E aí! Vou correndo por aqui porque setembro chega frenético. Logo mais tô indo para a Bienal de Quadrinhos de Curitiba e ainda tenho uns posts planejados para antes do evento. Em agosto escrevi sobre um dos meus projetos preferidos de quadrinhos em 2023 e entrevistei um dos autores que mais admiro. Ainda tiveram fotos do lançamento do meu livro em São Paulo e mais uns trem massa que achei por aí. Saca só o sumário do Vitralizado em agosto de 2023:
*Compartilhei as fotos do evento de lançamento de Vitralizado – HQs e o Mundo (MMarte) na Ugra, em São Paulo. Cê viu? Foi demais, cara;
*Deixei por aqui o link da programa de 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba, chamando atenção para as minhas atividades no evento. Nos vemos por lá?;
*Escrevi sobre A Última Enciclopédia, projeto lindo do Rafael Sica com o pessoal do estúdio Caderno Listrado. Você lê o meu texto clicando aqui e a íntegra da minha entrevista com o Sica você confere aqui;
*Viu esse cartaz aqui que o Adrian Tomine fez para a adaptação de Shortcomings?
(No abre, detalhe da arte do quadrinista Fábio Zimbres para a capa de Vitralizado – HQs e o Mundo)
>> Veja o que rolou no Vitralizado #130 – 07.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #129 – 06.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #128 – 05.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #127 – 04.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #126 – 03.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #125 – 02.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #124 – 01.2023;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #123 – 12.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #122 – 11. 2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #121 – 10.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #120 – 09.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #119 – 08.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #118 – 07.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #117 – 06.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #116 – 05.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #115 – 04.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #114 – 03.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #113 – 02.2022;
>> Veja o que rolou no Vitralizado #112 – 01.2022.
Posts na categoria HQ
Confira a programação da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba
Já viu a programação da 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba? Clica aqui para conferir. O evento rola entre os dias 7 e 10 de setembro, no Museu Municipal de Arte (MuMA) da capital paranaense, com o tema Resistências, Existências: Quadrinhos e Corpos Plurais. A curadoria é de Mitie Taketani (proprietária da Itiban Comic Shop), Maria Clara Carneiro (pesquisadora, tradutora, professora da Universidade Federal de Santa Maria e uma das organizadoras do Prêmio Grampo) e Dandara Palankof (tradutora, editora e coeditora da Revista Plaf).
Sou um dos convidados do evento, ao lado de um monte de gente incrível (confere aqui a lista completa). No dia 7, às 11h, vou falar sobre a minha relação com HQs, jornalismo cultural e a produção do meu livro, Vitralizado – HQs e o Mundo (MMarte). Depois (dia 7, às 18h) converso com Dandara Palankof, Gabriela Borges e Mariana Viana (com mediação de Luciana Melo) sobre jornalismo especializado em histórias em quadrinhos. Aí dia 8, 17h30, rola uma sessão de autógrafos do meu livro. Encerro minha participação no dia 9, sábado, às 19h30, entrevistando Marcelo D’Salete junto com a deputada federal Carol Dartora (PT-PR).
Resumi aqui embaixo para ficar mais fácil procê, ó:
-Dia 7 de setembro (5a), 11h: Vitralizado: Jornalismo cultural, HQs e o Mundo;
-Dia 7 de setembro (5a), 18h: Gibi em pauta: jornalismo de quadrinhos (com Dandara Palankof, Gabriela Borges, Mariana Viana e Ramon Vitral. Mediação de Luciana Melo);
-Dia 8 de setembro (6a), 17h30: sessão de autógrafos;
-Dia 9 de setembro (sábado), 19h30: A História em Quadrinhos: Mukanda Tiodora por Marcelo D’Salete (com Marcelo D’Salete e mediação de Carol Dartora e Ramon Vitral).
No abre, a o cartaz de Ilustralu para a 7ª Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Aqui embaixo, o cartaz assinado por Karmaleão):

Papo com Rafael Sica, autor de A Última Enciclopédia: “Na hora de desenhar tudo se transforma”
Conversei com o quadrinista Rafael Sica sobre A Última Enciclopédia, coleção de gravuras publicadas por ele em parceria com o ateliê e estúdio de impressão em serigrafia Caderno Listrado. Transformei o papo em texto exclusivo aqui do blog, falando sobre a origem e o desenvolvimento do projeto. Compartilho agora a íntegra da minha entrevista com o autor, na qual também perguntei sobre outros trabalhos recentes dele – como os infantis Ninguém Dormia (OZé) e Satã Amigo das Crianças Boas (Veneta), em parceria com Allan Sieber. Papo massa, saca só:
“Fiz muito trabalho de escola usando enciclopédias”
Você pode me contar um pouco das origens da Última Enciclopédia? Como esse projeto teve início?
A Última Enciclopédia vem de um lugar muito confortável para mim. O lugar da narrativa. Sempre que abro o exemplar de alguma enciclopédia eu passo primeiro os olhos pelas ilustrações que, geralmente, são riquíssimas. Depois, a forma como essa narrativa do todo é contada, dividida em compêndios e organizada através do tempo de maneira tão tramada que nenhum fato ou curiosidade podem escapar. E eu passo um tempo ali, confortável, folheando uma enciclopédia.
Claro, hoje temos todo o conhecimento disponível nas redes, só que tudo tá ali de forma mais dispersa, mais apressada. A minha intenção, como gesto artístico, é resgatar esse formato de organização e investigação do conhecimento. Esse códex. A Última Enciclopédia é então uma reverência ao formato das antigas enciclopédias. Hoje me debruço sobre esse projeto sem nenhuma intenção científica, rigor técnico ou histórico profundo. Ela é apenas um objeto de arte e sugere contemplação e provocação.
Qual é a sua relação com enciclopédias? Você usou muito enciclopédias quando era mais novo? Você ainda tem enciclopédias em casa? Você tem alguma enciclopédia preferida?
Sim, fiz muito trabalho de escola usando enciclopédias. As enciclopédias também habitam esse lugar da infância e da juventude. Muitas delas carregam isso no nome, como Primeira Enciclopédia ou A Grande Enciclopédia da Criança, por exemplo. Acho que essas são as minhas enciclopédias preferidas, as primeiras enciclopédias. Para criança tudo é novidade e essas edições compreendem bem essa descoberta do todo pela primeira vez. Tudo ricamente ilustrado e explicado, como, por exemplo, “por que temos que mastigar com cuidado?” ou “por que crianças pequenas possuem cabeças grandes?”.
Aqui em casa tem muita enciclopédia, de todo o tipo. Genéricas e específicas. E também muito livro científico e técnico. Livro de mecânica, de desenho técnico, de eletrônica, de zoologia, de botânica e por aí vai. Eles são uma fonte muito rica de estudos e referências.
Você pode contar um pouco sobre as dinâmicas de produção de cada volume? Você tem algum ponto de partida em comum? Como você hierarquiza a disposição de cada imagem e conteúdo na página?
Primeiro tem essa dinâmica das assinaturas, das pessoas receberem um volume a cada mês e isso tem sido um desafio pra gente. Aproveito aqui para citar a Giuliana Teles, que cuida da logística do projeto, e o Daniel Barbosa, que produz as gravuras. A gente tem descoberto juntos a dinâmica da enciclopédia.
Sobre o desenho dos volumes, imagine que é muito material, afinal de contas se trata da história do todo. Primeiro, eu defini a ordem e os assuntos dos volumes. Depois, pensei em um formato de página que favorecesse a disposição das imagens. Eu desenho muito mentalmente antes de sentar e fazer, então tudo está planejado e, ao mesmo tempo, na hora de desenhar tudo se transforma, muda de lugar, coisas ganham prioridade e outras dão mais sustentação ao volume. As pesquisas de imagens e assuntos também são muito importantes e acontecem antes e durante a execução de cada página.
Tô mandando essas perguntas no dia que recebi o quarto volume da Última Enciclopédia aqui em casa. Em que pé você está agora na produção da série? Aliás, quanto tempo você demora mais ou menos na produção de cada volume?
Agora, tô iniciando o desenho do volume oito, que desvenda o universo das máquinas. Geralmente levo cerca de duas ou três semanas para desenhar cada volume. É muita pesquisa, muita experimentação e muito erro até me dar por satisfeito. Considero que esse tempo seja importante para que cada volume vá amadurecendo aos poucos e traga o mínimo essencial de cada assunto. Como falei anteriormente, é muito material e infelizmente muita coisa fica de fora. Sem dúvidas, A Última Enciclopédia vai virar um livro de umas 200 páginas. É muita coisa legal que teve de ficar de fora por conta do espaço.
“É importantíssimo errar”

E quais materiais você usa?
Papel 220g, nanquim e bico de pena. E muito lápis e borracha.
Li uma entrevista sua para o Weaver Lima na qual você celebra o potencial dos erros e de restrições. Você se impôs alguma restrição na produção da Última Enciclopédia? Houve algum erro em particular durante a produção dessa série até agora que te levou para algum lugar que te agradou?
Acho que a maior restrição é o formato. Fazer caber ali o máximo de coisas, mas de forma harmoniosa. Outra limitação se deu pela escolha de figuras geométricas para diferenciar cada volume. Cada volume tem uma figura geométrica no centro e o desenho tem de caber ali. Erros foram muitos, muitos mesmo. Tudo começa planejado, tudo muito bem pensado para o erro poder agir. É importantíssimo errar porque só assim se abrem novos caminhos no desenho.
Nos últimos três anos você publicou Meu Mundo Versus Marta, Brasil, Ninguém Dormia, Satã Amigo das Crianças Boas e A Última Enciclopédia (esqueci algum?). São obras com propostas e linguagens muito diferentes. Tem trabalhos infantis, obras em parcerias com outros autores, títulos solo, quadrinhos, livros ilustrados,… Enfim, fico curioso: mudam muitas chaves na sua cabeça de obra para obra? Você tem dedicação exclusiva a cada uma ou se sente tranquilo produzindo mais de uma simultaneamente?
Não é questão de me sentir tranquilo produzindo simultaneamente, é questão de: é assim ou a coisa não acontece. Infelizmente não tenho tempo para fazer um projeto por vez. Então fica tudo ali gravitando sobre a minha cabeça, tenho vários caderninhos, um para cada projeto, vou anotando uma coisa aqui, outra a ali e assim vai. Apenas quando preciso sentar e desenhar pra dar forma à coisa é que me dedico exclusivamente. Quando vou desenhar preciso estar completamente sugado pelo assunto. Além desses projetos que você citou, entre outras coisas, tem mais um livro novo a caminho e também uma edição comemorativa do Ordinário, que deve sair em breve pela Cia. das Letras.
O que mais te interessa hoje em termos de histórias em quadrinhos? O que você mais gosta de ler em quadrinhos? O que você gosta mais de fazer com quadrinhos?
Há 20 anos, se você juntasse dez desenhistas ao redor de uma mesa de bar, dez desenhistas de renome, de respeito, profissionais mesmo, oito desses desenhistas seriam homens brancos. Hoje o quadrinho tem mais voz, é mais plural e, portanto, mais real. Gosto mais de quadrinhos hoje do que gostava há 20 anos.
A Última Enciclopédia, por exemplo, não é exatamente um quadrinho. Mas ao mesmo tempo poderia ser. Isso me agrada quando vou começar um novo projeto: essa dúvida sobre o que ele realmente é. O estranhamento é para mim algo fundamental.
Confira as fotos do lançamento de Vitralizado – HQs e o Mundo na Ugra, em São Paulo
Como já falei por aqui, a Ugra foi a minha segunda casa em São Paulo entre 2015 e 2019. Foram vários eventos, diversas mediações e muitas tardes na loja da Galeria Ouro Velho ao longo desses quatro anos. Então foi demais lançar meu livro, Vitralizado – HQs e o Mundo, por lá no último dia 29 de julho. Marcamos para as 16h o papo que antecedeu a sessão de autógrafos, mas bem antes já tinha um monte de gente massa no aguardo do evento. Deu para matar a saudade de um pessoal que não via desde antes da pandemia. Deixo aqui meu obrigado a todos que apareceram, mas principalmente ao Casal Ugra, Dani e Douglas, pela recepção de sempre. Valeu!
Compartilho a seguir algumas fotos que peguei com amigos que foram ao lançamento (valeu, André e Bernardo!) e algumas feitas com o meu celular. Saca só:
Rafael Sica fala sobre A Última Enciclopédia: “O estranhamento é para mim algo fundamental”
Talvez você não considere A Última Enciclopédia necessariamente uma história em quadrinhos. O próprio autor da obra, o quadrinista Rafael Sica, não a considera exatamente uma HQ, mas ele também não descarta a possibilidade de ser. O autor inclusive simpatiza com a dúvida, e a vê como um estímulo ao início de cada novo trabalho.
“O estranhamento é para mim algo fundamental”, me diz Sica, autor do álbum Meu Mundo Versus Marta, que tem roteiro do escritor Paulo Scott, e da série Ordinário. Ambos foram publicados pela editora Companhia das Letras.
A Última Enciclopédia é mais um fruto da parceria de Sica com o ateliê e estúdio de impressão em serigrafia Caderno Listrado. Juntos eles administram o site e criam os produtos da loja virtual do autor, além de já terem publicado o livro Brasil (atualmente esgotado).
Lançada mensalmente desde março de 2023, a Última Enciclopédia consiste em uma coleção de 10 gravuras de tiragem limitada. Cada volume tem um tema, todos voltados para a maior concentração possível do conhecimento humano, sempre com a arte delicada de Sica.
Os cinco primeiros volumes foram O Espaço, Planeta Terra, Fauna e Flora, Mares e Rios e A Pré-história. Entre agosto e dezembro serão publicadas: Civilização e Costumes, Nosso Corpo, As Máquinas, Ciências e Tecnologia e MItologia e Simbologia.

Sica fez muito trabalho de escola com enciclopédias e revela um carinho especial por obras do tipo voltadas para crianças: “Para criança tudo é novidade e essas edições compreendem bem essa descoberta do todo pela primeira vez. Tudo ricamente ilustrado e explicado, como, por exemplo, ‘por que temos que mastigar com cuidado?’ ou ‘por que crianças pequenas possuem cabeças grandes?’”.
Na Última Enciclopédia, Sica se propôs a celebrar, apenas com imagens, a narrativa estabelecida por ele durante suas leituras de enciclopédias, focando nas ilustrações e na hierarquização das informações. Ele ressalta não ter nenhum propósito científico ou histórico com o projeto. Seus objetivos maiores são celebrar um formato, sugerindo “contemplação e provocação”.
Ele refletiu sobre a iniciativa: “Temos todo o conhecimento disponível nas redes, só que tudo tá ali de forma mais dispersa, mais apressada. A minha intenção, como gesto artístico, é resgatar esse formato de organização e investigação do conhecimento. Esse códex”.
Nas cinco edições enviadas até agora para os assinantes da Enciclopédia, Sica ostentou todo seu virtuosismo narrativo, diversificando no design das páginas e ampliando o universo visual do projeto a cada novo volume. São cerca de duas e três semanas para desenhar cada painel após o término do período de pesquisas.
Sica me contou que a maior parte de seus estudos acabam descartados da edição final, mas não considera o trabalho em vão: “Sem dúvidas, A Última Enciclopédia vai virar um livro de umas 200 páginas. É muita coisa legal que teve de ficar de fora por conta do espaço”.

Shortcomings, por Adrian Tomine
Fica o registro: o Adrian Tomine assina a arte de um cartaz de Shortcomings, adaptação para o cinema dirigida pelo ator Randall Park do álbum homônimo do autor de Intrusos e A Solidão de um Quadrinho Sem Fim. Compartilho porque, cês sabem, acabo publicando por aqui quase tudo relacionado ao Tomine. Não encontrei informações sobre data de lançamento no Brasil (sei lá se esse tipo de filme ainda chega nos cinemas, chega?). Se alguém souber, me avisa.
Aliás, o Tomine já tinha feito artes de divulgação de Paris, 13º Distrito, adaptação de algumas das histórias de Intrusos dirigida pelo cineasta francês Jacques Audiard. Olha aqui e aqui.
Mais uma vez, aproveito a deixa para compartilhar os links de textos que escrevi sobre o Adrian Tomine (aqui e aqui) e de entrevistas que fiz com ele quando seus trabalhos foram lançados em português (aqui e aqui). Saca só o trailer de Shortcomings: