Já esbarrei por aí com várias listas de sites estrangeiros apresentando uma primeira leva dos grandes quadrinhos publicados lá fora em 2016. Aliás, muita coisa de site americano, né? Patience tá sobrando, Paper Girls tá muito bem também, tem o Big Kids do Michael Deforge e o Panther do Brecht Evans é sempre citado. Daí tava aqui maquinando quais as grandes HQs publicadas no Brasil em 2016 até o momento. Não só os grandes quadrinhos brasileiros, mas tudo que saiu. Tô com uma impressão imensa que estamos numa ligeira ressaca de um 2015 com o combo FIQ+CCXP somada a uma crise econômica que não tá ajudando ninguém. E, caramba, como a Nébula faz falta.
Acho que tá cedo pra colocar qualquer coisa num ranking, mas passada a metade do ano começo a já cogitar algumas coisas grandes lançadas em 2016. De quadrinho nacional, por enquanto, meus preferidos são as séries Deusa e Século XXI da Laerte, o Bulldogma do Wagner Willian, a Topografias publicada pela Piqui e o Matadouro de Unicórnios do Juscelino Neco. Gosto bastante do Hinário Nacional do Marcello Quintanilha, mas é um trabalho que me soa mais como um caderno de experimentação, um entreato em seguida a Talco de Vidro e algo grande que ele provavelmente deixou pra 2017. Também destaco a coletênea Quadrinhos Insones, talvez o trabalho mais consistente do Diego Sanchez até o momento.
O Felipe Portugal também matou a pau com o quadrinho dele sobre suicídio e me deixou na seca por mais coisa nova do Eremita (a sério parou?). Os Quadrinhos dos Anos 10 do André Dhamer são excelentes. Dos que saíram, não li e tô bem curioso: O Mundo Segundo Jouralbo do Jouralbo Sieber com o Allan Sieber e mais um monte de gente foda, o Quadradinhas do Lucas Gehre e a Estranhos da Fefê Torquarto (dois que investi no Catarse e ainda não recebi minhas edições), e também a Hitomi que a Balão Editorial lança ainda nos próximos dias.
De nacional ainda vale mencionar a coleção Ugritos da Ugra, dos projetos editoriais mais simples e bem sacados dos quadrinhos brasileiros entre 2015 e 2016. O Paulo Crumbim e a Cristina Eiko também publicaram o quarto Quadrinhos A2, o Davi Calil finalmente lançou o aguardado Uma Noite Em L’Enfer, o pessoal da Beleléu publicou o Mini-infartos do Caio Gomez, o Guilherme Petreca publicou o lindo Ye e é digno de nota o trabalho de pesquisa do João Pinheiro e da Sirlene Barbosa em Carolina. De nacional, acho, esses foram os lançamentos que mais me chamaram atenção e que logo vieram à minha cabeça – certeza que esqueci de muita coisa e posso ser lembrado ali nos comentários.
Me parece que a tendência é que 2016 seja lembrado principalmente por muitas obras vindas de fora e relançamentos. A Veneta investiu em Coltrane, Ghetto Brother, Giovaníssima e Vida no Inferno. A editora ainda está republicando o Sopa de Lágrimas do Gilbert Hernandez – que tende a ser um dos meus preferidos no ano. A Mino investiu em Zonzo do Joan Cornellà, Fungos do James Kochalka e Shaolin Cowboy do Geof Darrow e republicou o Diabo e Eu do Alcimar Frazão. A Figura entrou no mercado com o Sheraz-De do Sérgio Toppi – um puta livro, hein? A Martins Fontes lançou o segundo volume de Uma Vida Chinesa e o belíssimo Jane, a Raposa e Eu. A Intrínseca publicou a continuação de Um Árabe do Futuro. Dizem que a Companha das Letras lançou o Reportagens do Joe Sacco – alguém aí já viu?
O trabalho da editora do Sesi – SP também está lindo, principalmente por suas publicações de obras européias. Ainda estou no aguardo de algo grande vindo da Nemo. Placas Tectônicas é legal e não gostei tanto assim de Uma Morte Horrível. Entre Umas e Outras é a publicação mais forte da editora pra mim até o momento. Ainda tô no aguardo dos trabalhos da Lucy Knisley e o GIGANTE Becoming/Unbecoming da Una, que tem tudo pra ser um dos grandes do ano caso realmente saia como foi prometido no final de 2015. Ah! Um que não li e é bem promissor: a Devir publicou o Agências de Viagens Lemming do José Carlos Fernandes – o cara é autor de A Pior Banda do Mundo e acho que merecia uma divulgação mais à altura do trabalho dele, não?
Quero saber de Patience por aqui. Sério que as editoras nacionais vão perder o timing do lançamento internacional do livro do Daniel Clowes? Não seria novidade: Here pode ser ‘o grande quadrinho publicado no Brasil em 2016′ caso a Companhia das Letras resolva lançar. O descaso com o Seconds do Bryan Lee O’Malley também é difícil de entender – será que ainda tá valendo aquela promessa dos editores pro autor de que o livro sairia por aqui em outubro?
E de super-heróis, o que tô perdendo? O Cavaleiro das Trevas 3 tá indo bem, tô na terceira edição e me divertindo, mas tá longe, muito longe, de chegar perto do primeiro e do segundo (eu gosto hehe). Tem muita coisa legal da Vertigo sendo republicada, principalmente Patrulha do Destino, Invisíveis e Tom Strong. Tô bem feliz com as edições da Panini pra Miracleman, mas queria saber o que será da série agora que terminou a fase do Alan Moore e chegou a do Neil Gaiman. De mangá tô curtindo o relançamento de Vagabond e aguardo 21st Century Boys pra ver como termina a saga escrita pelo Naoki Urasawa. E só tô falando de coisa boa por aqui, mas fica o registro: sério que vocês gostaram de One Punch-Man?
Há também algumas coisas que acho que estão pra sair e outras que torço pra que saiam, todas com grande potencial. Sei que o L.M. Melite publica a Tablóide ainda em 2016. Acho que a Julia Bax tem um livro do Proac pra entregar. O pessoal da Xula promete a segunda edição da revista desde o lançamento da primeira. O Pedro Cobiaco parou de vez a Bugalú? O Shiko lança mais um volume de A Boca Quente? O Felipe Nunes tem um trabalho previsto pra breve pelo Stout Club. Há novas Graphic MSP pra sair – não gostei muito do álbum do Papa-Capim, mas estou curioso com as próximas três (Bidu 2, Astronauta 3 e Mônica da Bianca Pinheiro). Tenho altas expectativas em relação ao quadrinho novo do Alexandre Sousa Lourenço (autor do sensacional Robô Esmaga) e também com o Mensur do Rafael Coutinho.
Putz, de cabeça é isso. Repito: certeza que esqueci muita coisa. Daí minha pergunta pra você: quais as grandes HQs publicadas no Brasil em 2016 até o momento?
É bem sério que eu gostei de One Punch-Man.
bom saber 🙂 vou insistir em mais umas edições então! abraço!
Os meus favoritos até o momento foram “Bulldogma” – que devo reler, mas que a primeira impressão me deixou completamente extasiado pela sua sagacidade e fôlego -, o “Fungos” e o “Shaolin Cowby”, apesar de ter achado o texto da introdução, mesmo muito divertido, um tanto de difícil de ler (na edição estrangeira também é assim?). E o Papa-Capim também não achei grande coisa.
ei Henrique! gosto dos seus favoritos tb!
o Shaolin não fez muito o meu estilo, mas acho uma boa HQ. sobre o tamanho da fonte na introdução: sim, ela é daquela mesma forma na edição original! acho que faz parte da proposta da história, me parece uma imensa provocação, um texto tão maluco quanto aquele monte de página com o monge matando zumbis hehe