Já assistiu Junk Head 1? É uma das animações independentes mais legais que já vi. É uma ficção científica feita em stop-motion por um animador japonês ao longo de quatro anos. Isso aí, o diretor fez o negócio sozinho durante quatro anos. A ideia dele é produzir mais nove episódios, mas tudo depende do financiamento do segundo filme, que tá buscando verba via doações na internet. Conversei por email com o Takahide Hori, diretor do filme, pro site da Galileu. Meu texto tá aqui, mas assiste antes o curta de 30 minutos. Coisa fina.
O futuro de ‘Junk Head’
Ficção científica em stop-motion de 30 minutos foi produzida de forma independente ao longo de quatro anos
O artista japonês Takahide Hori gastou os últimos quatro anos produzindo sozinho a animação de 30 minutos Junk Head 1. Assim como acontece com muito realizadores independentes em busca de financiamento por grandes estúdios, o filme poderia servir como um cartão de visita para seu diretor. No entanto, Takahide Hori disse à GALILEU que só quer contar uma história. Lançado no final de 2013, o curta é apenas o primeiro de uma saga composta por outros nove episódios, com previsão de lançamento de um a cada dois anos.
Para começar a produção da segunda parte, ele está em busca de 100 mil dólares via financiamento coletivo na internet. No ar desde 31 de dezembro, a campanha reuniu até agora US$ 11,7 mil. Caso a meta não seja atingida, ele cogita dar por encerrada a empreitada.
“Não houve qualquer procura por parte de investidores”, conta o animador. “De qualquer forma, só vou optar por financiamentos que me permitam criar sem qualquer compromisso”, avisa. Especialista na produção de marionetes e brinquedos, Hori filmou Junk Head 1 inteiramente em stop-motion. Uma das técnicas mais rústicas e antigas de cinema, é a mesma utilizada em produções como O Estranho Mundo de Jack (1993) e Coraline (2009). “Usei computação digital apenas para criar fumaça, poeira e algumas imagens de telas de computadores”, explica o autor.
Autodidata, o diretor de 42 anos conta uma história ambientada em um futuro distópico no qual os homens se tornaram praticamente imortais, mas perderam a capacidade de reprodução. Os clones criados para servirem à humanidade se rebelaram e passaram a viver nos subterrâneos das cidades. O filme começa com o protagonista, um soldado humano, partindo rumo aos esconderijos dos clones para espionar seus inimigos.
“Eu basicamente reuni assuntos e temas que gostava e bolei uma história para acompanhar”, conta Hori. Segundo ele, sua principal influência e seu filme preferido é também uma distopia, Kin-Dza-Dza!. Lançado na então União Soviética em 1986, o filme de Georgiy Caneliya mostra dois humanos transportados para um planeta desértico em busca de uma forma para retornar à Terra. Da mesma maneira, Junk Head 1 apresenta o personagem principal tentando encontrar formas de cumprir sua missão e retornar à sua base.
“A última cena da série eu já tenho em mente e como chegamos até lá já está praticamente resolvido”, diz Hori. Para aqueles que investirem na continuação, o animador promete recompensas caso o filme seja realizado. A partir de cinco dólares, o colaborador ganha uma cópia em alta-definição do filme. Os valores são crescentes, até US$ 50 mil, e dão como recompensa cópias do storyboard, nomes nos créditos e os bonecos e cenários utilizados no filme, além de uma visita do animador para instalar as peças.