O Voo

Escrevi sobre O Voo pro Divirta-se.

Bastam cinco minutos de O Voo para você ter certeza que não gostaria do capitão Whip Whitaker (Denzel Washington) como piloto do seu avião. Ele acorda após uma noite mal dormida na companhia de uma comissária de bordo, bebe os restos da cerveja quente e cheira uma carreira de cocaína. Em seguida, assume o comando de uma aeronave que vai de Orlando a Atlanta. E a viagem proporciona ao espectador uma nova percepção do personagem: com uma manobra arriscada e um pouso forçado, ele salva a vida de 96 dos 102 passageiros.

O cenário retratado no primeiro terço deste filme de Robert Zemeckis (de ‘O Náufrago’) é arrepiante. A tensão criada pela postura do aviador é mínima se comparada à sequência de queda da aeronave. Whitaker é a única fonte de segurança para os passageiros – e para o espectador. O problema é que o clima não se mantem até o fim e o filme vai de um thriller emocionante a um melancólico drama sobre alcoolismo.

Apesar disso, o trabalho notável de Denzel Washington (indicado ao Oscar de melhor ator) como um homem assombrado por seus feitos e a presença de ótimos coadjuvantes evitam um desenrolar tedioso para ‘O Voo’ – que também concorre ao Oscar de melhor roteiro. Após o acidente, o piloto passa a conviver com uma viciada que conheceu no hospital e com o medo de ter a alta taxa de álcool e drogas em seu sangue diretamente relacionada à tragédia. Um advogado (Don Cheadle) tenta afastar Whitaker de problemas, enquanto um amigo traficante (John Goodman) mantém os vícios bem abastecidos.

Desde 2000, quando lançou ‘Náufrago’, Zemeckis dirigiu três animações infanto-juvenis. Seus trabalhos prévios são lembrados pelo bom humor. A trilogia ‘De Volta para o Futuro’, ‘Uma Cilada para Roger Rabbit’ (1988) e ‘Forrest Gump’ (1994) são filmes muito bem resolvidos em relação às suas abordagens. Como uma tensa história de ação, ‘O Voo’ cumpre seu papel ao longo dos primeiros 40 minutos. Depois disso, o que se vê é um drama piegas que pouco acrescenta à filmografia do diretor.

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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