As onze páginas do quinto capítulo da HQ Don Juan di Leônia são o ponto alto da obra recém-lançada do quadrinista Dalton Cara. Sobre o empenho de três vítimas do lendário conquistador em conseguirem suas vinganças, o álbum mostra um acordo feito pelas mulheres com o diabo para que elas alcancem seus objetivos. Enquanto isso, o protagonista tenta fugir das armadilhas arquitetadas pelo quarteto. O enredo do livro é um detalhe perto do apuro visual de Cara. Ápice do quadrinho, o capítulo cinco do gibi mostra um flashback essencial ao desenrolar da trama, durante uma queda do herói da história. É digna de nota a forma como o artista aplica sua bagagem como infografista e designer de jornais e revistas para administrar e gerenciar as informações distribuídas em cada quadro.
Pedi para o quadrinista que ele fizesse um making-of da produção do capítulo em questão. Ele me mandou alguns comentários, o roteiro e o passo a passo da ilustração de três páginas. O texto em itálico é de Cara. Saca só que massa:
O roteiro:
Esta foi a primeira versão do capítulo 5. No momento de executar os desenhos, senti que as falas não estavam funcionando bem, não pareciam naturais e davam margem para interpretações que não eram as que eu queria. Resumindo: elas eram piegas e melodramáticas demais.
Nesse momento, decidi cortar todas as falas e partir para uma interpretação mais livre, utilizando ícones que iriam sugerir os diálogos. Cada pessoa entende a conquista de uma maneira. Concluí que se o leitor criasse com o personagem, a história da conquista, ele se apropriaria melhor da história, a deixaria mais íntima, mais plausível e, consequentemente, menos brega.
Como é uma sequência relacionada ao subconsciente do personagem e ao seu passado, escolhi fazer todo tratamento de cor diferente e utilizar alguns símbolos pra auxiliar o entendimento de como o personagem se sentia. As únicas exceções são o primeiro quadro (com a presença de palavras que representam ofensas feitas pelo seu próprio subconsciente) e a sequência do corpo em queda, que acontece no presente.
Esse é um capítulo da tomada de consciência e, por isso, precisava ser especial.
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