto muito o lance de trabalhos conjuntos, tanto que essa idéia acabou virando essa coleção Troca-Troca (espera que em breve vem outros encontros, ALERTA SPOILER: se tudo der certo veremos Gerlach desenhando HQ do Pedro Franz e vice-versa). Nos últimos tempos fiz várias parcerias e quero continuar fazendo outras, fiz o Bastião da Justiça com o Góes, a Sirlanney e a LoveLove6 fizeram participações nas minhas HQs no blog da Companhia das Letras, teve aquela HQ que fiz com o Zimbres pro Instituto Moreira Sales

Imagino que sejam meio imprevisíveis os resultados finais de projetos como esses. Você já fez algum balanço do quão distante ou próximo ficou o resultado final de Olhos de Bicho em comparação com o instante que você teve a concepção da ideia?

Completamente! Não sabia que ficaria tão psicodélico! Pois é, a idéia inicial era contar umas historinhas, acho que nos permitirmos alterar algumas questões do roteiro um do outro levou ao ponto que chegamos.

Eu fiz uma entrevista com o Pedro Franz no início do ano em que ele falou sobre como acha interessante trabalhar tendo consciência das limitações/restrições de cada projeto. No Olhos de Bicho, além de um ilustrar o texto do outro, vocês trabalharam dentro de um formato bem pequeno. Como foi pra você essa experiência de trabalhar dentro de formatações tão ‘claustrofóbicas’? Aliás, não muito diferentes do desafio de fazer o Ugrito, certo?

Pois é, eu gosto disso também, não tenho problemas com formatos pequenos, é como o trabalho com pincel, se não dá pra fazer é porquê não cabe no projeto.

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