The Martian: um relato de sobrevivência em Marte

Nos meus primeiros dias em Londres vi no metrô uma propaganda sobre o livro The Martian, recém-lançado e de autoria do engenheiro de software norte-americano Andy Weir. Terminei de ler a obra em alguns poucos dias e entrevistei o autor. Descobri que o livro será lançado no Brasil em breve e que a Fox comprou os direitos de adaptação para cinema ou televisão. Transformei isso tudo em uma matéria publicada hoje no Estadão:

TheMartianEstadão

Um relato de sobrevivência em Marte

Ficção científica criada por engenheiro de software faz sucesso na Nasa e deve virar filme pelos estúdios Fox

Ramon Vitral – Londres – Especial para O Estado de S.Paulo

O 17.º astronauta a pisar em Marte não poderia imaginar seu destino fatídico. Tido como morto por seus companheiros de missão, ele foi deixado no planeta vermelho com estoque limitado de alimento e sem qualquer forma de comunicação com a Terra. O engenheiro de software norte-americano Andy Weir também não imaginava que seu conto de ficção científica publicado em um site pessoal ganharia uma versão impressa por um dos maiores grupos editorias dos Estados Unidos e teria seus direitos para o cinema comprados pela 20th Century Fox.

The Martian (O Marciano, 385 páginas, US$15) chegou às livrarias dos Estados Unidos e da Inglaterra no início de fevereiro, pela Crown, um dos selos da Random House. O livro tem previsão de lançamento no Brasil no segundo semestre de 2014, pela Editora Arqueiro, sem nome e preços definidos.

Os primeiros boatos sobre o filme ligam o roteirista de Guerra Mundial Z, Cloverfield e do seriado Lost, Drew Gorddard, à direção. Mais recentemente, sites norte-americanos especializados em bastidores de Hollywood cogitaram que o ator Matt Damon poderia protagonizar a produção.

“Eu postava cada um dos capítulos no meu site. Então resolvi publicar na Amazon para as pessoas lerem mais facilmente em seus e-readers. Vendeu muito bem e isso chamou a atenção da editora”, explica Andy Weir em entrevista por e-mail.

Ainda trabalhando em tempo integral como engenheiro, Weir tem recebido críticas bastante positivas por seu primeiro romance. “Essa é uma ficção científica em um nível que nem mesmo Arthur C. Clarke chegou”, exaltou o diário nova-iorquino The Wall Street Journal em referência a um dos cânones do gênero, o autor de 2001: Uma Odisseia no Espaço, morto em 2008.

Em seguida à entrevista ao Estado, Weir publicou em sua página no Facebook que as próximas semanas seriam as últimas nas empresa de computação na qual trabalhou nos últimos anos. “Tenho uma oportunidade para trabalhar com o emprego dos meus sonhos e preciso arriscar. Caso contrário, eu me arrependeria pelo resto da minha vida”, avisou na rede social.

Estratégia. O livro de Andy Weir é contado a partir dos registros do protagonista em seu computador pessoal. Já consciente após ser atingido por uma tempestade de areia, o engenheiro mecânico Mark Watney retorna ao acampamento da segunda missão tripulada da Nasa a Marte. Com ração para apenas 50 dias e 300 litros de água, o herói passa a pensar uma estratégia para sobreviver até a próxima viagem da Nasa ao planeta, em aproximadamente quatro anos.

As soluções mirabolantes criadas pelo engenheiro Mark Watney para tentar resistir até o retorno de uma nave terrestre são um dos pontos altos do livro.

Na internet, Andy Weir foi celebrado pelo bom uso de seus conhecimentos científicos no romance e foi respaldado por empregados da própria agência espacial americana. “Recebi vários e-mails de funcionários da Nasa que gostaram bastante”, conta o engenheiro de software.

Na entrevista abaixo, o autor contou ter criado um programa de computador para simular a rota mais precisa entre a Terra e Marte presente em sua obra.

Entrevista. Andy Weir, engenheiro de software e escritor independente.

‘Sempre fui fã de viagens espaciais’

AndyWeir

Como surgiu a ideia do livro?

Estava imaginando como seria uma missão tripulada a Marte. Passei a considerar todas as formas possíveis de tudo dar errado e como a tripulação agiria. Percebi como essas vá- rias falhas poderiam resultar em uma história bastante inte- ressante. Depois levei três anos para escrever.

Sua formação como engenheiro ajudou na produção do livro?

Sempre fui grande fã de viagens espaciais tripuladas, en- tão comecei a escrever já com um enorme conhecimento da área. A partir daí fiz uma pesquisa enorme. Minha profissão também fez muita diferença. Eu precisei criar alguns programas de computação que simulassem a órbita do percurso que os astronautas fazem entre a Terra e Marte e depois o caminho de volta.

Como o livro acabou sendo publicado por uma grande editora?

Inicialmente eu postava cada um dos capítulos no meu site. Então resolvi publicar na Amazon para as pessoas lerem mais facilmente em seus e-readers. Vendeu muito bem e isso chamou a atenção dos editores da Crown, uma divisão da Random House.

E o quanto você precisou pesquisar além dos seus conhecimentos?

Gastei um tempo enorme fazendo pesquisas e toda a matemática do livro, mas eu gosto desse tipo de coisa, então não foi um problema pra mim. Para cada novo problema que o Mark enfrentava eu tentava encontrar a solução.

Depois que o livro foi lançado você parou de trabalhar como engenheiro?

Ainda estou trabalhando em tempo integral como engenheiro. Caso consiga um adiantamento para o próximo livro, pretendo largar o emprego e viver apenas como escritor.

Sobre o que será esse segundo livro?

Será uma ficção científica intensa, como The Martian.

Você soube de alguém da Nasa que tenha lido o livro?

Não soube de qualquer comentário oficial da Nasa sobre o livro, mas recebi vários e-mails de funcionários.

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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