O Matias escreveu sobre a proximidade da 6ª temporada de Mad Men e fiquei pensando na comparação que ele fez entre Don Draper e Tony Soprano. Pra ele, o publicitário da avenida Madson tem “angústia e sofrimento interior quase nulos” e não é complexo como o gângster de New Jersey. Foi no ponto do que acho aproximar ainda mais as séries: a relação dos protagonistas com seus próprios sentimentos e suas percepções do mundo. Tony Soprano é o cara que exterioriza tudo, chegando ao ponto de tentar solucionar seus dramas com o simples assassinato de alguém ou buscando os conselhos de uma terapeuta. Aliás, esse auxílio médico faz Tony se sentir ainda mais culpado por estar rompendo com o padrão de macho-alfa concebido pelos mesmos idealizadores da estética do sonho americano. E aí entra Don Draper, o cara que internaliza todos seus dilemas e sofrimentos. Muito mais articulado que Soprano, mas incapaz de entender as mudanças em curso no mundo no começo dos anos 60 e as origens de suas insatisfações.
Também concordo com o Matias quando ele diz que ainda não dá pra ser tão enfático em relação a uma avaliação definitiva sobre Mad Men. Mas gosto muito da série e acho que ela tem potencial pra não deixar nada a dever à obra-prima de David Chase. Vi uns comentários no post do Trabalho Sujo com o pessoal questionando a falta de sentimentos de Don Draper. Sinto mó simpatia pelo cara, é carismático pra caramba, mas sua personalidade é realmente rasa. Na contagem regressiva pra estreia da 6ª temporada, deixo uma cena do oitavo episódio da primeira temporada que acho reveladora sobre a pouca profundidade de Dick Whitman.