Está no ar a campanha de financiamento coletivo do álbum Luzes de Niterói, novo álbum do quadrinista Marcello Quintanilha. O quadrinho será o primeiro projeto longo do autor desde o lançamento de Talco de Vidro, em 2015. Segundo a sinopse oficial do projeto, a HQ marca um retorno de seu autor à cidade onde nasceu e cresceu, Niterói, em uma trama baseada em fatos ocorridos nos anos 50 envolvendo pescadores, futebol, a vedete Luz del Fuego e o primeiro campo naturista do Brasil. A página do projeto no Catarse pode ser acessada aqui.
“É um retorno [de Quintanilha] ao mundo dos subúrbios fluminenses, que foi o cenário da maior parte de suas histórias curtas, que fizeram sua fama”, conta o editor da obra e dono da editora Veneta, Rogério de Campos, em papo rápido por email com o blog. A expectativa é que o livro chegue aos apoiadores da campanha de financiamento coletivo em janeiro de 2019.
Na entrevista a seguir, o editor de Quintanilha fala sobre Luzes de Niterói, comenta o retorno do artista às cores após uma leva recente de publicações em preto e branco, trata da repercussão da adaptação de Tungstênio para o cinema, explica a opção pelo financiamento coletivo e promete novas formas de chegar aos leitores da Veneta em tempos de crise no mercado editorial. Ele também adianta a inclusão de novas opções de recompensas para a campanha de financiamento do quadrinho para os próximos dias. A seguir, Rogério de Campos:
Luzes de Niterói é o primeiro trabalho longo do Marcello Quintanilha desde Talco de Vidro. Quais são as suas impressões em relação a esse quadrinho?
Sim. É a primeira história longa desde Talco de Vidro e, ao mesmo tempo, um retorno ao mundo dos subúrbios fluminenses, que foi o cenário da maior parte de suas histórias curtas, que fizeram sua fama. É um retorno a temas que ele abordou em outros livros. O futebol, a praia, a pesca ilegal, a amizade e seus sacrifícios. Um retorno a seu pai, a experiência dele como jogador de futebol. Nesse reatar das linhas, o Quintanilha vai tecendo sua pequena história secreta do Brasil.
Você é um grande admirador de HQs em preto e branco. Luzes de Niterói marca o retorno do Marcello Quintanilha às cores depois de uma leva recente de quadrinhos em preto e branco. Como você avalia a presença das cores nesse projeto?
O que fazer se os artistas não obedecem a ninguém, muito menos a seus editores? Um dos prêmios da campanha de financiamento coletivo é justamente uma gravura com a reprodução da primeira página da HQ apenas no traço. É uma beleza! Mas além do problema que é a teimosia do Quintanilha, tem o problema dele ser tão talentoso como colorista. O resultado final, colorido, ficou lindo.
Você consegue mensurar o impacto do lançamento da adaptação de Tungstênio para o cinema na recepção dos quadrinhos do Marcello Quintanilha? Vocês notaram mais interesse por parte do público e dos livreiros nas obras assinadas por ele?
Serviu para muita coisa. Mas principalmente para mostrar a um público amplo a dimensão da narrativa de Quintanilha. Mais ainda: para mostrar o nível das novas narrativas dos quadrinhos autorais brasileiros. Imagino que para quem se acostumou a pensar em quadrinhos tendo como referência a produção industrial dos gibis infanto-juvenis norte-americanos deve ter sido uma surpresa.
Luzes de Niterói é a primeira campanha de financiamento coletivo da Veneta. Por que essa opção? Por que essa primeira investida no Catarse com um trabalho do Marcello Quintanilha?
O problema de pagamento das duas grandes redes de livrarias, fez a gente acelerar o trabalho para estrearmos esse modo de financiamento. Mas já há anos que considerávamos fazer isso. E o novo livro do Quintanilha pareceu uma ótima oportunidade: é um livro com 240 páginas, colorido, papel couché, capa dura… enfim, um livro que sairia muito caro se fosse depender apenas da venda em livrarias. Além do mais, deu a oportunidade de fazermos prêmios muito bacanas, as risografias estão ficando muito bonitas e eu finalmente terei um jogo de futebol de botão desenhado pelo Quintanilha!
A Veneta tem planos de investir em outros projetos de financiamento coletivo em seguida a Luzes de Niterói?
Sim! E vamos inventar outras formas de chegarmos aos nossos leitores.