Publico por aqui a íntegra de mais um making-of de uma edição da Série Postal. No caso, são as falas da Bianca Pinheiro falando sobre a criação do quarto número da coleção. Lembrando que você tem acesso com exclusividade a esse conteúdo de bastidores primeiramente lá no tumblr do projeto – a mil e beirando nas 90 postagens em seu 5º mês de vida. Enfim, segue a íntegra do depoimento da Bianca Pinheiro sobre a produção da HQ:
“Eu não fazia a menor ideia do que eu ia fazer com o postal ao receber o convite pra participar. Fiquei um tempinho meio em pânico, porque depois que aceitei eu percebi que o postal era muito pequeno e que era difícil criar alguma coisa legal ali dentro. Na verdade fiquei bastante tempo cozinhando a ideia”
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“Fui convidada pra participar do projeto em setembro do ano passado e em metade de outubro, mais ou menos, eu tava lá em Salvador e tive a ideia pra história. Eu já vinha pensando em algumas coisas sobre ficção científica. Eu e o Greg [Bert, marido da artista] estávamos vendo muita ficção científica, tínhamos visto 2001 – Uma Odisseia no Espaço e depois Inteligência Artificial, estávamos com algumas coisas do tipo na cabeça. Era recorrente essa discussão sobre a relação entre robôs, andróides, ciborgues versus a humanidade. Na época também revi Inteligência Artificial e Prometheus, que trata um pouco sobre a busca pelo criador da humanidade, ele ficou muito na minha cabeça. Foi daí que veio o conceito do quadrinho”
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“Aí entendi o que queria fazer e acabei esboçando o quadrinho, como ficaria a página. Na hora que veio a ideia saiu rapidinho, foi mais difícil colocar ela concisa num negócio só do que ter a ideia em si. Criar dentro de um espaço tão pequeno é uma forma de dar uma exercitada na mente, suponho. Tô acostumada a ter páginas ilimitadas, principalmente por causa da internet. Aí ter uma espaço apertado pra fazer é certamente um desafio interessante”
“Eu faço tudo muito mais intuitivamente do que conscientemente, vamos dizer assim. Como uma página só é muito pequena eu não queria que fosse apenas um monte de quadradinho, um do lado do outro, como normalmente faço. Eu queria deixar ela mais bonita, que enchesse mais aos olhos. Geralmente eu não faço nada circular, só percebi depois que combinava um pouco com a ideia cíclcia da história. Confesso que foi um pouco sem querer (risos) Assim, acho que sem querer, sem querer, acaba não existindo em um trabalho artístico, porque sempre usamos coisas que já estão dentro da gente, né? É um modo do nosso inconsciente de trabalhar, então ele fez muita coisa sozinho. Conscientemente acabou sendo sem querer”
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“Eu quero sempre variar os estilos e gêneros das histórias com que trabalho, mas isso também acaba acontecendo naturalmente. No momento eu tô parada, não produzindo nada novo, estou treinando desenho, a coisa mais chata que existe no mundo (risos). Então eu sempre tenho vontade sim de mudar o meu estilo, de variar um pouco. Ao mesmo tempo eu também gosto de adaptar o meu estilo para a história que eu quero contar. Nesse caso, ainda é obviamente o meu traço, mas eu queria dar uma mexida um pouquinho para ficar igual aos outros trabalhos. Na verdade eu vou adaptando dependendo da história que quero contar, é isso que me move no final das contas. No momento eu estou estudando porque tem uma história que quero contar e o que eu sei fazer não funciona. Tô treinando pra contar a história da maneira que eu acho melhor”
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