Killing and Dying é a grande HQ impressa lançada nos Estados Unidos em 2015. Não consigo me conformar que o Adrian Tomine continue inédito no Brasil e seu mais recente lançamento torna essa situação ainda mais insólita. O álbum reúne algumas HQs previamente publicadas por Tomine em sua série Optic Nerve e outras inéditas. A história que dá título ao livro tem apenas 22 páginas, mostra uma adolescente tímida e com problemas de dicção que resolve iniciar uma carreira de comediante. O CHRIS WARE fez uma resenha da obra pro Guardian e resumiu: “Poucos trabalhos de arte em qualquer linguagem me fizeram chorar, mas os últimos quatro painéis de Killing and Dying conseguiram. É uma história que vai tão no cerne do lugar de onde as histórias surgem que é impossível que ela saia de lá sem deixar algumas marcas”. Leia logo, cara.
Posts por data dezembro 2015
## Retrospectiva Vitralizado 2015: a versão impressa da Dinâmica de Bruto de Bruno Maron ##
Demorou pra sair uma coletânea impressa dos quadrinhos do Bruno Maron. O Manual de Sobrevivência dos Tímidos é uma tremenda obra, um livro que reitera diversas das qualidades do autor, principalmente seu texto. No entanto, as pérolas de Maron são suas tiras. O primeiro volume de Dinâmica de Bruto reúne os trabalhos produzidos por Maron para o seu blog entre 2010 e 2012. No papel, com títulos produzidos com exclusividade para a versão impressa, as tiras ganham ainda mais força e realçam o nome de Maron como um dos grandes e mais sofisticados pensadores dos quadrinhos nacionais. Releia aqui a minha conversa com o autor.
## Retrospectiva Vitralizado 2015: Liniers e Macanudismo em São Paulo ##
A exposição Macanudismo chegou a São Paulo em 2015 após ter passado por Rio de Janeiro, Recife e Brasília. A vinda tardia para a capital paulista não diminuiu em nada o peso do evento. Há poucos quadrinistas com um discurso tão universal quanto Liniers. Ver reunidos alguns de seus originais e muitos de seus trabalhos menos conhecidos torna ainda mais impressionante a produção do artista. Conversei com Liniers às vésperas do início da mostra, fiz algumas fotos e comentários sobre a exposição e relatei por aqui como foi a abertura da exposição. Claro, o Liniers saiu da bolha e hoje vai muito além do nicho usual de leitores de quadrinhos, MAS Macanudismo é um tremendo exemplo a ser seguido em relação às muitas possibilidades de expor, refletir e divulgar títulos e autores de HQs.
## Retrospectiva Vitralizado 2015: a última temporada de Mad Men ##
Comecei a montar o post, com uma imagem da última cena de Don Draper e a publicidade da Coca exibido nos últimos instantes da série. Nem lembrava, mas ia ficar idêntico ao meu post de despedida de Mad Men. O sorriso de canto de boca de Draper é explícito: o personagem não tem salvação. Estava encerrada de forma perfeita a obra de Matthew Weiner. Daí achei melhor abrir com a foto da Peggy entrando pela primeira vez no escritório da McCann Erickson. Se Don Draper no final das contas era o mesmo bosta do primeiro episódio do seriado, Peggy cresceu pra caramba, não sei se pra melhor ou pior. Seja como for, testemunhamos o fim de uma das obras-primas da televisão mundial. Vai fazer muita falta.
## Retrospectiva Vitralizado 2015: Chris Ware e o fim de The Last Saturday ##
No dia 3 de outubro de 2015 entrou no site do Guardian a última atualização da série The Last Saturday, produzida pelo Chris Ware e publicada semanalmente pelo diário inglês. O título foi atualizado ao longo de 55 semanas seguidas e terminou de forma extremamente anticlimática, quando a tensão entre seus protagonistas estava no ápice. Mesmo curta e incompleta, foi a grande HQ de 2015. Encerrada com um aviso de que aquele era apenas o término da primeira parte da história, deixou brecha para histórias infinitas. Agora é esperar pra ver quando teremos notícias sobre o futuro de Putnam Grey e Sandy Grains. Tô no aguardo.
## Retrospectiva Vitralizado 2015: Shiko, Lavagem e A Boca Quente ##
Desde seu lançamento, no final de abril, Lavagem despontou como uma das principais candidatas a grandes HQs publicadas no Brasil em 2015. Não deu outra: talvez seja o trabalho mais impactante já produzido por Shiko. Apesar das cores belíssimas de Piteco – Ingá e da adaptação de O Quinze, o preto e branco do terror lançado pela editora Mino marca o ápice do artista em sua carreira como autor HQ. Não há espaço para experimentações ou nuances, Lavagem é bruto e sincero como poucos quadrinhos conseguem ser. Mais pra frente, em setembro, foi a vez da primeira edição de A Boca Quente: uma pancada pulp com sexo e violência divertida pra caramba.
Como já tinha dito por aqui, o Shiko deitou e rolou em 2015. Recomendo fortemente a entrevista que fiz com o quadrinista em seguida ao lançamento de Lavagem, papo bem bom. E também a conversa dele lá no Blog da Itiban, em que ele ameaça um possível aposentadoria das HQs. Tomara que não tenha passado de um desabafo impulsivo e ele continue com esse mesmo pique em 2016.