Escrevi pro Divirta-se sobre A Hora Mais Escura.
Os acontecimentos narrados nos instantes finais de A Hora Mais Escura são de conhecimento público. A operação que culminou no assassinato do terrorista Osama Bin Laden no dia 2 de maio de 2011, em território paquistanês, pautou os principais veículos de comunicação de todo o mundo. Já as estratégias da missão que encerrou quase dez anos de busca pelo homem mais procurado pelos Estados Unidos ainda são mantidas em sigilo: informações oficiais escassas foram divulgadas.
O plano original da diretora Kathryn Bigelow e do roteirista Mark Boal era filmar a fuga de Osama Bin Laden em uma batalha contra o exército americano no leste do Afeganistão, em 2001. Mas a morte do terrorista fez a dupla responsável por ‘Guerra ao Terror’ (2008) mudar de foco.
Destaque, então, para Maya, uma versão da agente da CIA responsável pelo plano que encontrou o esconderijo do líder da Al-Qaeda, interpretada com intensidade por Jessica Chastain. O filme mostra os percalços da jovem oficial do governo americano em um intervalo de oito anos, entre sua chegada à agência de inteligência e o encerramento de sua missão. De novata impressionada com as torturas na prisão de Guantánamo, ela se torna uma fria e experiente sobrevivente de atentados no Oriente Médio e da desconfiança política de Washington.
Indicado a cinco Oscar – incluindo melhor filme, atriz (Chastain) e roteiro –, ‘A Hora Mais Escura’ é pura tensão e expectativa. Sem imagens e com áudios registrados durante os ataques de 11 de setembro de 2001, os primeiros minutos do filme impressionam. Em seguida, os interrogatórios acompanhados de tortura são desconfortáveis como poucas produções ousaram ser – e Bigelow claramente expõe a tortura como fundamental para o sucesso da operação.
Mesmo o desfecho, já conhecido, é de prender a respiração, uma sequência de ação espetacular. Ao fim, o filme fica muito distante de ser apenas um simples entretenimento hollywoodiano e tende a marcar época como um memorável thriller político.