Tá em São Paulo? Tem planos pra 5ª (14/12)? Recomendo um pulo na Ugra pro lançamento de Síncope da Aline Zouvi. Trabalho muito bonito sobre o qual falei na minha matéria de 10 HQs brasileiras lançadas na CCXP 2017. O evento rola a partir das 18h e a Ugra fica na loja 116 do número 1371 da Rua Augusta, você confere outras informações lá na página do lançamento no Facebook. Aproveito a deixa pra reproduzir a íntegra da entrevista que fiz com a quadrinista pra minha matéria pro UOL. Ó:
Eu lembro de você distribuindo alguns dos seus zines na Comic Con Experience de 2016. Um ano depois, você vai estar na CCXP 2017 com uma mesa própria e lançando seu primeiro quadrinho. Quais são as suas expectativas pro evento?
Parece que faz bem mais de um ano desde a última CCXP! Ao longo de 2017 eu trabalhei bastante para evoluir como quadrinista, e tinha dúvidas se o perfil da CCXP enquanto evento combinaria com o tipo de quadrinho que produzo, que é visto como “alternativo”, por mais sem sentido que hoje esse termo pareça. Minha maior expectativa pro evento é poder fazer meu trabalho chegar a mais pessoas, e pra isso eu aposto na pluralidade do público que atenderá à Comic Con.
Qual é a origem da trama de Síncope? Você lembra do instante em que teve a ideia de desenvolver esse projeto?
Síncope narra um dia na vida de uma personagem com ansiedade, e esta trama vem do meu interesse em representar pessoas com patologias, sejam elas físicas ou mentais. Trabalhei com isso em Condição, série de ilustrações sobre artistas e suas patologias, e queria levar o tema mais adiante em uma HQ – é algo que quero fazer há anos, por isso não me lembro exatamente do instante em que a ideia surgiu. Tentei maturá-la o máximo de tempo que consegui, mas a vontade de desenvolver o projeto foi maior. Pensando em seu lado prático, digamos que passei pelo menos um ano trabalhando nesta HQ, desde a pesquisa por referências até sua entrega na gráfica.
Você pode falar um pouco da técnica utilizada por você na criação do projeto?
Ao longo das aulas de desenho com modelo vivo ministradas por Laerte e Rafael Coutinho em 2017, primeiro no espaço LAJE e, em seguida, no espaço BREU, ambos em São Paulo, tive a oportunidade de trabalhar com técnicas que não me eram muito familiares. O giz pastel oleoso era uma delas, e aproveitei as aulas para explorar as texturas e combinações de cor no momento de desenhar os corpos dos modelos. A liberdade de criação no momento das aulas me permitiu, depois de alguns testes, chegar a um uso de massas de cor que optei usar em Síncope para expressar momentos de ansiedade vividos pela personagem principal. O que me interessa no uso do giz pastel oleoso em quadrinhos é também a ampliação de técnicas consideradas não tradicionais para a produção de HQs – algo que pretendo continuar estudando.
Você tem sido presença constante em eventos de quadrinhos, seja como público ou expositora. O que você vê de mais interessante na atual cena brasileira de HQs?
Em 2017 busquei, de fato, participar do máximo possível de eventos de quadrinhos para entender melhor o que está sendo produzido hoje e como funciona a relação dos quadrinistas entre si, com o público e com sua própria produção. O que vejo de mais interessante na cena brasileira atual independente – que é de onde posso falar -, é a busca de quadrinistas por um aperfeiçoamento profissional cada vez mais significativo, em conjunto com a proliferação (muito bem-vinda, eu acredito) de feiras e eventos de quadrinhos focados em atender a diversidade (de forma e conteúdo) das produções feitas hoje – sem contar os diversos canais para divulgá-los, como o próprio Vitralizado, o Balbúrdia e o Papo Zine, para citar alguns.