Alexandre S. Lourenço e a produção da primeira edição da Série Postal 2018

Reúno aqui no Vitralizado a íntegra do depoimento do quadrinista Alexandre S. Lourenço para o site da Série Postal sobre os bastidores da produção da HQ assinada por ele para a coleção. Lourenço é autor de obras aclamadas como Você é Um Babaca, Bernardo​ (Mino), ​Robô Esmaga​ (JBC) e Boxe (La Gougoutte) e produziu para a Série Postal 2018 uma obra composta por 89 quadros no espaço de 10×15 cm do cartão postal. Confira a seguir, os comentários do artista sobre os bastidores de criação do gibi:

“Eu queria ver quantos quadrinhos eu conseguiria colocar no postal”

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“Eu peguei o postal feito pelo Pedro Cobiaco no ano passado. Um dos quadros dele é bem pequeno e eu dividi em quatro pra ter um ideia como ficaria impresso. Peguei esse quadro, já dividido, e multipliquei pra ver quantos conseguiria colocar no postal, 91 no total. Então a minha ideia inicial foi: eu quero fazer algo com a maior quantidade de quadros possível e que ainda fique legível, claro”

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“Eu queria um quadrinho que fosse uma história de fato. Eu queria uma história com início, meio e fim e que fosse mais do que um momento. Como o espaço é curto, alguns dos postais do ano passado acabaram focando no trecho de alguma coisa, mas eu queria algo mais extenso, aproveitando o tamanho do quadrinho. A ideia inicial foi essa”

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“Eu não sei muito bem como cheguei nessa história em particular… Eu queria tratar da relação entre pais e filhos. A minha ideia principal era essa e eu também gosto de super-heróis, mas nunca tinha feito nada com super-heróis. Não queria algo que fosse um quadrinho da Marvel, longe disso, mas gostaria que fosse algo nessa temática que eu gosto tanto”

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“A produção foi 100% digital, com muito zoom. Eu dava zoom in pra fazer o desenho e zoom out pra ver se ficava legível. E ficava trabalhando nessa forma, testando. Embora sejam 89 quadros, são poucos para o pedaço de história que eu queria contar. Fui testando e vendo o que funcionava ou não. Espero que tenha funcionado”

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“No ano passado, quando saiu a coleção de 2017 da Série Postal, eu fiquei com muita vontade de fazer por causa do espaço. Eu sempre tento pensar no espaço quando vou produzir uma página ou um quadrinho inteiro. Eu queria muito fazer por ser uma coisa mais rápida, uma página, no caso, e um espaço pequeno. Isso me motivou bastante. Não queria que fosse só um trecho ou um momento na vida de uma pessoa, mas que fosse uma história maior. Tentei fazer algo que funcionasse nesse espaço, então dividi o máximo de quadros que consegui e fui desenhando pequenininho lá dentro”

“Não sei como cheguei nessas cores do quadrinho, eu só fui fazendo. Na verdade eu não tenho nenhum processo consciente de cor. Vou testando até achar que ficou bonito. Como era tudo digital, eu cheguei a testar algumas cores, fui mexendo nas poucas ferramentas que conheço no Photoshop pra tentar dar essa uniformidade”

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“O primeiro quadrinho do Jason que eu li foi Werewolves of Montpellier, esse livro tem uma coisa de quebrar o tempo da narrativa que eu acho do caralho. O Jason dá umas quebras no tempo sem nenhum pudor. Ele corta a história e vai pro outro quadro, tudo num ritmo muito diferente do que eu estou acostumado. Uma coisa que eu pensei enquanto fazia o postal era tentar emular esse tipo de narrativa cortada: do super-herói lutando contra alguém, depois contra outro vilão, aí a mulher dele tá grávida, ela vai embora… Eu tentei investir nessa sequência mais rápida e o Jason foi uma das maiores influências pra esse quadrinho”

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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