Vitralizado

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HQ

Valeu, Bienal de Quadrinhos de Curitiba!

A 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba foi demais. Deixo registrado por aqui meu agradecimento aos organizadores e à equipe – além de um obrigado especial às curadoras Dandara Palankof, Maria Clara Carneiro e Mitie Taketani. Nunca tinha participado de um encontro sobre HQs que refletisse com tanta fidelidade a diversidade e a riqueza criativa das histórias em quadrinhos nacionais.

Falei sobre o meu livro (Vitralizado – HQs e o Mundo), conversei sobre jornalismo focado em histórias em quadrinhos, participei de sessões de autógrafo e entrevistei o quadrinista Marcelo D’Salete. Ainda deu tempo assistir alguns bate-papos, conferir todas as exposições, descobrir alguns quadrinhos novos e encontrar e conhecer muita gente.

Aliás, a graça da coisa tá toda aí, nos encontros. Por causa da pandemia estava afastado de eventos do tipo desde 2019 e com saudade de esbarrar com pessoas que fazem, editam, vendem, leem e pensam quadrinhos. Valeu, Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Já tô no aguardo da próxima edição.

(crédito da foto do abre: Luiz Pacheco)

Foto da conversa Vitralizado: Jornalismo cultural, HQs e o Mundo (crédito: Luiz Pacheco)
Foto da conversa Vitralizado: Jornalismo cultural, HQs e o Mundo (crédito: Pedro Ferreira)
Foto da conversa Gibi em Pauta: Jornalismo de Quadrinhos – com Dandara Palankof, Gabriela Borges, Mariana Viana, Ramon Vitral e mediação de Luciana Melo (crédito: Pedro Ferreira)
Foto da conversa Gibi em Pauta: Jornalismo de Quadrinhos – com Dandara Palankof, Gabriela Borges, Mariana Viana, Ramon Vitral e mediação de Luciana Melo (crédito: Luiz Pacheco)
Foto da conversa Gibi em Pauta: Jornalismo de Quadrinhos (crédito: Luiz Pacheco)
Foto da conversa Gibi em Pauta: Jornalismo de Quadrinhos (crédito: Luiz Pacheco)
Foto da conversa A História em Quadrinhos: Mukanda Tiodora por Marcelo D’Salete (crédito: Luiz Pacheco)
Foto da conversa A História em Quadrinhos: Mukanda Tiodora por Marcelo D’Salete (crédito: Luiz Pacheco)
Dandara Palankof, Pedro Ferreira, Ramon Vitral, Gabriela Borges, Mariana Viana e Thiago Carneiro
Foto da sessão de autógrafo de Vitralizado – HQs e o Mundo na 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba (crédito: Pedro Ferreira)
HQ / Matérias

A vida e a obra de Angeli no retorno da revista Expressa

Escrevi para o jornal Folha de S.Paulo sobre o retorno da revista Expressa. Agora uma parceria das editoras Azougue e Ugra Press, a publicação dedica sua 19ª edição à vida e à obra do cartunista Angeli. Adiantei no meu texto um pouco do conteúdo da revista e compartilhei alguns trechos das minhas conversas com os editores Sergio Cohn e Douglas Utescher sobre o legado do criador da Chiclete com Banana. Desde já, um dos grandes lançamentos das HQs nacionais de 2023. Os responsáveis pela Expressa reuniram pérolas perdidas que retratam toda a versatilidade e o virtusismo de Angeli – indo muito além de Bob Cuspe, Rê Bordosa, Wood & Stock e outros personagens célebres do autor. Você lê a matéria clicando aqui.

Entrevistas / HQ

Papo com Dandara Palankof, Maria Clara Carneiro e Mitie Taketani, curadoras da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba

A 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba acontece entre os dias 7 e 10 de setembro, no Museu Municipal de Arte (MuMA) da capital paranaense, com o tema Resistências, Existências: Quadrinhos e Corpos Plurais. Entrevistei as três curadoras do evento: Dandara Palankof (tradutora, editora da Mythos Editora e coeditora da Revista Plaf), Maria Clara Carneiro (pesquisadora, tradutora, professora da Universidade Federal de Santa Maria e uma das organizadoras do Prêmio Grampo) e Mitie Taketani (proprietária da Itiban Comic Shop).

Elas falaram de suas expectativas para o evento, da definição do tema e dos convidados, da escolha da letrista Lilian Mitsunaga como homenageada, da primeira Bienal pós-Bolsonaro e pós-pandemia e da importância de debates e discussões sobre quadrinhos para o mercado nacional de HQs.

Entre as atrações da Bienal estão a feita Muvuca, com a presença de quadrinistas de vários estados do país; exposições de artes originais; além de debates, conversas e sessões de autógrafos com a participações de autores brasileiros e estrangeiros. Você confere a programação completa clicando aqui.

Sou um dos convidado da Bienal, junto com um monte de gente incrível (já viu a lista?). No dia 7, às 11h, vou falar sobre a produção do meu livro, Vitralizado – HQs e o Mundo (MMarte). Depois (dia 7, às 18h) converso com Dandara Palankof, Gabriela Borges e Mariana Viana (com mediação de Luciana Melo) sobre jornalismo especializado em histórias em quadrinhos. Aí dia 8, 17h30, rola uma sessão de autógrafos do meu livro. Encerro minha participação no dia 9, sábado, às 19h30, entrevistando o quadrinista Marcelo D’Salete.

Compartilho a seguir a íntegra da minha entrevista com as três curadoras da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba (no abre, o cartaz da quadrinista argentina María Luque):

“Mais uma retomada após um período de trevas”

O cartaz assinado pela quadrinista Tai para a 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba (Divulgação)

Escrevo para vocês faltando pouco menos de um mês para o início da Bienal. Quais são as suas principais expectativas para o evento?

Maria Clara Carneiro: Muita emoção ver a Bienal retornando ao presencial. Lembro como se fosse ontem, na Bienal de 2016, encontrar amigos no gramado para entoar juntos um Fora Temer. Ou, em 2018, quando a notícia de uma facada, nos primeiros dias, nos deixaria incrédulos e tensos. Pensar que vai acontecer o evento ali de novo, sem esses pesos nos ombros, dá muito alívio. 

Mitie Taketani: Estou bem contente com as companheiras da curadoria e espero que as pessoas lotem todas as atividades: palestras, debates, oficinas, exposições  e claro, que a feira Muvuca dê muito dindin pra todes! Ah, se rolar uma sessão pipoca com a notícia do #bozo #nacadeia seria demais! 

Dandara Palankof: Eu tô bem empolgada, é minha primeira Bienal – eu seria uma das convidadas da edição de 2020, mas aí veio a pandemia. Receber esse convite pra integrar a equipe de curadoria (melhor acompanhada, impossível) foi uma grande alegria, e uma grande responsabilidade. Mas estou muito ansiosa pra ver de perto esse evento do qual todos falam com tanto carinho, ver mais uma retomada após esse período de trevas que passamos, celebrar mais uma vez a vida e nossa resiliência em viver – que é justamente o tema da Bienal. Acho que vai ser um evento lindo.

Na página da Bienal vocês falam sobre as motivações para a escolha do tema “Resistências, existências: quadrinhos e corpos plurais” como uma reação “aos discursos de poder, centrados no patriarcado”. Vocês podem contar um pouco, por favor, sobre os debates que levaram à escolha desse tema?

MC: Quando fomos convidadas, o tópico já era ser uma bienal pós-apocalíptica, depois desse mundo que quase ruiu tantas vezes nesses últimos três anos. E não adianta o mundo acabar se a gente continuar repetindo os mesmos padrões, não é? Passamos mesmo por um fim do mundo, e o mundo que existia já não era suficiente. A crise que nos abateu não foi apenas sanitária ou política, ela chegou acompanhada de uma importante crise de identidade que vinha se instaurando há um tempinho já, em que começamos a rever conceitos: o que significa gênero, as relações de classe. Essa crise de identidade não é necessariamente ruim: nessa última década, muita gente se percebeu queer, periférica, preta, a se identificar assim e a reconhecer-se dentro de um campo importante de lutas, a perceber pertencimento. Nesse contexto, a gente sabia que deveria ser uma bienal que desse visibilidade a essa vontade de mudança, a pessoas e existências tradicionalmente escondidas. Como escreveu Kael Vitorelo para a exposição Resistências, que vai ocupar uma das salas do MUMA a partir do dia 7, “‘Resistir’, não porque é a via mais estratégica, tampouco pela conveniência, mas sim porque é possível e porque é potente. ‘Resistir’ é urgente porque é a última via possível antes de deixar de existir – para a população negra, indígena, LGBT+, deficiente, neurodivergente, para as mulheres, e tantos outros grupos que foram e continuam sendo perseguidos”.     

Material de divulgação da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba (Divulgação)

E como esse tema guiou a escolha dos convidados da edição?

MC: Assim, a gente começou a pensar, a princípio, em pessoas que vêm trabalhando a partir dessas questões, e daí foi um grande quebra-cabeça para variar bastante estilos, formas de fazer e, ao mesmo tempo, pensar conversas possíveis entre as convidadas. 

DP: A gente queria ter convidados que pudessem refletir a efervescência da nossa cena de quadrinhos em uma de suas principais características, que é essa pluralidade – nascida a partir de uma série de fatores que escancararam pro debate público que os padrões dominantes eram sufocantes não só pros indivíduos que não se encaixavam neles, mas pra nossa potencialidade enquanto corpo social. A ideia era ter esses integrantes do cenário de quadrinhos alinhades a essa visão nos seus discursos, nas suas obras, e até mesmo na afirmação de sua existência (visto que esse recrudescimento social tão violento visava muito claramente o apagamento literal dessas existências divergentes). A gente espera com isso celebrar a contínua evolução da nossa cena quadrinística e também as potências dessa expressão como forma de pensar o mundo que nos rodeia.

Vocês também podem falar, por favor, sobre a escolha da Lilian Mitsunaga como homenageada do evento? Quais vocês consideram as principais contribuições dela para os quadrinhos brasileiros?

MC: A partir desse contexto de tornar visível o invisível, pensamos bastante nas questões de trabalho no quadrinho: os eventos de quadrinho já existem para mostrar que a história pronta, seja em livro, revista, web, têm alguém de carne e osso que realiza. Que envolve pessoas reais e não é algo mágico. E um dos trabalhos mais elaborados porém invisível na cadeia de produção de uma história em quadrinhos é a letra, o letreiramento. Nesse contexto, é de se admirar que a Lilian acumula quatro décadas de carreira e é uma das profissionais mais requisitadas no meio, tendo iniciado sua carreira em gibis Disney, fazendo letras à mão, e hoje recria e cria letras digitalmente. Além disso, seu trabalho é justamente o de deixar visível algo invisível: a escrita deixa a palavra visível, e o quadrinho é uma das linguagens que mais valoriza a visualidade do texto.  

DP: A Lilian é uma das profissionais mais relevantes do nosso meio, de um talento ímpar e que não só deixou sua marca como profissional, como acompanhou como poucos o desenvolvimento de uma fase muito importante do nosso mercado –  e fez quarenta anos de carreira em plena pandemia. A gente sentiu que ela não tinha recebido a devida reverência diante desse fato, e espera poder contornar um pouco isso com essa merecidíssima homenagem da Bienal.

“As verdadeiras (r)evoluções não vêm sem alegria”

O cartaz assinado pela quadrinista Ilustralu para a 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba (Divulgação)

A Bienal de 2023 será a primeira pós-Bolsonaro e pós-pandemia. Qual o significado disso para vocês?

MC: Também é a primeira Bienal pós meu primeiro filho. A gente conversou muito sobre essa ideia de renascimento, de reunir-se e abraçar-se depois de tanta tristeza. Dessa vez, vou acabar não indo por conta de questões dele, mas ainda me imagino abraçando os amigos no gramado do MUMA sem nem pensar no que passou. 

MT: Apesar das sequelas deixadas pelo desgoverno e pela Covid-19 nós conseguimos nos unir pra fazer um grande evento. É difícil traduzir em palavras a magia que acontece no “ao vivo”. Emocionante e gostoso demais.

DP: É uma grande catarse, desde os primeiros eventos do ano passado que tudo tem sido uma grande catarse – de redescobrimento do coletivo, do estar junto, e de poder agora ver ao menos uma luz ali na frente, uma tentativa de contenção da barbárie. Acho que, no fim das contas, tudo remonta mesmo ao tema desse ano: a gente existe, a gente resiste e a gente quer muito brigar por tudo isso – mas também celebrar, porque as verdadeiras (r)evoluções não vêm sem alegria.

A Bienal e o FIQ têm suas feiras e espaços de venda, mas me parecem eventos mais voltados para a reflexão e o debate. Qual vocês acreditam ser o papel de encontros do tipo em um ambiente cada vez mais centrado em consumo e colecionismo?

MC: A Bienal e o FIQ são pensados em torno do debate e também da gratuidade. Acreditamos que sejam, principalmente, eventos formadores, tanto para criar novos leitores como para ajudar futuros autores. É uma questão já bastante debatida em outras áreas, de que não adianta um megaevento em que se venda muito bem se não se forma a base que vai sustentar essa cena para além do megaevento. Sem contar quando um evento tipo Olimpíadas ou Copa do Mundo não implicam investimentos que acabam tirando espaço de outros eventos ou outras áreas. Por exemplo, a Bienal conta com verba de editais públicos e do investimento dos próprios autores que trazem seu material para a feira. Ela cresceria muito com apoio de editoras, por exemplo, mas muitas preferem alocar suas forças nos megaeventos, como se eventos do tipo da Bienal fossem menos atrativos para suas estratégias de marketing. Mas a professora que vai indicar o livro de quadrinhos tal na escola não consegue ir ao megaevento, ela vai em um evento gratuito como o FIQ e a Bienal, é algo que funciona a médio e longo prazo, dá sustentabilidade para além dos algoritmos das lojas virtuais… Assim, agradecemos muito aos autores e editoras que estão apoiando a Bienal, pois entendem a importância desse evento para a sustentabilidade da cena. E é bom lembrar que o FIQ realiza atividades para além do evento, assim como a Bienal que, com o projeto Brasil em Quadrinhos, vem levando autores brasileiros para terras estrangeiras, um trabalho de diplomacia que já resultou em publicações de autores nacionais no exterior, além da circulação de exposições no Brasil também. E todos esses exemplos, da professora que indica o livro para a biblioteca da escola à venda de direito autoral também significam economia fortalecida para além de um evento pontual.

Foto da exposição na edição de 2018 da Bienal de Quadrinhos de Curitiba (Divulgação/Flavio Rocha)
Cinema / HQ / Séries

Vitralizado #131: 08.2023

E aí! Vou correndo por aqui porque setembro chega frenético. Logo mais tô indo para a Bienal de Quadrinhos de Curitiba e ainda tenho uns posts planejados para antes do evento. Em agosto escrevi sobre um dos meus projetos preferidos de quadrinhos em 2023 e entrevistei um dos autores que mais admiro. Ainda tiveram fotos do lançamento do meu livro em São Paulo e mais uns trem massa que achei por aí. Saca só o sumário do Vitralizado em agosto de 2023:

*Compartilhei as fotos do evento de lançamento de Vitralizado – HQs e o Mundo (MMarte) na Ugra, em São Paulo. Cê viu? Foi demais, cara;

*Deixei por aqui o link da programa de 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba, chamando atenção para as minhas atividades no evento. Nos vemos por lá?;

*Escrevi sobre A Última Enciclopédia, projeto lindo do Rafael Sica com o pessoal do estúdio Caderno Listrado. Você lê o meu texto clicando aqui e a íntegra da minha entrevista com o Sica você confere aqui;

*Viu esse cartaz aqui que o Adrian Tomine fez para a adaptação de Shortcomings?

(No abre, detalhe da arte do quadrinista Fábio Zimbres para a capa de Vitralizado – HQs e o Mundo)

>> Veja o que rolou no Vitralizado #130 – 07.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #129 – 06.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #128 – 05.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #127 – 04.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #126 – 03.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #125 – 02.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #124 – 01.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #123 – 12.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #122 – 11. 2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #121 – 10.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #120 – 09.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #119 – 08.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #118 – 07.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #117 – 06.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #116 – 05.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #115 – 04.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #114 – 03.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #113 – 02.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #112 – 01.2022.

HQ

Confira a programação da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba

Já viu a programação da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba? Clica aqui para conferir. O evento rola entre os dias 7 e 10 de setembro, no Museu Municipal de Arte (MuMA) da capital paranaense, com o tema Resistências, Existências: Quadrinhos e Corpos Plurais. A curadoria é de Mitie Taketani (proprietária da Itiban Comic Shop), Maria Clara Carneiro (pesquisadora, tradutora, professora da Universidade Federal de Santa Maria e uma das organizadoras do Prêmio Grampo) e Dandara Palankof (tradutora, editora e coeditora da Revista Plaf).

Sou um dos convidados do evento, ao lado de um monte de gente incrível (confere aqui a lista completa). No dia 7, às 11h, vou falar sobre a minha relação com HQs, jornalismo cultural e a produção do meu livro, Vitralizado – HQs e o Mundo (MMarte). Depois (dia 7, às 18h) converso com Dandara Palankof, Gabriela Borges e Mariana Viana (com mediação de Luciana Melo) sobre jornalismo especializado em histórias em quadrinhos. Aí dia 8, 17h30, rola uma sessão de autógrafos do meu livro. Encerro minha participação no dia 9, sábado, às 19h30, entrevistando Marcelo D’Salete junto com a deputada federal Carol Dartora (PT-PR).

Resumi aqui embaixo para ficar mais fácil procê, ó:

-Dia 7 de setembro (5a), 11h: Vitralizado: Jornalismo cultural, HQs e o Mundo;
-Dia 7 de setembro (5a), 18h: Gibi em pauta: jornalismo de quadrinhos (com Dandara Palankof, Gabriela Borges, Mariana Viana e Ramon Vitral. Mediação de Luciana Melo);
-Dia 8 de setembro (6a), 17h30: sessão de autógrafos;
-Dia 9 de setembro (sábado), 19h30: A História em Quadrinhos: Mukanda Tiodora por Marcelo D’Salete (com Marcelo D’Salete e mediação de Carol Dartora e Ramon Vitral).

No abre, a o cartaz de Ilustralu para a 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Aqui embaixo, o cartaz assinado por Karmaleão):

Entrevistas / HQ

Papo com Rafael Sica, autor de A Última Enciclopédia: “Na hora de desenhar tudo se transforma”

Conversei com o quadrinista Rafael Sica sobre A Última Enciclopédia, coleção de gravuras publicadas por ele em parceria com o ateliê e estúdio de impressão em serigrafia Caderno Listrado. Transformei o papo em texto exclusivo aqui do blog, falando sobre a origem e o desenvolvimento do projeto. Compartilho agora a íntegra da minha entrevista com o autor, na qual também perguntei sobre outros trabalhos recentes dele – como os infantis Ninguém Dormia (OZé) e Satã Amigo das Crianças Boas (Veneta), em parceria com Allan Sieber. Papo massa, saca só: 

“Fiz muito trabalho de escola usando enciclopédias”

Você pode me contar um pouco das origens da Última Enciclopédia? Como esse projeto teve início?

A Última Enciclopédia vem de um lugar muito confortável para mim. O lugar da narrativa. Sempre que abro o exemplar de alguma enciclopédia eu passo primeiro os olhos pelas ilustrações que, geralmente, são riquíssimas. Depois, a forma como essa narrativa do todo é contada, dividida em compêndios e organizada através do tempo de maneira tão tramada que nenhum fato ou curiosidade podem escapar. E eu passo um tempo ali, confortável, folheando uma enciclopédia.

Claro, hoje temos todo o conhecimento disponível nas redes, só que tudo tá ali de forma mais dispersa, mais apressada. A minha intenção, como gesto artístico, é resgatar esse formato de organização e investigação do conhecimento. Esse códex. A Última Enciclopédia é então uma reverência ao formato das antigas enciclopédias. Hoje me debruço sobre esse projeto sem nenhuma intenção científica, rigor técnico ou histórico profundo. Ela é apenas um objeto de arte e sugere contemplação e provocação.


Qual é a sua relação com enciclopédias? Você usou muito enciclopédias quando era mais novo? Você ainda tem enciclopédias em casa? Você tem alguma enciclopédia preferida?

Sim, fiz muito trabalho de escola usando enciclopédias. As enciclopédias também habitam esse lugar da infância e da juventude. Muitas delas carregam isso no nome, como Primeira Enciclopédia ou A Grande Enciclopédia da Criança, por exemplo. Acho que essas são as minhas enciclopédias preferidas, as primeiras enciclopédias. Para criança tudo é novidade e essas edições compreendem bem essa descoberta do todo pela primeira vez. Tudo ricamente ilustrado e explicado, como, por exemplo, “por que temos que mastigar com cuidado?” ou “por que crianças pequenas possuem cabeças grandes?”.

Aqui em casa tem muita enciclopédia, de todo o tipo. Genéricas e específicas. E também muito livro científico e técnico. Livro de mecânica, de desenho técnico, de eletrônica, de zoologia, de botânica e por aí vai. Eles são uma fonte muito rica de estudos e referências.


Você pode contar um pouco sobre as dinâmicas de produção de cada volume? Você tem algum ponto de partida em comum? Como você hierarquiza a disposição de cada imagem e conteúdo na página?

Primeiro tem essa dinâmica das assinaturas, das pessoas receberem um volume a cada mês e isso tem sido um desafio pra gente. Aproveito aqui para citar a Giuliana Teles, que cuida da logística do projeto, e o Daniel Barbosa, que produz as gravuras. A gente tem descoberto juntos a dinâmica da enciclopédia.

Sobre o desenho dos volumes, imagine que é muito material, afinal de contas se trata da história do todo. Primeiro, eu defini a ordem e os assuntos dos volumes. Depois, pensei em um formato de página que favorecesse a disposição das imagens. Eu desenho muito mentalmente antes de sentar e fazer, então tudo está planejado e, ao mesmo tempo, na hora de desenhar tudo se transforma, muda de lugar, coisas ganham prioridade e outras dão mais sustentação ao volume. As pesquisas de imagens e assuntos também são muito importantes e acontecem antes e durante a execução de cada página.

Tô mandando essas perguntas no dia que recebi o quarto volume da Última Enciclopédia aqui em casa. Em que pé você está agora na produção da série? Aliás, quanto tempo você demora mais ou menos na produção de cada volume?

Agora, tô iniciando o desenho do volume oito, que desvenda o universo das máquinas. Geralmente levo cerca de duas ou três semanas para desenhar cada volume. É muita pesquisa, muita experimentação e muito erro até me dar por satisfeito. Considero que esse tempo seja importante para que cada volume vá amadurecendo aos poucos e traga o mínimo essencial de cada assunto. Como falei anteriormente, é muito material e infelizmente muita coisa fica de fora. Sem dúvidas, A Última Enciclopédia vai virar um livro de umas 200 páginas. É muita coisa legal que teve de ficar de fora por conta do espaço.

“É importantíssimo errar”

Detalhes de A Última Enciclopédia, obra de Rafael Sica publicada pelo estúdio Caderno Listrado (Divulgação)


E quais materiais você usa?

Papel 220g, nanquim e bico de pena. E muito lápis e borracha.


Li uma entrevista sua para o Weaver Lima na qual você celebra o potencial dos erros e de restrições. Você se impôs alguma restrição na produção da Última Enciclopédia? Houve algum erro em particular durante a produção dessa série até agora que te levou para algum lugar que te agradou?

Acho que a maior restrição é o formato. Fazer caber ali o máximo de coisas, mas de forma harmoniosa. Outra limitação se deu pela escolha de figuras geométricas para diferenciar cada volume. Cada volume tem uma figura geométrica no centro e o desenho tem de caber ali. Erros foram muitos, muitos mesmo. Tudo começa planejado, tudo muito bem pensado para o erro poder agir. É importantíssimo errar porque só assim se abrem novos caminhos no desenho.

Nos últimos três anos você publicou Meu Mundo Versus Marta, Brasil, Ninguém Dormia, Satã Amigo das Crianças Boas e A Última Enciclopédia (esqueci algum?). São obras com propostas e linguagens muito diferentes. Tem trabalhos infantis, obras em parcerias com outros autores, títulos solo, quadrinhos, livros ilustrados,… Enfim, fico curioso: mudam muitas chaves na sua cabeça de obra para obra? Você tem dedicação exclusiva a cada uma ou se sente tranquilo produzindo mais de uma simultaneamente?

Não é questão de me sentir tranquilo produzindo simultaneamente, é questão de: é assim ou a coisa não acontece. Infelizmente não tenho tempo para fazer um projeto por vez. Então fica tudo ali gravitando sobre a minha cabeça, tenho vários caderninhos, um para cada projeto, vou anotando uma coisa aqui, outra a ali e assim vai. Apenas quando preciso sentar e desenhar pra dar forma à coisa é que me dedico exclusivamente. Quando vou desenhar preciso estar completamente sugado pelo assunto. Além desses projetos que você citou, entre outras coisas, tem mais um livro novo a caminho e também uma edição comemorativa do Ordinário, que deve sair em breve pela Cia. das Letras.

O que mais te interessa hoje em termos de histórias em quadrinhos? O que você mais gosta de ler em quadrinhos? O que você gosta mais de fazer com quadrinhos?

Há 20 anos, se você juntasse dez desenhistas ao redor de uma mesa de bar, dez desenhistas de renome, de respeito, profissionais mesmo, oito desses desenhistas seriam homens brancos. Hoje o quadrinho tem mais voz, é mais plural e, portanto, mais real. Gosto mais de quadrinhos hoje do que gostava há 20 anos.

A Última Enciclopédia, por exemplo, não é exatamente um quadrinho. Mas ao mesmo tempo poderia ser. Isso me agrada quando vou começar um novo projeto: essa dúvida sobre o que ele realmente é. O estranhamento é para mim algo fundamental. 

Detalhes de A Última Enciclopédia, obra de Rafael Sica publicada pelo estúdio Caderno Listrado (Divulgação)