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HQ / Matérias

Glenn Head fala sobre traumas, liberdade, Robert Crumb, Art Spielgeman e Chartwell Manson

Entrevistei o quadrinista norte-americano Glenn Head. O papo teve como foco Chartwell Manson, álbum publicado em português pela editora Comix Zone, com tradução de Érico Assis. Transformei esse papo em reportagem para o jornal Folha de S.Paulo. As 248 páginas autobiográficas do livro narram o período de Head, durante a infância, no internato que dá título à obra e suas vivências como uma das vítimas do diretor da institução, o predador sexual condenado Terence Michael Lynch. Na nossa conversa, o autor falou sobre seus traumas decorrentes do período em Chartwell, sua sensação de liberdade durante a produção da HQ e o impacto de Robert Crumb e Art Spielgeman em seus trabalhos. Você lê o meu texto para a Folha clicando aqui.

HQ / Matérias

Marcelo D’Salete fala sobre Mukanda Tiodora: “Mostro outras estratégias da população negra em busca da liberdade”

Quando o quadrinista Marcelo D’Salete deu início aos seus trabalhos em Mukanda Tiodora (Veneta), ele tinha em mente um projeto menor. Seriam entre 40 e 60 páginas, possivelmente uma obra juvenil e quase sem texto. Eram propostas distintas de seus dois trabalhos prévios, os premiados Cumbe (2014) e Angola Janga (2017). O projeto cresceu, novos personagens surgiram e os temas tratados por ele exigiram novas pesquisas. Às vésperas de sua chega às livrarias nacionais, o livro ficou com 224 páginas. É uma ficção histórica sobre os esforços reais de uma mulher escravizada em busca de sua liberdade na São Paulo do século 19.

Possivelmente a grande HQ brasileira de 2022, Mukanda Tiodora aprofunda temas presentes nos trabalhos anteriores de D’Salete, amplia as reflexões propostas por eles sobre o Brasil contemporâneo e soa como um novo capítulo da verdadeira história brasileira sob a perspectiva e o nanquim de seu autor.

O novo álbum de D’Salete começou a ganhar forma quando ele leu Sonhos Africanos, Vivências Ladinas (Hucitec Editora), obra da pesquisadora e historiadora Maria Cristina Cortez Wissenbach. O livro trata da cidade de São Paulo no século 19 e, principalmente, sua população negra, tanto sua parcela escravizada quanto a livre. Um trecho da obra é dedicado às cartas de Teodora Dias da Cunha, Tiodora, mulher escravizada originária das terras de Angola. Com auxílio de um homem escravizado alfabetizado, ela escreveu sete cartas, para diferentes destinatários, entre autoridades e familiares, tendo em vista sua alforria.

As sete cartas de Tiodora estão reproduzidas na íntegra nos extras da HQ – além de textos complementares de D’Salete e Maria Cristina Cortez Wissenbach, fotos e mapas da cidade de São Paulo do fim do século 19 e uma linha do tempo da luta contra a escravidão no estado de São Paulo.

“Foi um impacto enorme ler as cartas da Tiodora”, me disse D’Salete sobre seu primeiro contato com aquele que viria a ser o foco de seu mais novo quadrinho. “Eu lembro que chorava ao ler as cartas, porque ela é muito contundente. Ela é muito direta em mostrar ali as suas emoções e também o seu interesse de conseguir a sua alforria. E claro, de ter esse contato com pessoas de quem ela foi separada. Este conjunto de cartas, com certeza, como considera a historiadora Cristina Wissenbach, é algo único para pensar na cidade de São Paulo nesse período”.

Na avaliação do autor, as cartas ainda são reveladoras sobre a história de vida de Tiodora e o passado recente do país: “Tiodora vem das terras de Angola, chegou no Brasil e foi vendida no interior de São Paulo. Foi para a cidade de São Paulo, morando na Rua da Liberdade, por volta de 1860. Sendo que o seu esposo e filho ficaram no interior. É preciso entender que o interior de São Paulo e a cidade de São Paulo, ambos escravistas, formavam uma sociedade extremamente desigual e violenta. Mas havia formas diferenciadas de escravidão. E o livro tenta trazer um pouco disso”. 

Documentos potenciais

Página de Mukanda Tiodora, obra de Marcelo D’Salete publicada pela editora Veneta (Divulgação)

Em 2018, Marcelo D’Salete teve um ano de repercussão inédita para um quadrinista brasileiro. Por Angola Janga, lançado no ano anterior, pela editora Veneta, ele levou o Prêmio Jabuti na categoria Histórias em Quadrinhos, quatro troféus HQMix (Melhor Edição Especial, Melhor Desenhista Nacional, Melhor Roteirista Nacional e Destaque Internacional) e o Prêmio Grampo de Ouro. Ele ainda recebeu o Prêmio Eisner, o mais importante da indústria de quadrinhos dos Estados Unidos, na categoria Melhor Edição de Material Estrangeiro, pela versão em inglês de Cumbe (Veneta). As duas obras foram publicadas nos EUA pela lendária editora Fantagraphics, casa de alguns dos nomes mais célebres das HQs locais.

Tanto em Cumbe quanto em Angola Janga, D’Salete criou tramas ficcionais a partir de suas pesquisas sobre o Brasil escravocrata do fim do século 16. Em Mukanda Tiodora ele criou ficção a partir de uma das cartas de Tiodora, construindo uma trama envolvendo a jornada da mensagem até seu destinatário. Segundo o autor, as cartas foram como um ponto de partida: “documentos potenciais” que resultaram em imagens, personagens e todo um enredo.

“Há aproximações em relação à história, em relação a essa tentativa de imaginar São Paulo no século 19 e, principalmente, sobre a população negra nesse período”, refletiu o autor sobre seu novo trabalho. “Ele é uma forma de aproximação, uma forma de investigação poética e ficcional sobre aquele momento, trazendo diferentes personagens para entender aquele contexto. Não considero um livro de registro apenas histórico, mas é uma tentativa de imaginar a história criando novas formas de interpretar aqueles fatos a partir da ficção”.

A mescla de ficção e história e a apresentação de uma nova trama sobre resistência e enfrentamento ao poder escravista enfatizam o diálogo entre Tiodora, Cumbe e Angola Janga. No entanto, o salto temporal, do século 16 nos dois álbuns prévios, para a segunda metade do século 19 nesse trabalho mais recente, expõe outro contexto da escravidão e outro período da história de resistência da população negra contra o poder escravista.

“Mostro outras estratégias da população negra em relação à tentativa de obter a sua liberdade ou melhores condições de vida. Essa negociação passava pela fuga, às vezes pela formação de quilombos, mas também por uma negociação tensa com os ‘senhores’, usando cartas, como aconteceu com a Tiodora. Então, a escrita, assim como a ação das irmandades negras, eram uma outra forma de tentativa de negociação com esse poder escravista, tentando melhores condições de vidas e também a liberdade”, explica ele.

“É muito importante que a gente entenda que havia diferentes formas de resistência e negociação com o poder escravista”, ressalta D’Salete. “Todas essas formas, de certo modo, são relevantes para a gente compreender que essas pessoas buscavam melhores condições de vida, às vezes conseguindo sua alforria de fato, mas às vezes conseguindo mais tempo para os seus trabalhos, mais tempo para vender as suas coisas, para conseguir juntar dinheiro, para compra da carta de alforria, para os seus momentos festivos também. Tudo isso faz parte dessas formas de negociação e diz respeito a essa história negra de resistência, de luta contra o poder escravista”.

Libertos escravizados

Página de Mukanda Tiodora, obra de Marcelo D’Salete publicada pela editora Veneta (Divulgação)

D’Salete focou Mukanda Tiodora no percurso de uma das cartas de Tiodora. Ele mostra a jornada de um jovem que se propõe a fazer a entrega da mensagem em meio a todos os perigos e ao ambiente hostil da São Paulo escravocrata. A trama simples é cercada por uma ambientação reveladora em relação ao seu contexto. O terceiro capítulo da obra, por exemplo, é protagonizado por Luís Gama e Ferreira de Menezes, figuras icônicas e fundamentais do movimento abolicionista. Os dois aparecem no quadrinho em discussão sobre os vários levantes de escravizados que vinham ocorrendo e o fim inevitável da escravidão, mas como o sistema resistia e a escrita poderia ser uma estratégia de combate.

Nascido livre em Salvador, Luís Gama foi escravizado durante a infância. Já adulto, ele conseguiu na Justiça sua liberdade. Depois, como advogado, foi fundamental na libertação de mais de 500 pessoas. D’Salete conta que a presença de Gama acabou se impondo em Mukanda Tiodora – também por ter sido uma das pessoas que relatou o caso de Tiodora na imprensa da época.

“Luís Gama fazia uma crítica acirrada, extremamente forte, contra o poder instaurado naquele momento, contra os grandes fazendeiros e contra a igreja. Se por um lado você tinha os fazendeiros, que possuíam o dinheiro, o poder para manter essa estrutura, por outro lado, você tinha a igreja, que infelizmente dava apoio moral ao regime da escravidão. O Luís Gama nunca foi condescendente com esses abusos e com essa ‘distorção’, vamos dizer assim, dos ensinamentos que vêm da própria igreja em relação à igualdade e tudo mais”.

D’Salete também lembra que, no contexto da HQ, o tráfico de escravizados no Oceano Atlântico estava proibido há mais de 30 anos. Mas a prática seguiu sob a vista grossa das autoridades e da igreja católica: “Luís Gama é provavelmente uma das primeiras pessoas a utilizar o termo ‘libertos escravizados’. Ele compreendia que pela lei, aquelas pessoas já deveriam ser consideradas livres quando chegavam aqui. Mas, de acordo com o conluio entre os grandes fazendeiros e também a polícia da época, todo aparato jurídico e criminal daquele período não tornavam aquilo um crime hediondo”.

Brasil contemporâneo

Página de Mukanda Tiodora, obra de Marcelo D’Salete publicada pela editora Veneta (Divulgação)

Além do salto temporal de 300 anos, Mukanda Tiodora também se distingue dos trabalhos prévios de D’Salete em relação à sua arte. Seu preto e branco segue em alto contraste, à base de papel e nanquim, mas dialoga ainda mais com a xilogravura. Ele assume ter se empenhado para alcançar um “novo estilo” e “outra forma de pensar desenho e composição”.

“Acabava pintando boa parte da cena e da figura com aguadas de nanquim e depois ia construindo as partes de luz com tinta branca, corretivo”, me explicou o quadrinista. “Senti que estava precisando desenvolver outras formas de desenho. Fiquei bem feliz com o resultado, com o que consegui até agora. Não sou um artista eclético, que muda muito de traço de um trabalho para o outro. Mas avalio que o livro Tiodora mostra uma nova fase em relação à composição, ao desenho, às texturas. E claro, tem muita influência de artistas latino-americanos também, como Alberto Breccia e um pouco do José Muñoz”.

E após três álbuns ambientados no Brasil colonial, D’Salete assume sentir saudade dos cenários mais urbanos e modernos de seus primeiros livros, como Encruzilhada (Veneta) e Noite Luz (Via Lettera): “Eu tenho alguns projetos focados no Brasil mais contemporâneo. Mas esses outros projetos, mais históricos, acabaram se impondo de uma forma muito grande na minha relação com os quadrinhos. Eram histórias que eu via e pensava ‘é importante que isso seja contado de algum modo’. Mas ainda espero voltar, sim, para as histórias mais contemporâneas”.

Já sobre o Brasil contemporâneo ele se diz esperançoso. Focado na produção de Mukanda Tiodora durante grande parte dos quatro anos de presidência de Jair Bolsonaro, D’Salete está aliviado com a vitória de Lula nas eleições do último mês de outubro, mas também lamentou o número expressivo de votos conquistados pelo atual presidente.

“Creio que teremos o desafio, nos próximos meses e anos, de criar formas de lutar contra essa desinformação praticada de modo extremamente devastador pelo bolsonarismo. Não podemos imaginar um governo contra as populações negras, quilombolas, indígenas, pobres e mulheres, novamente assumindo o poder de uma forma tão desastrosa. Teremos desafios muito grandes para que isso não volte a ocorrer”.

A capa de Mukanda Tiodora, obra de Marcelo D’Salete publicada pela editora Veneta (Divulgação)
HQ / Matérias

Paul Kirchner fala sobre quadrinhos, restrições, absurdos e Ônibus

Entrevistei o quadrinista Paul Kirchner, autor do clássico experimental Ônibus, publicado originalmente na revista Heavy Metal, entre 1978 e 1985, e lançado em português pela editora Risco, com tradução de Érico Assis. Transformei esse papo em reportagem para o jornal Folha de S.Paulo. Usei algumas falas dele para contar as origens de Ônibus, apresentar a proposta da série, expor algumas das experimentações feitas pelo autor e falar sobre o culto crescente em torno da obra. Você lê o meu texto clicando aqui.

HQ / Matérias

Galvão Bertazzi fala sobre incêndios, catástrofes e Vida Besta: Fim do Mundo

Desde 1998 o quadrinista Galvão Bertazzi retrata na série Vida Besta a banalidade da vida cotidiana e a falta de um sentido maior para a existência. Nos últimos anos ele incorporou à sua produção o caos e niilismo do governo Jair Bolsonaro e de uma pandemia que já matou mais de 680 mil brasileiros. O álbum Vida Besta: Vida do Mundo reúne as tiras produzidas pelo autor de 2018 para cá, seu periodo mais apocalíptico.

Conversei com o autor sobre a coletânea publicada pela editora Mino e transformei esse papo em texto para a Folha de S.Paulo. Você lê o meu texto clicando aqui.

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Powerpaola fala sobre Todas as bicicletas que eu tive: “Bicicletas permitem me deslocar em total liberdade, me tornar dona de mim”

A quadrinista equatoriana-colombiana Powerpaola vê paralelos entre andar de bicicleta e criar uma história em quadrinhos. Ela diz que as HQs a permitem inventar seu próprio universo, se relacionar com o mundo, estar imersa em suas práticas e se apropriar da própria vida. Da mesma forma, pedalando ela vai aonde quer, conhece o mundo e se conhece dentro dele.

Recém-lançado pela editora Lote 42, com tradução de Nicolás Llano Linares, Todas as bicicletas que eu tive une as duas paixões de Powerpaola. Ela narra em quadrinhos, como diz o título, a relação dela com todas as bicicletas que passaram por sua vida.

“As bicicletas sempre foram minhas grandes companheiras e principalmente nestes últimos anos da minha vida, por isso era algo que insistia em ser desenhado e escrito”, conta a autora sobre as origens de seu mais novo título.

O projeto começou a tomar forma quando Powerpaola contou para a colega de profissão argentina Maitena sobre seus planos para uma HQ sobre suas bicicletas. Como resposta, foi informada de um conto da escritora argentina Cecilia Pavón chamado Todas as Bolsas que eu Tive. Estimulada pela coincidência, ela participou de uma oficina de poesia de Pavón ao longo de 2020.

Todas as bicicletas que eu tive foi produzido aos trancos e barrancos. Ela diz se entendiar com roteiros e lembra que quadrinhos não são sua principal fonte de renda – apesar de fazê-los “para sobreviver emocionalmente”. Então, em meio a vários outros projetos e alguns problemas de saúde, acabou se tornando sua obra mais trabalhosa.

“Não tive rotina, fora encontrar a maneira de fazer o livro e terminá-lo”, lembra a autora. “Estive em várias oficinas de escrita e no final consegui terminá-lo numa residência em Tigre [cidade argentina]. Fui desenhar e escrever sozinha durante uma semana no meio do Delta [encontro dos rios Tigre e Luján] sem internet, somente assim consegui chegar ao fim”.

Página de Todas as biciletas que eu tive, obra de Powerpaola publicada pela Lote 42 (Divulgação)

O resultado final é um livro de 112 páginas que costura as memórias de Powerpaola sobre suas bicicletas, suas moradias e seus relacionamentos. Nômade, ela lembra de pessoas com quem conviveu e se relacionou e de bicicletas usadas por ela em passagens por países como Equador, Argentina, El Salvador, Colômbia e França. Uma ausência de endereço fixo, aliás, muito impactada por sua vida em duas rodas.

“Com certeza foram elas [bicicletas] que me permitiram conhecer profundamente as cidades em que vivi. Termino fazendo um desenho com elas nesse labirinto que é a própria vida”.

Powerpaola conta no livro, por exemplo, a origem de sua primeira bicicleta, que ganhou da mãe em um Natal, quando tinha 11 anos. O presente foi usado para impressionar um grupo de garotos que frequentava um parque de Quito.

Ela lembra da experiência: “Saí para o parque La Carolina com a minha bicicleta e senti que podia trocar de direção e ir ainda mais longe, me perder um pouco pela cidade, fazer o percurso que fazia no ônibus do colégio. Foi maravilhoso experimentar isso. Nunca na minha vida eu tinha ido tão longe sozinha. Comprei umas bolachas deliciosas com chips de chocolate na volta e levei para a minha mãe para que não me desse uma bronca por não ter seguido o combinado inicial, que era ir até o parque”.

São narradas histórias de bicicletas que ela herdou ou ganhou e outras que a acompanharam em inícios, ápices e términos de diferentes relacionamentos. Ela apresenta tramas que refletem o próprio significado das bicicletas em sua vida: “São os dispositivos que permitem me deslocar em total liberdade, me tornar dona de mim, ir aonde eu quero ir, ir quando eu quero ir, o mais parecido com a felicidade e a independência”.

Página de Todas as biciletas que eu tive, obra de Powerpaola publicada pela Lote 42 (Divulgação)

E a autora retratou essas memórias e sentimentos em torno de bicicletas em preto e branco, com usos pontuais de amarelo e vermelho.

“Sempre me proponho usar técnicas diferentes e novas em cada livro, técnicas que tenham relação com a história e a narrativa”, explica a artista. “Fiz este livro todo com tintas preta, amarela e vermelha, algo completamente novo para mim. Queria que fosse como se a bicicleta tivesse pisado uma poça cheia de lama e tivesse desenhado tudo com os pneus”.

Ela diz que até gostaria de fazer uma HQ toda colorida, mas que não consegue imaginar quanto tempo levaria finalizando um projeto do tipo. Sua preferência por publicações mais baratas também pesam (“Quero que um adolescente possa comprar”). Ela ainda atribui o visual da obra à sua influência das HQs underground norte-americanas dos anos 1990.

A obra de Powerpaola dialoga, por exemplo, com os trabalhos da canadense Julie Doucet – publicada pela primeira vez na América do Sul em 2022, pela editora Veneta, com Meu Diário de Nova York – um título também extremamente pessoal e em primeira pessoa, assim como os trabalhos prévios da autora publicados em português, Vírus Tropical (Nemo) e QP (Lote 42). Todas as bicicletas, no entanto, tem ares mais poéticos.

É uma abordagem que também ecoa os atuais interesses da autora como leitora de HQs: “Gosto muito das pessoas que experimentam com a linguagem do comic em todo sentido. Gosto das boas histórias e um desenho que também esteja me contando algo mais, que tenha uma linguagem própria e não se pareça aos demais”.

Página de Todas as biciletas que eu tive, obra de Powerpaola publicada pela Lote 42 (Divulgação)
HQ / Matérias

Joe Ollman fala sobre “gênios”, família, tiras de jornal e Pai de Mentira

Conversei com o quadrinista canadense Joe Ollman sobre Pai de Mentira, obra recém-lançada em português pela editora Comix Zone (com tradução de Érico Assis). Uma ficção, o álbum conta a história de um suposto “gênio” do mundo dos quadrinhos Jimmi Wyatt, criador da tira Chapa & Chapinha, amado por várias gerações de leitores, mas ausente e abusivo entre seus familiares. A obra é narrada pelo ponto de vista do filho de Jimmi, Caleb Wyatt, artista frustrado e assombrado pela fama do pai.

Transformei esse papo com Ollman em matéria para o site Revista O Grito!, com algumas falas do autor sobre “gênios”, família, tiras de jornal e Pai de Mentira. Você lê o texto clicando aqui.