A revista Ragu está de volta. Idealizada e editada por Christiano Mascaro e João Lin, a publicação teve oito números lançados entre março de 2000 (Ragu #0) e agosto de 2009 (Ragu #7), além de alguns spin-offs. A recém-lançada nona edição da revista (Ragu #8) reúne trabalhos de mais 40 artistas, convidados e editados por Mascaro e Lin na companhia dos jornalistas e pesquisadores Paulo Floro e Dandara Palakonf (também coeditores da revista Plaf).
Com capa assinada pelo artista gráfico alemão Henning Wagenbreth e publicada pelo Cepe HQ, a Ragu #8 é um dos mais importantes títulos e uma das mais belas publicações de 2021. A revista faz jus à história e ao legado de um das coletâneas mais celebradas das HQs nacionais. Aliás, sobre a história da revista recomendo a matéria A saga da revista Ragu, escrita por Dandara Palankof para a revista Plaf.
“A ideia era que as histórias refletissem o momento que vivemos, mas não queríamos impor”, me conta Mascaro sobre o pauta passada por ele e seus colegas de edição para os artistas convidados para a revista. “Não queríamos perder a liberdade característica da Ragu e nem queríamos uma edição panfletária, temendo histórias repetitivas. Também para evitar que ela eventualmente ficasse datada. Acho que acertamos”.
Mascaro respondeu às minhas perguntas junto com Lin, Floro e Palankof. Eles me contaram sobre as origens da Ragu, a produção e a curadoria dessa nona edição e o futuro da revista. Listo a seguir os nomes de todos os artistas participanto da Ragu #8 e, em seguida, a íntegra da minha conversa com os quatro editores. Saca só:
Aline Lemos, Aline Zouvi, Allan Sieber, Alves, Amanda Miranda, Ayodê França, Cau Gomes, Celso Hartkopf, Christiano Mascaro, Fábio Zimbres, Flavão, Flavush, Gabriela Güllich, Gomez, Greg, Guazzelli, Henning Wagenbreth, Jaca, João Lin, João Pinheiro, Julia Balthazar, Laerte Coutinho, Lalo, LoveLove6, Luiza Nasser, Mafé, Márcio Vieira, Mariana Waechter, Marília Marz, Miguel Carvalho, Miguel Moura, Nuno Sousa, Puiupo, Rafael Coutinho, Rafael Sica, Raoni Assis, Raul Souza, Rogi Silva (autor da arte que abre o post), Samuca, Silvino e Taís Koshino.
“Precisamos de válvulas de escape que carreguem criticidade e que nos permitam abstrair sem perder a noção do que se passa”
A nova edição da Ragu tem início com a reprodução de dois parágrafos da escritora Toni Morrison sobre o papel da arte em um mundo machucado e sangrando. A revista está sendo publicada pouco depois do Brasil passar a marca de mais de 500 mil mortos de COVID-19, em meio ao governo fascista de Jair Bolsonaro. Qual vocês consideram o papel de uma publicação como a Ragu dentro desse contexto?
João Lin: Considero que seja o mesmo papel de todo e qualquer coletivo que esteja antenado com o tempo que estamos vivendo e que acredite num Brasil democrático, com o mínimo que se deve esperar de uma democracia: a manutenção dos direitos básicos, segurança alimentar, educação de qualidade, saúde gratuita para a população e políticas públicas que garantam igualdade de direitos para os grupos historicamente excluídos e marginalizados.
Paulo Floro: Concordo com Lin que o momento atual pede que todos os artistas que acreditam na democracia tragam alguma contribuição para esse embate contra o fascismo. Não é um momento comum. O que me deixa realmente feliz é ver que a Ragu 8 poderá servir como um documento importante do papel dos quadrinhos de discutir questões urgentes a partir da sensibilidade e talento de artistas incríveis. São registros que nos ajudarão a compreender esse Brasil de hoje daqui muitos anos no futuro.
Christiano Mascaro: Toni Morrison escreveu esse texto quando Bush filho assumiu a presidência. Imagina, ia piorar bem ainda. Estamos passando por um período já longo de muitas dores. O Brasil mergulhou numa crise política, institucional e econômica antes da pandemia, que só veio agravar e evidenciar essa condição em que nos encontramos. Precisamos de “válvulas de escape” que carreguem criticidade e que nos permitam abstrair sem perder a noção do que se passa. Mais do que isso. Que nos auxilie no entendimento dessa sandice toda e nos tire desse torpor.
Dandara Palankof: Acho que a Ragu sempre teve uma perspectiva política porque fazer arte como Mascaro e Lin se propõe sempre acaba levando a isso de uma forma ou de outra (as histórias do Menino de Rua Gigante são um exemplo muito claro). Quando essa Ragu começou a ser gestada ainda nem tínhamos chegado ao início da pandemia no Brasil (chegamos até a nos encontrar presencialmente antes disso), mas o desastre da atual presidência já era uma nuvem sobre as cabeças de todo mundo – até porque a gente vem nesse descalabro desde 2016. Então creio que a vontade de refletir sobre o estado das coisas acabou sendo meio natural, de tentar exorcizar um pouco esse nosso estado de exceção.
Eu queria voltar lá atrás e saber mais sobre as origens da Ragu. Vocês podem contar um pouco sobre o ponto de partida da revista? Como ela teve início? Qual era a proposta inicial de vocês com a Ragu?
Lin: A Ragu surgiu principalmente da nossa necessidade de publicar nossas histórias, ilustrações, cartuns, e de ver nas bancas uma revista de quadrinhos autorais, coisa que era rara nos anos 2000 quando fizemos a primeira edição da revista (número zero). Ter uma publicação que “mirasse” na produção nordestina de quadrinhos também era nossa intenção, visto que era raro autores da região publicarem em revistas “nacionais”.
Mascaro: As primeiras conversas sobre a Ragu acho que ocorreram em 1998, 1999. Ela saiu em 2000. Era um cenário em que o quadrinho estava muito em baixa. Mesmo o quadrinho mainstream estava sendo pouco publicado. Acho que o que resume bem nossa motivação original, e meio que ela segue como bússola, era fazer uma revista de quadrinhos que queríamos ver nas bancas (ainda existiam bancas). Nossa ideia também era a de publicar autores e introduzir outras vozes que estivessem fora do eixo Rio-São Paulo. Não era uma voz com sotaque necessariamente, apenas novos autores contando histórias próprias. À medida que ela passou a ser publicada ela foi ganhando público fora do Recife e aos poucos ampliamos nosso leque de colaboradores. Foi um processo natural de expansão do nosso alcance, tanto com leitores como colaboradores.
“Considero a produção dos quadrinhos hoje mais inventiva”
E quais vocês consideram as principais diferenças, os maiores contrastes, entre o mercado brasileiro de quadrinhos da época da estreia da Ragu e o cenário atual, no qual a revista está voltando?
Lin: A quantidade de quadrinhos publicados (falo de quadrinhos independentes) era muito menor e a diversidade também. A possibilidade de publicar um livro de quadrinhos, uma história longa por uma editora era bem menor naquele cenário. Também considero a produção dos quadrinhos hoje mais inventiva, mais criativa, mais ousada, com um pé na realidade e muita liberdade para divagar e recriar mundos.
Mascaro: Naquela época não tinha um mercado propriamente. Isso é um exagero e uma verdade ao mesmo tempo. De quadrinho nacional podemos dizer que não tinha mesmo (mercado). É algo muito recente. Essa pulsão de hoje é inédita. Ela é profundamente estimulante e inspiradora. O quadrinho brasileiro não só é compatível com o que se produz fora – mas é dos mais interessantes.
Por que voltar com a Ragu hoje? Como esse projeto teve início?
Lin: Desde a edição 7 da revista, fizemos algumas tentativas de retorno buscando financiamento via editais públicos, mas não tivemos sorte. Nunca paramos de buscar alternativas para editar a Ragu. Essa edição é resultado dessas tentativas..
Mascaro: Na verdade a gente nunca quis parar. Durante todo esse tempo aplicamos o projeto nas Leis de Incentivo a Cultura, ano a ano, mas nunca mais fomos contemplados. Ano passado conseguimos aprovar nosso projeto com a Cepe, que tinha criado um selo de quadrinhos e acolheu a Ragu.
“Nossa ideia foi estender a experiência da colaboração para a edição”
Por que chamar o Paulo Floro e a Dandara Palankof para coeditar esse novo número da Ragu?
Lin: Temos muita afinidade com Paulo e Dandara, quando vimos a Plaf já nos identificamos com a forma deles pensarem quadrinhos. A nossa aproximação foi se dando nas conversas sobre quadrinhos, nos espaços de reflexão sobre a produção gráfica-visual e na instigação para a criação de ações como festivais e mostra de quadrinhos e ilustração aqui em Recife. Essa parceria na edição também abria a possibilidade da Ragu chegar junto de autores e autoras dessa nova geração.
Mascaro: Nossa ideia foi estender a experiência da colaboração para a edição. Queríamos trabalhar junto com a Plaf, revista que admiramos e respeitamos. Carol não pôde porque estava terminando o doutorado. Paulo e Dandara são peças importantes para a qualidade que essa edição traz. Seus insights, ponderações e curadoria enriqueceram muito o produto final.
Paulo e Dandara, o que representou para vocês trabalhar nessa nona edição da Ragu? Quais vocês consideraram o maior desafio desse projeto?
Floro: Pra mim foi uma honra participar desse projeto, pois a Ragu sempre foi uma referência importante pra mim desde que comecei a cobrir e acompanhar quadrinhos. Quando criamos a Plaf pensamos logo de cara em trazer uma reportagem histórica sobre a Ragu como forma de recuperar um legado que consideramos importante para os quadrinhos brasileiros, mas sobretudo para a cena artística aqui do Nordeste. O desafio para esta nova edição foi conectar o espírito inovador das primeiras edições da Ragu com este novo número, mas acho que conseguimos isso com a seleção de autoras e autores deste novo número. Essa seleção tem a cara da Ragu ao mesmo tempo em que insere a revista no contexto desse cenário atual dos quadrinhos, que é bem mais instigante e prolífico que no início dos anos 2000.
Dandara: É o tipo de coisa que nunca imaginei que um dia faria, que estaria contribuindo em um projeto como esse, que significa tanta coisa, que tem tanta história. Eu até alguns anos era só uma leitora e entusiasta, às vezes acho até meio surreal. Acho que Paulo sintetizou bem, talvez o maior desafio tenha sido esse de pensar o que poderia ser essa nova Ragu, nesse momento do quadrinho brasileiro, nesse contexto sociopolítico. Mas a proposta que então Lin e Mascaro botaram na mesa pra essa edição foi perfeita nesses aspectos, a partir daí foi só uma questão de ir dando forma a ela.
Queria saber como foi a dinâmica entre vocês na edição. Como foi esse trabalho em equipe? Como vocês distribuíram as funções de cada um?
Lin: Não pensamos antecipadamente como se daria o trabalho na edição, fomos construindo de maneira espontânea à medida que as demandas iam surgindo. As indicações dos nomes para a edição eram colocadas na mesa e todos juntos avaliávamos até chegar a um consenso. A relação/interação com os autores e autores se deu a partir da proximidade com os/as colaboradores/as. Cada um de nós se responsabilizou por um grupo de autores/as com os quais tínhamos maior afinidade.
Mascaro: Além de todos opinarem em tudo, dividimos por cada editor um número de colaboradores e a administração dessa troca (fazer contato, encaminhar e receber burocracia, acompanhamento da produção, etc). Tudo foi muito orgânico. Discutíamos sobre o que recebíamos e lapidamos juntos essa edição. Diogo, além de participar dessas discussões, foi nossa ponte na dinâmica com a editora. Eu também fiquei responsável pelo design – sugerindo a sequência das histórias para dar o ritmo da revista.
“A ideia era que as histórias refletissem esse momento que vivemos”
Vocês estabeleceram algum filtro ou recorte editorial para os trabalhos publicado nessa Ragu #8? Qual foi a encomenda feita por vocês aos artistas que participaram da revista?
Lin: Nós estabelecemos um tema/guarda-chuva que orbitava em torno da ideia de engajamento e posicionamento político diante do momento que vivemos. Apesar disso a liberdade nas abordagens tinha que ser garantida e até estimulada, assim garantimos uma diversidade de olhares e percepções ampla e sem restrições para a criação e experimentação. Acho que isso sempre foi presente na Ragu. A encomenda foi feita para contemplar esse “grande tema”, mas estimulando a livre expressão sobre ele.
Floro: Inclusive nós decidimos evitar comentar muito esse tema em releases e na própria Ragu, pois queríamos que as HQs falassem por si. Acho que a seleção deixa isso bem claro, esse ativismo artístico a partir da experiência da linguagem dos quadrinhos.
Mascaro: Trabalhamos com o que chamamos de um “quase conceito” para a edição. Mandamos um texto sobre essa ideia para os colaboradores junto com o convite. A ideia era que as histórias refletissem esse momento que vivemos, mas não queríamos impor. Poderiam, claro, abordar de qualquer maneira. Diretamente, metaforicamente, sugerir ou ir direto ao ponto. Como quisessem. Os colaboradores também poderiam ignorar esse “quase conceito”. Não queríamos perder a liberdade característica da Ragu e nem queríamos uma edição panfletária, temendo histórias repetitivas. Também para evitar que ela eventualmente ficasse datada. Acho que acertamos. Ela é “quase temática”. Essa edição reflete o espírito do nosso tempo de maneira crítica, lúdica e estimulante. Também tem coisas completamente fora desse recorte. Esses “respiros” ajudaram a balancear a edição.
Dandara: E acho que no fim esse “quase tema” funcionou melhor do que se houvesse uma proposta, um conceito fechados, um briefing que direcionasse demais. As histórias são muito diversas, muito plurais em abordagens e estéticas. Mas para além de uma antologia que mostra os artistas sendo tão sinceros, por causa dessa liberdade, todas essas histórias meio que se entrelaçam em um outro plano, mas relações de causa e efeito vindas das estruturas nas quais se baseiam nossas relações e sistemas sociais. Creio que essa Ragu, em sua totalidade, acaba sendo uma bela representação disso que dificilmente poderia ser realizada de outro modo.
E como foi o trabalho de seleção dos artistas que participaram dessa nova Ragu? Quais foram os critérios de vocês? Por que chamar as pessoas que vocês chamaram?
Lin: Diversidade de olhares e de lugares de fala nos orientou nas escolhas. Além disso a “presença”, atuação, engajamento dos autoras e autores no momento atual com a sua produção gráfica nos ajudou nas escolhas.
Floro: A Ragu 8 deixa bem explícito o quanto a cena atual de quadrinhos no Brasil hoje é diversificada. E falo isso em todos os sentidos, tanto do ponto de vista dos interesses artísticos, das temáticas, identidades, origens, estilos…
Dandara: Todo mundo trouxe vários nomes e jogou na roda meio que tentando antever, a partir das características de cada um, o que possivelmente eles trariam pra compor o que acredito que todos queríamos que fosse um grande mosaico. Daí somos quatro com muitas intersecções, mas muitas diferenças – e esse era o objetivo, creio que a pluralidade da edição comece desde a pluralidade dos nossos olhares. E no processo de chegar a esses consensos, talvez o que guiasse foi o entendimento de que todos ali teriam algo de pujante a “dizer” (e coloco entre aspas pq obviamente a gente não tá falando só dos aspectos mais literais). E acho que que foi um objetivo cumprido, não creio que haja uma só página nessa edição pela qual o leitor passa passar batido.
“A pluralidade de maneiras de propor narrativas denota uma maturidade incontestável do nosso quadrinho”
Gostei muito da capa. Por que convidar o Henning Wagenbreth? Vocês fizeram alguma encomenda em particular para ele?
Lin: O trabalho do Henning dialoga com essa perspectiva crítica presente na Ragu e especialmente nesta edição. Além disso é um cara que tem uma relação com elementos da cultura nordestina como a literatura de cordel. Em 2018 ele fez uma grande exposição em Berlin que envolvia essas referências da literatura de cordel no trabalho dele e da xilogravura como elemento presente na sua produção gráfica, no seu desenho.
Mascaro: Tínhamos o desejo de convidá-lo há muito tempo. João conheceu ele anos atrás num evento em Porto Alegre, eu acho. E ajudou o Henning na pesquisa sobre cordel para uma exposição em Berlim. Quando conseguimos aprovar a edição o convidamos. Ele não seguiu, necessariamente, o “quase conceito” e fez uma capa linda. Ela tem muita força. Lembro que quando o convidamos ele respondeu: “se vocês acham que sou a pessoa certa eu topo”.
Mando essas perguntas às vésperas do lançamento da revista, imagino que a edição já esteja fechada. Qual balanço vocês fazem do resultado final desse oitavo número? O que mais surpreendeu cada um de vocês?
Mascaro: Gosto muito da edição. Acho que ela marca o retorno do projeto traduzindo de maneira contundente não só o momento que estamos passando, mas também o momento do quadrinho brasileiro. A pluralidade de maneiras de propor narrativas, muito distintas entre si, todas poderosas, denota uma maturidade incontestável do nosso quadrinho. Outro aspecto muito importante nessa edição é a presença feminina. Quando a Ragu começou era bem raro. Incrível como mudou rápido. Hoje elas são parte fundamental desse movimento no quadrinho brasileiro. É importante criar canais para essas novas narrativas – são muitos lugares de vozes que precisam ser contemplados. Acho que é isso que a Ragu sempre fez e acredito que continua fazendo.
“A cada nova HQ que chegava todos ficávamos impressionados”
Aliás, vocês podem, por favor, cada um, comentar algum dos trabalhos impressos publicado nesse retorno da Ragu que tocou ou chamou a sua atenção por algum motivo específico?
Lin: Gosto muito da forma direta, de como se implica explícitamente a Aline Zouvi na sua HQ. A simplicidade do seu desenho. Me toca forte também a melancolia e desencanto do olhar de Sica, o pôster é muito forte com aquele cenário desolador. Os trabalhos de Zimbres e Jaca tem a pegada experimental e nonsense que me instigam e que tem uma presença marcante na história da Ragu.
Floro: Todos os trabalhos ficaram incríveis, a cada nova HQ que chegava todos ficávamos impressionados. Eu gosto muito da experimentação que Aline Lemos faz com o próprio suporte das HQs através da colagem e do lambe-lambe. Mariana Waechter também me chamou atenção por sua HQ que tem um clímax e plot twist bem interessante. E também gosto dos trabalhos mais experimentais como Zimbres, Flavush, Luiza Nasser.
Dandara: Eu sei que pode parecer conversa de mãe que diz que não tem filho preferido, mas: todas. Sério. Todas. Por todas essas razões que a gente veio citando até aqui. E mesmo as histórias mais longas ainda são curtas, além das ilustras; e mesmo assim eu olho pra todas e vejo muita alma, muita entrega – e nisso incluo as páginas dos próprios Lin e Mascaro, que são dois monstrinhos. Acho que foi resultado da mistura do momento que a gente vive com a crença no projeto e na história da Ragu. Foi um privilégio enorme poder contar com artistas e obras nesse nível – e aproveito então pra agradecer mais uma vez a todos eles: obrigada por terem topado a empreitada, obrigada por esses trabalhos incríveis, obrigada por fazerem quadrinhos. A Ragu só existe por causa desse fogo. E falando nisso: obrigada a Lin e Mascaro (que são dois monstrinhos, já disse isso?) por nunca terem desistido de trazer a Ragu de volta. E obrigada por levar a gente pra junto pra participar desse momento.
Vocês têm planos para dar continuidade à revista após esse oitavo número?
Lin: Sim, estamos negociando com a Cepe a continuidade da Ragu (formato mix), mas também estamos com planos de outras publicações com o selo Ragu, como foi o caso da Ragu Cordel e da edição Domínio Público.
Floro: A ideia com essa parceria com a Cepe é manter a regularidade de uma edição por ano da Ragu.