Jam Session: O Crime do Teishouko Preto – Um quadrinho brasileiro no livro dos recordes

JamLaerte

Quando Dani Baptista e Gualberto Costa iniciaram Jam Session: O Crime do Teishouko Preto, eles não tinham ideia que a obra poderia chegar ao livro dos recordes. Entre a concepção do livro e a produção de sua última página forma mais de dez anos e os 517 artistas envolvidos tornam o livro candidato a obra com o maior número de colaboradores em uma história em quadrinho impressa. Em busca de financiamento coletivo via Catarse, a hq foi iniciada pelo próprio Gualberto, mostrando a um crime no bairro da Liberdade em São Paulo. O enredo foi continuado por outros artistas – nomes como Laerte, Angeli e Grampá. O objetivo dos editores é lançar a obra durante a Comic Con Experience, em dezembro. Pra isso, eles precisam bater a meta de 56 mil reais pedida no Catarse. Se chegarem lá, eles superam obras austalianas e norte-americanas, com 94 e 126 artistas respectivamente. Bati um papo com a Dani e o Gualberto sobre a origem do projeto e a experiência de trabalhar com os vários traços e estilos presentes no mundo dos quadrinhos nacionais. Ó:

JamSpacca

Como surgiu a ideia do projeto? Vocês estão investindo nele há algum tempo, certo?

Há mais de uma década, tivemos a ideia de criar uma história em quadrinhos coletiva, sem roteiro pré-definido. Como o Brasil é muito rico na qualidade e diversidade de artistas, acreditamos que podíamos reunir toda uma geração numa mesma história, na qual cada um manteve sua técnica pessoal e estilo. Fumiko, a. protagonista, uma japonesinha, presenciou um crime, e o surpreendente é a interpretação de cada artista para desvendar esse mistério!

E desde o começo havia a vontade de entrar para o Guinness?

Não, a gente nem sabia que existia essa categoria, mas pesquisando obras de quadrinhos coletivas – tanto que no nosso livro tem uma linha do tempo com a história das jam session de quadrinhos pelo mundo – tivemos esse insigth de concorrer ao Guinness record.

Vocês citam outras experiências internacionais que estão no Guinness por esse mesmo recorde. Vocês já leram esses materiais? O que acham deles?

A qualidade da maoria do material é muito alta, e ao longo dos anos percebemos que todos os quadrinistas curtem fazer esse tipo de arte coletiva, mas o nosso sempre teve um diferencial: foi realizado ao vivo com a presença de público, um verdadeiro e fantástico workshop. A audiência pode observar como cada artista cria e desenvolve sua técnica, tornando esse projeto uma das mais surpreendentes e completas aulas de arte sequencial.

JamLuizGê

Como os artistas regiam quando eram convidados para participar?

Eles não viam a hora de ver os próximos, sempre ficavam muito curiosos pra saber como continuariam suas páginas.

E como vocês selecionavam a ordem dos artistas que davam continuidade à produção?

Montávamos um estúdio, na maioria das vezes na HQMIX LIvraria, e realizávamos eventos onde convidávamos através de nossos contatos com os artista que temos pelo Brasil afora, pois fazemos o Troféu HQMIX há 26 anos e o Gual já trabalha na área há mais de 30 anos. Este artistas eram agendados de uma em uma hora, e em vários momentos chegamos a ter mais de 10 artistas trabalhando e se divertindo ao mesmo tempo. Tivemos sessões de uma semana ininterrupta de quadrinistas fazendo suas páginas.

Vocês sempre tiveram em mente o projeto final do quadrinho como um livro impresso? Desde o começo vocês pensavam no livro financiado coletivamente?

A gente desde o começo queria imprimir os livros junto com a Devir, mas o projeto chegou em dimensões muito além do esperado (e isso é maravilhoso!), mas ficou inviável o investimento pra publicar uma obra desse porte, por isso partimos para o financiamento coletivo no Catarse. Nada mais coerente do que uma obra coletiva se realizar através de um financiamento coletivo.

JamMarcelo

Vocês explicam no site do livro no Catarse que a ideia era manter as características de cada artistas em função de uma única trama. Como foi acompanhar essa adaptação de estilos e traços à uma única trama?

Foi uma delícia, é como você ir num grandioso museu, encontrar os maiores artistas, que você admira, e vê-los trabalhar em conjunto!

E quando vocês olham a história pronta, com todos os 517 autores, qual balanço vocês fazem do cenário atual dos quadrinhos brasileiros?

Nós ficamos muito satisfeitos em poder contribuir para os quadrinhos brasileiros com essa obra, que tem artistas de norte a sul do país, do novíssimo ao grande mestre, dp João Montanaro que participou aos 12 anos de idade ao Rodolfo Zalla com 80 anos.. Isso faz perceber que na arte todos se conversam, sem distinções e independente de gosto, o trabalho de todos esses artista compõe uma magnífica obra.

JamSession

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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