Bem, parece que a insatisfação do público brasileiro com a demora no lançamento da edição nacional de Seconds chegou no Bryan Lee O’Malley. Autor do título lançado na América do Norte em julho de 2014 e também do clássico Scott Pilgrim, o quadrinista canadense publicou em sua conta no Instagram uma carta endereçada a ele assinada pelo editor da obra na Companhia das Letras. No texto, fica a promessa de que Seconds será lançado por aqui no mês de outubro, sem mais atrasos, e que o título será a principal obra do selo de quadrinhos da editora em 2016. Dentre as causas do atraso são listados: a situação econômica brasileira, o preço do papel e o custo da impressão colorida da obra.
Muito bom saber que Seconds vai finalmente sair por aqui. As justificativas do editor para o atraso na publicação são compreensíveis. No entanto, o selo de quadrinhos da Companhia das Letras refugou no momento mais efervescente do mercado brasileiro de histórias em quadrinhos em anos. A crise econômica existe e é universal, mas nunca se publicou tanto – em cores ou preto e branco, nos mais diversos formatos e tanto títulos nacionais quanto estrangeiros. Editoras como Nemo, Mino, Veneta, Jambô, Jupati, Marsupial, Balão, Draco, a recém-anunciada Figura e tantas outras menores ou do mesmo porte estão investindo pesado em quadrinhos autorais, publicando títulos quase todos os meses. É difícil compreender como a maior editora do Brasil não mantém a mesma regularidade.
Além do livro de Bryan Lee O’Malley de 2014, a Companhia também tem os direitos de outras obras ainda inéditas no Brasil, como o aguardado Here de Richard McGuire e o Metamaus do Art Spiegelman. Questiono cada vez mais a lentidão no lançamento dessas obras por aqui. Elas perdem fôlego e seu peso histórico quando publicadas tanto tempo após seu lançamento original. Desde seu surgimento, o selo de quadrinhos da editora publicou obras de legado inquestionável para os quadrinhos mundiais: Jimmy Corrigan, Habibi, Retalhos, Você é Minha Mãe?, Dois Irmãos, Cachalote, Umbigo Sem Fundo, Scott Pilgrim, Asterios Polyp, Às Sombras das Torres Ausentes, Tintin, Persépolis, Ao Coração da Tempestade e muitos outros. Também fez um trabalho exemplar com títulos e quadrinistas brasileiros. No entanto, no momento, é notável o freio de mão puxado da editora. É preciso rever essa postura, pois o bonde está passando – e a mil por hora.
A carta do editor da Companhia das Letras publicada no Instagram de Bryan Lee O’Malley:
o “bonde” está lançando HQs a mil por hora.
o público está embarcando nesse bonde?
o boom do mercado editorial iniciado em 2008 esfriou de vez em 2015 e os estoques das editoras estão lotados de lançamentos que deveriam estourar mas floparam
Quadrinhos na Cia está com o freio de mão puxado desde 2014 por conta do dono da editora
esfriou de vez, cara? vc esteve no fiq e na ccxp? vc tem certeza que os estoques das editoras estão lotados? não é isso que vejo com os vários editores e quadrinistas que entrevisto e também não é o que os lançamentos constantes indicam. estamos em crise, o mercado pode não estar como muita gente gostaria e uma ou outra flopada é normal, faz parte do jogo, mas pesado falar que qualquer coisa tenha esfriado de vez, né?
e ó, o boom do mercado editorial de quadrinhos começou bem antes de 2008. recomendo essa aula aqui do Rogério de Campos pra vc ver que a coisa tá rolando bem antes disso: https://vitralizado.com/hq/papo-com-rogerio-de-campos-o-que-esta-aquem-no-momento-e-a-reflexao-sobre-quadrinhos-no-brasil/
sobre a cia, sim, não é de hj que o freio de mão tá puxado. se é por conta do dono ou do estagiário, aí é vc quem diz.
abraço!