Dessa vez vou precisar de uma introdução um pouco maior pra explicar o post. Não sei se todo mundo sabe quem é Dez Skinn, mas só pra resumir a conversa: caso ele não existisse, não teríamos lido V de Vingança e Miracleman, o Alan Moore provavelmente não seria o que é hoje e o mundo dos quadrinhos não seria o mesmo. No meio da década de 70, Skinn já tinha uma carreira consolidada como editor quando foi contratado pelo próprio Stan Lee pra administrar todo o conteúdo produzido pela Marvel no Reino Unido. Durante pouco mais de um ano ele editou os principais títulos da Casa das Ideias lançados em solo britânico e lançou a versão em quadrinho para Doctor Who. No entanto, os grandes feitos dele vieram em seguida à sua saída da Marvel, em 1980.
Antes de ir pra Londres eu já havia ouvido falar da revista Warrior e de sua importância para os quadrinhos britânicos. No entanto, apenas em Londres, nas convenções e exposições de hqs em que estive presente, consegui entender a real dimensão da admiração dos artistas e leitores pela revista e por seu editor. Ao sair da Marvel, Skinn fundou a Warrior, uma revista que durou apenas 26 números, publicada entre março de 1982 e janeiro de 1985. Ao criar a publicação, Skinn convidou escritores e desenhistas britânicos com quem já havia trabalhado na Marvel – como Steve Moore, John Bolton, Steve Parkhouse e David Lloyd. Depois vieram nomes também já estabelecidos no cenário, como Brian Bolland e Dave Gibbons. No entanto, o grande feito de Skin foi abrir as portas para jovens talentos, como Garry Leach, Alan Davis, Steve Dillon e um então desconhecido e jovem escritor e desenhista chamado Alan Moore.
Foi na Warrior que Moore começou a publicação de V de Vingança junto com David Lloyd e também onde saíram os primeiros número de Miracleman. Aliás, partiu de Skinn a ideia de dar uma nova vida ao clássico herói inglês – e, muito dizem, é dele a culpa pelo início de toda confusão envolvendo o personagem. Quando a Warrior chegou ao fim, Moore cortou relações com seu editor e disse não poder mais confiar em Skinn. Enfim, meu ponto é: apesar de todos os pesares, Dez Skinn tem importância incontestável na história dos quadrinhos. Seu trabalho como editor ajudou a moldar em definitivo os rumos da indústria de quadrinhos (e talvez também na cinematográfica, certo?). Escrevi pra ele pedindo um parágrafo para a seção “A melhor HQ de todos os tempos, hoje, para mim“. Bastante educado, ele me mandou uma resposta que eu não esperava:
Olá Ramon,
Obrigado pelo email. O seu projeto me parece fascinante.
Infelizmente eu não coloco os olhos em uma história em quadrinho há pelo menos dez anos e hoje trabalho apenas com revistas sobre filmes. Então não sou o melhor candidato pra escrever pra você.
Peço desculpas por não poder ajudar, mas desejo boa sorte.
Atenciosamente,
Dez Skinn