Escrevi sobre A Vida de Pi na última edição do Divirta-se.
No início da adolescência, vivendo no zoológico de seus pais no Sul da Índia, Pi Patel seguia três religiões. Criado como hindu, ele se tornou muçulmano e também cristão. As crenças do protagonista de A Vida de Pi vinham das narrativas associadas a cada fé. Para gravar um roteiro sobre o poder das boas histórias, o diretor Ang Lee filmou um dos longas mais envolventes e imersivos do ano – indicado ao Globo de Ouro de melhor diretor, filme dramático e trilha sonora original.
Baseado no livro homônimo do escritor Yann Martel, lançado no Brasil pela editora Rocco, o filme conta a história de Pi após o naufrágio do navio que levava sua família e os animais do zoológico para o Canadá. Ele fica à deriva no meio do Oceano Pacífico, preso em um bote, acompanhado por um tigre.
Muito tempo depois, já no Canadá e com mais de 50 anos, Pi conta a um escritor como sobreviveu 227 dias na companhia do animal e como suas aventuras levarão seu interlocutor a acreditar em Deus. Com elementos fantásticos misturados a um enredo trágico, lembra histórias de vida de outros personagens célebres, como Forrest Gump e Benjamin Button.
Os 12 longas dirigidos por Ang Lee são de variados gêneros e temas. Vencedor do Oscar de direção em 2006 por ‘O Segredo de Brokeback Mountain’, ele também é responsável pelo polêmico ‘Hulk’ de 2002, com Eric Bana no papel do monstro. Em sua filmografia, ‘O Tigre e o Dragão’ é a produção que mais se aproxima de ‘Pi’, com seu apelo fantástico.
O diretor entra para o rol de cineastas que usaram o 3D de maneira eficiente, em função da trama. Dos filmes lançados no Brasil em 2012, apenas ‘A Invenção de Hugo Cabret’, de Martin Scorsese, fez uso da técnica de forma tão eficaz quanto ‘Pi’. Com a maior parte dos cenários e dos animais criados digitalmente, Lee alcança uma estética realista e encantadora, acompanhada por um elenco consistente – do protagonista e estreante Suraj Sharma à breve e essencial participação de Gérard Depardieu.