Escrevi pra edição de janeiro da Galileu sobre os principais lançamentos previstos para as salas de cinema em 2014. Conversei com um monte de gente legal sobre a transformação do calendário dos blockbusters e bati um papo com o ilustrador Mike Deodato sobre as grandes estreias da Marvel agendadas para os próximos meses. Só clicar nas páginas pra ver o pdf. Segue a matéria:
Agenda cheia
Questionado por público e crítica, o formato blockbuster tem lançamentos para quase todos os meses de 2014
O calendário de estreias dos arrasa-quarteirões de 2014 está definido, mas assombrado pela agenda do ano que vem. O Episódio VII de Guerra nas Estrelas chega aos cinemas dia 18 de dezembro de 2015 e será o primeiro filme da saga do clã Skywalker lançado fora do mês de maio. A estreia no final do ano que vem quebra um padrão estabelecido pelo próprio George Lucas com seu amigo Steven Spielberg nos anos 1970 — quando produziram Tubarão (1975) e o primeiro Guerra nas Estrelas (1977) — que concebeu o próprio conceito de blockbuster: apesar das estreias mais barulhentas de 2014 estarem previstas para maio, há grandes lançamentos de Hollywood espalhados por todo o ano, e não apenas concentrados no verão do hemisfério norte, como era a regra.
“Alguns dos filmes de 2013, que pareciam ideias originais e não eram baseados em livros ou quadrinhos e nem continuações, são muito fracos”, analisa o crítico de cinema da revista britânica Little White Lies, Adam Lee Davies. Para ele, o fracasso comercial de obras como Depois da Terra, Oblivion e Elysium deve explicar a tendência crescente de sequências e adaptações chegando às telas em 2014. Davies acha que há apenas um lançamento que foge deste padrão este ano: a ficção científica Interstellar, do diretor Christopher Nolan. “O enredo está sendo mantido em segredo, como o Nolan costuma fazer, mas parece tratar de viagem no tempo e universos paralelos e isso é promissor, visto o que ele fez em A Origem”, aposta.
A falta de originalidade predominante em Hollywood não é a única crise em vigência na indústria de cinema norte-americana. Em uma palestra realizada em junho do ano passado, George Lucas e Steven Spielberg previram o fim da era dos blockbusters e contaram estar passando por dificuldades para seguirem com seus projetos. Segundo eles, o conteúdo autoral de séries produzidas diretamente para a televisão e o crescimento da indústria de games são alguns dos elementos que estão contribuindo para a dúvida com relação ao sistema de produção e ao financiamento por parte dos grandes estúdios.
Para o editor-chefe da revista Rolling Stone, Pablo Miyazawa, as transformações citadas por Lucas e Spielberg estão inseridas em um cenário maior: “A TV e os games estão conseguindo compreender a demanda, decifrar o zeitgeist, melhor que as outras mídias. Mas não acho que o exemplo dessas mídias possa se aplicar a Hollywood”. Para ele, o cinema precisa se reinventar. “A tendência é que o cinema tenha que depender cada vez mais de artifícios como o 4D para atrair multidões e se diferenciar de outras experiências. A charada é como entregar esse tipo de recurso a um preço mais acessível, de modo que justifique ao consumidor sair de casa e gastar dinheiro.”
Além da terceira parte de O Hobbit, do terceiro Jogos Vorazes e X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, Miyazawa diz ter curiosidade em relação a Need for Speed, adaptação do jogo de corrida, e a versão para cinema do musical da Broadway Into the Woods, com Meryl Streep e Johnny Depp.
Outra tendência, de acordo com o crítico de cinema do site Omelete, Marcelo Hessel, é a garantia de pelo menos um blockbuster por estúdio. “Com a falta de dinheiro, muitos deles reduziram o número de filmes produzidos e a tendência é apostar nas franquias conhecidas”, explica. Em suas apostas para 2014, Hessel cita a nova versão de Godzilla, a continuação de Planeta dos Macacos e o novo capítulo da versão cinematográfica do Universo Marvel, Guardiões da Galáxia. “Os filmes-eventos vão continuar sendo os produtos já testados junto ao público e novamente teremos surpresas de bilheteria fora da curva, como Gravidade em 2013”, diz.
Também curiosa em relação ao novo X-Men, ao segundo Espetacular Homem-Aranha e Godzilla, a jornalista Ana Maria Bahiana crê que o formato de blockbuster tende a sobreviver graças ao público de outros países além dos EUA: “O modelo vai continuar enquanto mercados internacionais — como o Brasil — estiverem em expansão, aumentando o número de telas e trazendo a receita que ainda pode suportar o formato. Mas há um limite”
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Rumo ao espaço
Abril e maio seguem sendo meses mais concorridos para blockbusters. Em 2014, o período verá uma guerra entre os personagens da Marvel Comics nos cinemas. Dona dos direitos do Homem-Aranha nas telas, a Sony lança mais um filme do herói, a Fox reforça suas produções com os mutantes dos X-Men e o estúdio Marvel lança o segundo Capitão América (foto). Em agosto será a vez de Guardiões da Galáxia, também da Marvel. “Ver personagens que criei, como o Patriota de Ferro, ganharem vida nas telas é muito emocionante”, conta o ilustrador brasileiro Mike Deodato Jr. Desenhista da Marvel, ele aposta no filme do grupo intergalático como o destaque de 2014: “Vai ser o grande teste deles. Se conseguirem fazer sucesso com personagens tão desconhecidos, o estúdio ficará entre os maiores do mundo em termos de poder e influência, acredito”.
To lendo, lendo e achando que iria ler que os filmes voltariam a contar boas histórias, quando o cara da Rolling Stones me fala que a solução é partir para 4D!
Quer dizer, mais forma do que conteúdo, putz e o cara é especialista….
Não sei porque gastar tanta grana pra não contar uma história…
E olha que eu sou fã do quadrinhos e dos filmes deles, mas meu, Forest Gump ganhou oscar de efeitos especiais, com a parte das pernas contadas do tenente Dan e uma passagem do Forest com o Kenedy!
Agora, ve a história do Forest….