Está no ar a terceira temporada do Novo Amanhecer: “Somos o que há de mais próximo de uma igreja evangélica no mundo dos quadrinhos”

Está no ar a terceira temporada do projeto Novo Amanhecer. Criado em 2016 por Gabriel Góes, Oriol Barberà e Pedro D’Apremont, a série de tiras e quadrinhos hospedada em novoamanhecertm.tumblr.com chega ao seu terceiro ano de publicações com atualizações diárias e a participação de Batista, Rafael Coutinho, Flavushh e Bárbara Malagoli. Além da continuação de títulos fixos do projeto – como a tira do Novo Amanhecer (que dá título ao projeto), Billy Soco e Jinx – foram incluídas na nova leva de publicações séries como Jesus Idoso, por Batista; Férias de Verão, por Flavushh; Tiger Fist, por Gabriel Góes e Oriol Barberà; e Pedro & Luiz, por Batista e Rafael Coutinho.

Bati um papo por Skype com Gabriel Góes, Oriol Barberà e Batista sobre os planos para o Novo Amanhecer nessa terceira temporada do projeto. Em meio a lamentos em relação à concorrência desleal dos memes, eles lembraram da origem do Novo Amanhecer, falaram sobre os planos para cada série e cogitaram a possibilidade de um final inesperado para um dos principais títulos do site. Saca só:

“Os memes já ganharam, nós tomamos uma surra deles”

Tiger Fist, por Gabriel Góes e Oriol Barberà.

“Não gostamos de falar de Guerra nas Estrelas, não gostamos de falar de super-heróis e nem de quadrinho falando sobre quadrinho”

O que é o Novo Amanhecer?

Oriol Barberà: O Novo Amanhecer… Vamos ser formais?

Gabriel Góes: Não, é só alegria. Vamos ser alegres.

Oriol: O Novo Amanhecer é uma família, quase como uma seita. A gente ainda não tem roupas que combinem, mas aos pouco estamos pensando em criar uma família ainda maior. Nós nos reunimos uma vez por ano, na Des.Gráfica, e tentamos renovar a nossa energia. É o mais perto que tem de uma Igreja Evangélica no mundo dos quadrinhos.

Gabriel: Mas com masturbação coletiva.

Oriol: Isso não é verdade, é só o Coutinho e o Gabriel que se tocam.

E como surgiu o Novo Amanhecer?

Oriol: O Novo Amanhecer nasceu uma vez que eu, o Gabriel Góes e o Pedro Dapremont sentamos…

Gabriel: O Pedro estava meio triste.

Oriol: É. Nós sentamos e tentamos animá-lo, como família, uma coisa que ele não tem. É um menino triste, um menino que foi abandonado muito cedo pelos pais e apanhou muito da vida. Aí criamos a ideia do Novo Amanhecer, às vezes nós até nos vestimos com umas capas muito legais. Não é mentira.

Gabriel: E também temos máscaras. E uma vez que estamos juntos, colocamos as nossas máscaras.

Oriol: Todo mundo que entra no Novo Amanhecer ganha capas e máscaras. Aí uma vez por ano a gente se junta e faz nossa pequena seita. Cada ano é um pouquinho diferente. Mas algo muito importante para o Novo Amanhecer é que as pessoas não podem ser chatas, não podem ficar enchendo o saco… O que mais Gabriel? Fala alguma coisa. Nas tiras do Novo Amanhecer não pode nenhuma piada posterior aos anos 70. A tira na qual nasceu o Novo Amanhecer não tem nada, nada, nada, nada de posterior aos anos 70. Não gostamos de falar de Guerra nas Estrelas, não gostamos de falar de super-heróis.

Gabriel: Não pode quadrinho sobre fazer quadrinhos.

Oriol: Não pode quadrinhos sobre fazer quadrinhos!

Jesus Idoso, por Batista.

A primeira temporada entrou no ar há dois anos, certo?

Oriol: Há dois anos!

Batista: Em 2016.

Oriol: Começamos com o Pedro Dapremont, o Gabriel Góes, eu… Éramos só três e o Batista entrou na segunda. Tínhamos a tira do Novo Amanhecer, de onde veio o nome da nossa pequena seita. Tinha o Billy Soco, do Gabriel, e também o Daví e Bróder, do Pedro Dapremont. Na segunda temporada entrou o Batista e a Bárbara Malagoli. Ela entrou com o Jinx e o Batista com o Dupont & Dupont, os cowboys gays, a coisa mais bonita que publicamos até agora. Também a Enterprise Empreendimentos S.A., a nossa tira mais fraquinha, sobre o Capitão Kirk viajando no tempo e tendo que trabalhar em uma empresa como corretor de seguros. E o JCVD.

Gabriel: Uma dupla de Brasília produz esse material misterioso pra caramba. Não conhecemos as pessoas ainda. Sabemos que é o JC e o VD, eles produzem juntos esses quadros, essas ilustrações magníficas, mas ninguém sabe quem eles são.

Férias de Verão, por Flavushh.

“A tira do Novo Amanhecer vai ser uma grande surpresa, vai mudar completamente a cena dos quadrinhos brasileiros”

Qual é a programação para essa próxima temporada? Vai ter gente nova? Séries novas? 

Batista: Eu vou começar uma série nova chamada Jesus Idoso, com a premissa que Jesus morreu, ressuscitou e por aqui ficou. Então ele ficou velho e a vida pra um idoso na Galileia não é fácil.

Oriol: Não é fácil mesmo, a aposentadoria não é fácil, principalmente quando você já morreu, né? Ninguém quer dar aposentadoria pra quem já morreu.

Batista: É, tem toda uma burocracia terrível, enfermeiras sem preparo… Essa é a minha, eu trabalhando com essa cabeça sempre muita excitada e ansiosa e, por isso, faço muito cartum. No Novo Amanhecer eu tenho esse tempo e essa frequência na qual posso fazer uma tira e uma sequência sem a ansiedade que o dia a dia me dá. Eu faço muito cartum por ansiedade. Então está sendo legal, tô fazendo a minha segunda tira, eu já tentei fazer outras tiras com ideias legais ao longo do meu dia a dia, mas a ansiedade toma conta. No Novo Amanhecer eu consigo desenvolver essa linguagem, algo que sempre quis fazer. Eu aprendi a ler lendo tiras. Eu até sei fazer mais do que eu achava, de tanto que já absorvi do formato. Pro Novo Amanhecer eu posso dizer que é a segunda tira que eu faço, tira longa, com uma ideia longa, é isso.

Oriol: Batista, você é muito bom. O Batista também vai fazer junto comigo e com o Gabriel Góes a tira do Novo Amanhecer. Como eu não sei desenhar, escrevo, e os dois desenham. A tira do Novo Amanhecer vai ser uma grande surpresa, vai mudar completamente a cena dos quadrinhos brasileiros… Na verdade eu posso dizer: nós vamos cancelar a tira do Novo Amanhecer na metade da temporada.

Batista: Um dos caras do Novo Amanhecer vai ser acusado de algum ato libidinoso equivocado e a gente vai ter que cancelar pra salvar o Novo Amanhecer.

Oriol: Na verdade a gente vai…

Gabriel: Não, não, não! O que vai acontecer é que a gente vai cancelar, vai acabar com a tira. Vai acabar. Como a gente tem preguiça de ficar postando o ano inteiro, funcionamos por temporadas de cinco meses e morremos de preguiça de fazer quadrinho. Ninguém lê e a gente vai cancelar. Essa é a surpresa desse ano. Spoiler. Spoiler alert! Pode avisar pro mundo que vai ser cancelado.

Oriol: E ninguém dá bola pra gente, ninguém dá bola pra nada que a gente faz. Mas retomando: além da tira do Batista, ele também vai assinar uma tira com o Rafa Coutinho, a Pedro & Luiz.

Batista: Isso, a Pedro & Luiz. O Rafa me pediu pra escrever uma história de amor entre dois homens, aí eu escrevi a Pedro & Luiz. Já escrevi 20 capítulos, vão sair mais 20 e começa a ser publicado no Novo Amanhecer. Mas nessa pegada meio de saco cheio de fazer, vão sair duas por mês.

Oriol: É sobre um casal gay. Eu não vi ainda a tira.

Batista: É, o Pedro tem 28 anos e o Luiz 56. O Pedro tá se firmando profissionalmente e o Luiz tá se aposentando. O Pedro tá conhecendo pessoas e o Luiz fechando ciclos. O Pedro tá ganhando dinheiro e o Luiz perdendo dinheiro. Eles se amam, são casados e acho que vai ser bom pra preencher uma cota. O Novo Amanhecer foi cobrado no Ministério Público de acusações infundadas e agora a gente tá pagando cotas pra sociedade.

Oriol: Tínhamos a Dupont & Dupont, mas não tínhamos sexo com idoso. E o Batista foi realizar essa demanda com o Coutinho sobre sexualidade com idoso.

Batista: Coloca aí que os desenhos do Coutinho… Aliás, pode dizer como se fosse você Ramon, vai ficar parecendo mais verdade, diz que o Rafa tá desenhando umas cenas de sexo tão brutais de boas que somente um homem que já esteve lá saberia desenhar. Ele é um talento, me surpreende mais a cada dia.

Pedro & Luiz, por Rafael Coutinho e Batista.

“A gente cansou de quadrinho, queremos fazer apenas propaganda”

Tem mais alguma série nova no projeto?

Oriol: Teremos a Tiger Fist. Tira nova, escrita por mim e desenhada pelo Gabriel, sobre um saxofonista de free jazz muito bom, vítima de um acidente de carro e que perde as mãos. Quando ele vai pro hospital, como as mãos são perdidas, ao invés de colocar novas mãos, os médicos colocam duas cabeças de tigre.

Gabriel: Para salvar a vida dele, os médicos colocam mãos de cabeças de tigre no lugar das mãos dele.

Oriol: Aí ele não pode mais tocar free jazz, ele fica muito mal com isso. Ao mesmo tempo ele ganha uma grande força por ter uma cabeça de tigre em cada mão. Aí ele treina com um ieti no Himaláia, aprende a lutar artes marciais e começa a lutar contra os illuminati, o Google e o Facebook.

Gabriel: Tem toda uma conspiração. É muito original. Ela foi recusada pela Vice nos Estados Unidos, disseram que era muito previsível, eles não quiseram usar.

Oriol: Acho que eles não entenderam que estávamos debochando deles, acharam que não era piada. O que mais temos?

Gabriel: Temos a Flavushh. É a estreia da Flavushh na nossa página. Chama Férias de Verão o trampo dela. É lindo. É meio frustante pra gente, ficamos nos esforçando pra caralho e dá pra ver que ela faz aquilo com uma facilidade incrível. É tocante o material dela. Ela lançou recentemente um fanzine que chama Ensimesmada, uma beleza. Tem um pira corpórea e um final completamente chocante, achei perturbador. Vale demais ler. Ela é muito nova e está sendo assimilada agora para a nossa seita pseudo-cristã.

Batista: Tem também a continuação de Jinx da Bárbara Malagoli. Ela dá continuação ao trabalho dela do ano passado. O JCVD continua e é isso. E não falamos do Billy Soco, ela também é continuação do ano passado.

Gabriel: Na verdade o Billy Soco é mais um grande jabá, com novos produtos do Billy Soco. A gente cansou de quadrinho e queremos fazer apenas propaganda.

Oriol: Queremos ficar ricos.

Pedro & Luiz, por Rafael Coutinho e Batista.

E qual vai ser a periodicidade de cada tira?

Oriol: O Novo Amanhecer, a tira, sairá a cada semana, sempre às segundas, por Gabriel Góes, Batista e Oriol. Toda terça terá a Jesus Idoso, do Batista. Quarta, Billy Soco, os comerciais, por Gabriel Góes. Quinta, Férias de Verão, da Flavushh. Sexta-feira é Jinx, pela Bárbara Malagoli. Sábado vai revezar o Pedro & Luiz, do Rafa Coutinho com o Batista, e o Tiger Fist, meu e do Gabriel. O JCVD também pode entrar aos sábados, pra preencher os buracos. É um esforço, fazer cinco meses, não dá pra fazer dinheiro, ninguém dá retorno, mas é assim…

Gabriel: Dane-se o público.

O quanto vocês já têm adiantado de cada série?

Gabriel: Na verdade já temos uns três anos adiantados, é bizarro. A tira do Novo Amanhecer, por exemplo, já planejamos até 2024, mas não vamos chegar lá, vamos cancelar no meio da temporada. Vai acabar.

Oriol: Pode ser que renasça algo diferente das cinzas…

Gabriel: Não. Eu acho que não.

Oriol: Faz tempo que eu estou querendo fazer quadrinhos pra crianças…

Batista: Criança não sabe ler.

Billy Soco ® , por Gabriel Góes.

Eu quero saber sobre a dinâmica do trabalho de vocês. Como vocês trabalham juntos? Um interfere muito no desenvolvimento do trabalho do outro?

Gabriel: Temos um ritual, é um encontro no qual acontece a masturbação coletiva.

Oriol: Esse encontro é na Des.Gráfica, sempre em novembro.

Gabriel: Lá eu fico implorando pras pessoas colaborarem e aí começa ficar chato, porque eu vou mandando emails todos os dias, eu ligo pras pessoas, depois eu começo a aparecer na casa da pessoa pessoalmente e tento derrubar a porta. Até que fica chato e aí a pessoa é obrigada a participar. É mais ou menos assim que funciona. Depois é isso, começamos a ameaçar a vida dos colaboradores e eles acabam mandando direitinho.

Oriol: Às vezes a gente pede por favor e eles colaboram também. Ligamos pra eles…

Novo Amanhecer, por Gabriel Góes e Oriol Barberà.

Mas eu quero saber sobre o desenvolvimento mesmo. A tira que o Batista tá fazendo, ele mostra pra vocês? Vocês dão opinião no trabalho dele e ele no de vocês?

Oriol: Sim. O que fazemos normalmente: a gente troca emails uns meses antes de começar, vemos quem quer fazer cada coisa. As pessoas podem fazer o que quiserem. Se fizer uma foto do cocô que fez cada dia a gente vai publicar. Não tem nenhum mínimo filtro para que as pessoas que fazem parte do Novo Amanhecer tenham passado a fazer parte da família.

Gabriel: Não tem filtro!

Oriol: Algumas pessoas que são um pouco mais inseguras mandam no nosso grupo de email o que fizeram e pedem um conselho. Normalmente o nosso conselho é: ‘É muito bom! Publica!’. Não temos nenhum direito de falar um pro outro o que faz. Nunca vi ninguém falando um pro outro o que fazer.

Gabriel: A gente publica, não tem crivo, não temos escrúpulos.

Oriol: Alguém pode perguntar o formato do arquivo em que pode mandar, mas mais nada. A última vez que o Pedro mando por carta não foi legal…

Gabriel: A exceção é a tira do Novo Amanhecer, com tiras muito rígidas, muito específicas.

Oriol: É a única com regras. Aquilo que te falei: não pode ter nada depois dos anos 70, não pode ter quadrinho falando sobre quadrinho, não pode quadrinista falando sobre quadrinista, não pode ser autobiográfico e nem inteligente, não pode ter super-heróis. E muito importante: não pode ser engraçado. Tem que ter uma tira de morte a cada duas normais, mas a gente meio que erra e acaba sendo uma tira normal a cada três de morte. A gente acaba só escrevendo sobre morte.

Gabriel: Eu falo pro Oriol fazer mais tira sobre boquete e menos sobre morte.

Oriol: Eu não fiz nenhuma sobre peru ainda.

Batista: E foi assim que começamos a ter que pagar as coisas pro Ministério Público.

Novo Amanhecer, por Batista e Oriol Barberà.

“Quem não lê a gente, tá lendo coisa errada”

Também não tem regra pra formato, certo?

Oriol: Isso é uma merda, eu vou começar a fazer o Instagram do Novo Amanhecer e tô fudido. Mas tudo bem. Não tem formato, se quer mandar 20 páginas pode mandar. A única coisa que tem regra é a tira do Novo Amanhecer, é só uma tira, com três quadros e não pode ter mais nem menos. Só peço pras pessoas não mandarem arquivos muito pesados, meu Gmail não aguenta.

Batista: Acho que vale a lógica do scrooling também, né? Todo mundo olhou mais ou menos o que dava pra colocar naquela barra e se virou desenhando pensando naquela barra.

Vocês reclamaram que ninguém lê e estão indo pra terceira temporada do projeto. Porque continuar fazendo?

Oriol: A resposta é não. Ninguém gosta da gente.

Mas qual a motivação de vocês? Não ter um público grande não quer dizer…

Oriol: Eu te sigo no YouTube, Ramon. Não vem com drama não, tem pelo menos uma pessoa te seguindo sim.

Eu não tenho YouTube.

Oriol: No Tumblr então. Pode conferir que eu te sigo no Tumblr.

Enfim, porque continuar fazendo?

Oriol: Vamos não falar disso? A gente não gosta de falar disso.

Gabriel: Batista, responde pra gente?

Batista: Eu prefiro falar mal das pessoas. Quem não lê a gente, tá lendo coisa errada. Eu fico meio puto, saca? Fico vendo as pessoas lendo umas paradas e fico assim, ‘velho, como?’. Tá, tudo bem, diversidade, mas isso não é diversidade. Deveria estar lendo a gente. Eu fico mais frustado das pessoas não lerem a gente do que continuar fazendo quadrinho pra Gabrielzinho não aparecer na minha casa. Fico meio de cara com a galera não conhecer.

Gabriel: Todo mundo conhece todos os memes, mas ninguém conhece o Novo Amanhecer e nem o Ramon Vitral. Ninguém quer saber. Você já tentou fazer meme, Ramon? Você deveria fazer notícias com meme. Todo mundo deveria fazer meme.

Tiger Fist, por Gabriel Góes e Oriol Barberà

 

“Piada em papel, que parada mais cavernas de Lascaux”

Memes são concorrentes diretos de vocês?

Gabriel: Os memes já ganharam, cara.

Oriol: A gente toma uma surra dos memes.

Batista: As editoras acabaram, as gráficas acabaram, as telefonias acabaram… Tudo acabou! As pessoas que desenham piada em papel não teriam acabado antes disso tudo? É muito anacrônico. ‘Nossa, achei uma coisa muito engraçada, peraí que eu vou desenhar aí eu te mostro’. Piada em papel, que parada mais cavernas de Lascaux, sabe?

Oriol: O Gabriel dá aula de quadrinhos e as pessoas não chamam de quadrinhos, chamam de memes. Não é mentira!

Batista: O Ricardo Coimbra e o Ricardo Maron já passaram por isso também? Foram chamados de memes? O que é interessante também, dá pra dar um golpe. ‘Você faz quadrinho?’. ‘Não! Meme!’. ‘Ah, mas parece quadrinho!’. ‘Mas não é, é um meme’. ‘Mas eu nunca vi esse meme…’. ‘Ué, tem alguma coisa errada com você’.

Oriol: Nós temos uma média de seis pessoas por semana vendo as nossas tiras e estamos felizes. Não tem nenhum problema. Aliás, não procuremos que as pessoas gostem do que estamos fazendo.

Gabriel: O nosso meme que bateu recorde teve seis visualizações.

Oriol: Uma tira do Batista. Foi um meme proibido no Instagram, foi banido. Era do Dupont & Dupont.

Gabriel: Esse até bombou na internet, por ter sido proibido, por ser polêmico. ‘Ah, o cara sentou numa bengala, vamos proibir no Instagram!’.

Batista: Foi foda. Então, voltando à pergunta, porque continuar fazendo? Eu acho que pra, sei lá, romper as regras da sociedade.

Oriol: Eu faço porque já tenho outro emprego.

Gabriel: Eu quero revoltar o estômago das pessoas.

Batista: Eu quero tentar ser famoso.

Gabriel: Batista, eu falei que as piadas não podem ser engraçadas.

Oriol: Eu tenho um jeito melhor de ser famoso e rápido. Você coloca uma roupa de Super-Homem, vem pra São Paulo e fica andando pelas ruas um dia inteiro. Você vira famoso em dez dias. Você vira meme.

Gabriel: Você ja pensou em virar meme?

Batista: Nunca pensei em virar meme, boa proposta.

Oriol: Essa é a melhor entrevista de todos os tempos.

Gabriel: Ramon, foi um prazer.

Tiger Fist, por Gabriel Góes e Oriol Barberà
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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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