Papo com Felipe Portugal, o autor do quadrinho Espiga

É inevitável pensar no Asterios Polyp de David Mazzuchelli já na primeira folheada de Espiga, gibi do quadrinista Felipe Portugal. Óbvio: com apenas 24 anos, o autor nem aspira à perfeição da obra-prima do artista norte-americano. No entanto, são explícitas as muitas inspirações de Portugal em relação a um dos mais aclamados e cultuados quadrinho de todos os tempos. Das cores aos enquadramentos, passando pelo design das páginas, Espiga apresenta o esforço real de um jovem artista em explorar e oferecer o melhor que a narrativa sequencial tem a oferecer.

Portugal ousa ao produzir um enredo autobiográfico e extremamente pessoal mesmo sendo tão jovem. Espiga é protagonizada pelo próprio quadrinista: durante a produção de uma obra, ele passa a ser visitado constantemente por uma figura polimorfa de interesses escusos. Enquanto isso, ele lida com o término recente de um namoro e as cobranças de seu editor.

Um dos responsáveis pelo página Quadrinhos Insones, Portugal mostra em Espiga que é mais um nome a ser observado de perto da geração mais recente de quadrinistas brasileiros. Após conversar pessoalmente com ele no Festival Internacional de Quadrinhos, mandei um email com algumas perguntas. Ele me falou sobre suas influências, seus métodos, a produção de Espiga, sua experiência na mais recente edição do FIQ e adiantou um pouco de seu próximo projeto. Saca só:

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Antes de começar a ler o Espiga, logo na primeira folheada, já pensei no Asterios Polyp, por conta das cores. Todo mundo que já leu o trabalho do David Mazzuchelli, quando pega o seu quadrinho, deve fazer a mesma conexão. Mas aí fui lendo e tinha mais coisa claramente inspiradas no Asterios: as fontes das falas variam de personagem pra personagem, a forma como você desenha o seu rosto também muda, tem também os enquadramentos, enfim…O quanto o trabalho do David Mazzuchelli é importante pra você?

Definitivamente bastante. Existem várias semelhanças de roteiro entre esse meu trabalho e Asterios Polyp. Claro, o meu acaba orbitando uma esfera muito menor, falo sobre menos coisas, ouso menos. Mas a premissa é parecida. Tive três referenciais pra construção do roteiro de Espiga: Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Her e Asterios Polyp. O argumento parte de uma camada mais superficial – a relação amorosa de duas pessoas – e parte pra lugares mais densos, como relação com família e a insegurança latente que a vida urbana e solitária acaba nos causando. Agora, no que tange ao cerne da forma e linguagem de quadrinhos, Mazzuchelli e Chris Ware acabam por ser os maiores espelhos da forma que narrei Espiga. A escolha das cores acabou sendo casual, eu imprimiria com todas as cores, mas o preço ficou bem além do que eu tinha disponível pra investir. Tive que escolher duas cores que tivessem princípios narrativos opostos, uma cor densa, introspectiva e uma cor confortável de se ver, brilhante. A escolha mais óbvia – a que eu acabei tomando – era Ciano e Magenta. E assim se seguiu. A limitação da paleta acabou por me permitir entender muito melhor as cores, tentei não ir sempre num rumo naturalista, queria retratar emoções, não imagens. Digo, pra mim importava muito mais preencher o personagem de um sentimento do que de uma cor que talvez fosse mais apegada ao real. São escolhas. Por coincidência são as mesmas cores que o Mazzuchelli usa em Asterios. Acho que talvez sejam as duas cores puras da paleta CMYK que harmonizam melhor, nesse formato que eu faço quadrinhos, por exemplo. Elas fazem você obter um tom escuro (roxo) e dois tons de claridades distintas, azul e rosa.

As minhas ambições de formato e diagramação de página eram simples: extrair o máximo possível da página. Isso aprendi lendo os quadrinhos do Ware. Ele usa todos os cantos e faz vários pequenos quadros pelas páginas. Numa história lenta, que trata de melancolia, preguiça e insegurança, longos momentos recortados por vários quadros passam uma sensação de desconforto, talvez. Como se o tempo estivesse esticado demais e aqueles momentos machucassem mais. Não sei se consegui, de fato, passar essa impressão. Mas foi o objetivo. Já os balões, bem… O protagonista da história passa quase o tempo todo sozinho e fala muito com as pessoas no telefone, eu precisava de artifícios que eliminassem o tédio narrativo. Esses foram os que encontrei, graças aos estudos de quadrinho e principalmente ao Asterios Polyp mesmo.

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Eu queria muito ler o roteiro do Asterios Polyp. Aliás, nem sei se o David Mazzuchelli fez um roteiro propriamente dito. Fico pensando se ele tinha em formato de texto todas aquelas experiências e investidas do quadrinho. Você também brinca com o design das páginas e com o formato e a distribuição dos quadros. Você escreveu um roteiro antes de desenhar o Espiga? Como foi a produção do quadrinho? Quanto tempo você levou?

Acho difícil ele não ter escrito e reescrito. Os diálogos do Asterios são muito simbólicos. Tanto é que ele cria ecos visuais através de diálogos e imagens durante o quadrinho inteiro, digo, as palavras ficam na sua cabeça, não é exatamente um texto informal que soa como um diálogo trivial cotidiano(como nos trabalhos do meu amigo Diego Sanchez). Demorei dois meses escrevendo o roteiro e trabalhando só nos thumbnails do Espiga. Fazia isso todo dia. Pensava na história o tempo todo. Tanto é que acabei sem ter tanto tempo pra, de fato, desenhar ela. O roteiro era uma parte muito importante do quadrinho pra mim. Queria construir algo sólido, redondo. Me incomoda quando vejo quadrinhos experimentais que se valem de experimentalismo pra esconder sua falta de conteúdo, por isso resolvi criar uma história com conteúdo sólido que precisasse ser contada com algum experimentalismo, não o contrário. Infelizmente tive um mês pra desenhar e colorir Espiga. Sim, foi um absurdo, haha. Felizmente contei com ajuda do que eu chamo de “Team Portugal”, amigos muito próximos que também fazem quadrinhos e me ajudaram com procedimentos como: limpeza de páginas, preenchimento de pretos e coloração base. Gente muito querida, como Brendda Lima, Victor Macedo, Pedro Cobiaco e Diego Sanchez. Assim consegui terminar o quadrinho a tempo do FIQ.

Sobre a história: você tem 24 anos e uma pessoa com essa idade já pode ter passado por várias histórias em sua vida, mas talvez não tenha a maturidade ou o distanciamento para transformar em um enredo que seja legível e interessante para outras pessoas. Em algum momento você refletiu se a história do Espiga seria atraente para pessoas que não eram próximas a você?

Sim. Me questionei bastante enquanto construía o argumento e a base do roteiro. Mas, felizmente, conversando com meu amigo David Carvalho, que escreve e lê bastante em suas horas vagas, consegui realmente compreender que a história se passa, sim, num microcosmo da vida de um personagem que claramente é baseado em mim, mas tem personalidade própria. Digo, não fica mais fácil porque é uma autobiografia. Pra conseguir esse distanciamento tive que entender quais eram os cernes das questões que trato no livro. Tive que entender porque raios eu me via sendo tão inseguro na minha vida pessoal, tive que entender que alguns problemas de relacionamento que tive vieram do fato de eu ter sido criado sem contato com um pai, tive que entender que acima disso tudo a responsabilidade das minhas perdas e do meu sofrimento foi minha, no fim das contas. É uma jornada bem pessoal. Digo, não só o leitor se surpreende ao ler Espiga. Eu também me descobri fazendo. Quando isso aconteceu eu percebi que tinha algo naquela história que poderia ser atraente pro público, porque era uma história muito sincera e apaixonada. Claro, o elemento de ficção e magia que a história trás na figura do “antagonista”(gosto de chamá-lo de “Mago”) gera um certo interesse, isso ajuda.

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Aliás, tanto na introdução do livro, quanto ao longo da HQ, você fala que a história teve origem numa época complicada pra você, que tava enfrentando sua síndrome do pânico. É um tópico pesado, mas que ganha uma certa leveza no livro. O quadrinho até tem uns instantes mais cômicos. Foi intencional essa sua abordagem?

Sim, Ramon. Sabe, cara, a vida é um troço complicado. Pessoas morrem todos os dias, tragédias acontecem e nos sentimos sozinhos. Eu não queria fazer uma história que só levasse o leitor pra baixo. Isso não me interessa. Quando li Solanin (Inio Asano) chorei durante vários dias seguidos. Me senti um inseto. Não queria que alguém se sentisse assim lendo algo que fiz… Escolhas pessoais. Minha intenção foi, algumas vezes, zombar daquela realidade triste e melancólica. Passei quase uma semana com Pedro Cobiaco e Diego Sanchez no Rio de Janeiro, eles comentaram que apesar de eu ter uma cara melancólica e fazer um quadrinho sobre solidão, fico vendo vídeos de memes o tempo todo e janto assistindo Chapolin. Então eu encaro as coisas dessa forma. As cores do quadrinho são pensadas pra serem agradáveis aos olhos, o traço não é muito agressivo, é contido. Mas nem tudo são flores, claro. Ainda são temas pesados que estão sendo tratados. Tive síndrome do pânico em 2013, no comecinho. Fazer quadrinhos salvou minha vida, em um ponto. Fiz a revista Libre! pelo catarse, com vários outros colegas. Conheci alguns lugares do Brasil com isso e vi o quanto o mundo é grande, sabe? Coisas da vida.

Ainda sobre esses problemas pessoais que você retrata e menciona no livro: em algum momento você questionou se deveria se expor tanto assim?

Sim. Tive medo da reação das pessoas que retratei. Do meu pai, minha mãe, minha ex-namorada. Mas a história saiu e nada aconteceu. O que me deixou feliz, porque imagino ter trabalhado de uma maneira sincera sobre minha relação com essas pessoas mas, acima disso, de maneira respeitosa. Tento não esquecer que é um personagem, afinal de contas. Eu não apanhei numa cafeteria e nem me encontrei com uma prostituta, como o gibi sugere. Existem coisas reais lá sim, mas quem tá lidando com elas é o personagem, não eu. Isso me conforta um pouco. Me incomoda alguns quadrinhos que são claramente autobiográficos mas são velados. Soa como uma indireta boba ou fica bem genérico. Quando você fala sobre fatos mesmo acaba tratando o leitor com mais honestidade. Algo que o Lourenço Mutarelli já fez muitas vezes: uma autobiografia incisiva, forte.

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E o Espiga é uma publicação independente, não teve um editor, mas imagino que você tenha mostrado o quadrinho para outras pessoas e conversado sobre o que estava fazendo. Teve esse tipo de diálogo? Você mexeu na obra em função de algum toque ou dica de amigos?

Como já mencionei antes, tive várias pessoas que me ajudaram no processo, mas quando cheguei com o argumento pra elas da história geralmente elas gostavam logo de cara. O que foi até esquisito. Mas sim, tive o dedo de algumas pessoas em várias partes. Acredito que um autor deve tentar se distanciar o máximo possível da vaidade. Gosto muito mais de levar críticas do que elogios. Meu trabalho nunca estará perfeito e as vezes por uma imersão excessiva na criação de algo não conseguimos ver o defeito daquilo. Pra isso servem segundas opiniões, editores, gente que se mete um pouquinho na sua criação. Isso não faz dela menos sua.

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Você tava lá no FIQ. Foi o seu primeiro FIQ? Como foi a experiência pra você?

Não sei exatamente o que aconteceu em 2015, mas foi um ano de emoções muito fortes em vários sentidos. Além do que tratei na história, teve o FIQ. De uma maneira pessoal, o FIQ foi ótimo pra mim como porta pra contatos profissionais. Conheci muita gente que eu admirava, editores como Jana (Janaína de Luna Larsen) e Lauro (de Luna Larsen) (da editora Mino) e o Rogério de Campos (editor da Veneta). Fiquei muito próximo do Felipe Nunes. Criei uma amizade bem intensa com Adonis e Paula (autores do Úlcera). Conheci alguns leitores de perto e passei em todos os estandes pra saber o que estava sendo produzido. Tive alguns momentos difíceis. O país passa por uma crise e em termos práticos, econômicos, o cidadão médio não tá com muita grana pra consumir arte. Vendi pouco nesse FIQ. Claro, não tive uma auto-promoção tão forte quanto eu deveria nas semanas que antecederam o festival, mas no geral senti que o movimento esse ano foi menor. Havia também mais concorrência. Os trabalhos estavam mais significativos. Fiquei feliz que o trabalho dos nordestinos e das mulheres em geral estava muito bem representados. Mas claro, estavam lá também todo mundo que é bem sucedido no meio: os irmãos Cafaggi, Shiko, Lelis, Carlos Ruas e os Gêmeos (Moon e Bá) ainda faziam fila pra assinar seus gibis. O que, essencialmente, cria essa diferença entre estandes completamente vazios e pessoas que vendem muito bem? O que faz uma pessoa conhecer o trabalho do Fábio Coala e não o meu? Isso acontece porque temos um público que não é tão habituado a conhecer e pesquisar a cena em sua totalidade? São coisas que eu tenho pensado desde que voltei de viagem. O FIQ é um momento muito importante pros quadrinhos nacionais. A cena toda reunida num único lugar. Pra um iniciante essa é uma oportunidade incrível. Para um veterano é tempo de trabalhar, rever os amigos e mostrar novos projetos. Os quadrinistas se sentem confortáveis e representados pelo FIQ por ser um evento autocentrado, focado em quadrinhos. Lá todos são tratados iguais, não existe área VIP de convidados nem nada do gênero.

Talvez o público de Belo Horizonte não consiga tapar o buraco financeiro que o FIQ faz na carteira de um quadrinista. Todo mundo planeja se lançar no FIQ e a gama de quadrinistas vem aumentando consideravelmente. Como pagar a gráfica indo pro FIQ? Como ter lucro? São questões que esse FIQ colocou na minha cabeça. Não tenho as respostas no momento mas acredito que a autopromoção e a internet podem ajudar bastante nesse sentido. Lançar um álbum de quadrinhos é realmente trabalhoso. Acredito que o melhor caminho é se dedicar a promoção, divulgação e distribuição. O trabalho não se vende nem se sustenta sozinho.

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Por conta do FIQ e da CCXP acabou saindo uma leva imensa de quadrinhos nos últimos meses. Você leu algo legal? Tem algum trabalho que chamou sua atenção? Alguma coisa que você recomenda as pessoas a correrem atrás?

Esses dois eventos acabam catalizando lançamentos. Isso me deixa muito empolgado e focado em produzir. Vários trabalhos me chamaram atenção, infelizmente não tive tempo de ler tudo ainda. Melindrosa, da Aline Lemos me deixou de queixo caído. Adorei o entendimento de quadrinhos que ela mostrou nesse trabalho. Dodô, do Felipe Nunes foi uma das minhas HQs favoritas desse ano. Temos ideias bastante parecidas na concepção de quadrinhos. Herminia, do Sanchez é um grande passo na carreira dele e o acabamento do livro é maravilhoso. A família Cobiaco abocanhou o ano com dois gibis incríveis. Aventuras na Ilha do Tesouro e Mayo são dois quadrinhos muito apaixonados e fervorosos. Vidi Descaves criou uma experiência onírica única com Tastequiet. A Tais Koshino não tem nenhum trabalho muito grande ou de volume, mas propõe coisas muito interessantes nas pequenas investidas que já fez. Tauan Gon fez um excelente trabalho visual em Yin. Ainda tem o selo Mês, que tá sendo bem importante no cenário independente de Brasília e me enche os olhos com tanta coisa interessante!

Recomendo que as pessoas corram atrás de tudo que rolou no estande Vênus Press e as coisas que já recomendei anteriormente!

E você mora no Piauí. O Brasil é imenso e eu acabo muito preso nas coisas do sul e do sudeste. Tem outras pessoas fazendo quadrinho como você por lá?

Como eu, acho difícil. Não que eu seja especial, mas meus leitores se concentram mais nas grandes metrópoles, acredito que seja um reflexo dos webcomics que produzo sempre. O nordeste está em efervescência! Isso me enche de alegria. O selo Netuno, o qual a minha amiga Brendda Lima faz parte, é de fortaleza e já chegou com várias produções maneiras. Mayara e Annabelle do Pablo Casado e do Talles Rodrigues fez um barulho na cena nacional e já tem dois volumes. Caio Oliveira e Bernardo Aurélio são dois autores daqui de Teresina e estavam no FIQ, o trabalho dos dois chamou atenção. Narciso Rogério e Thiago Ramos são iniciantes mas já criaram uma história bem consistente como primeira empreitada, ouvi dizer que mandaram bem no FIQ.

O trabalho do nordeste carrega em si uma aura interessante, ele fala com o povo. Talvez por nos encontrarmos à margem dos grandes eventos, criamos uma linguagem própria na música, literatura e agora nos quadrinhos.

E você já está pensando em um próximo trabalho? Se sim, já tem previsão de lançamento? Já tem uma história? Será independente também?

Sim. Não consigo ficar sem trabalhar. Só quando tô ocupado sendo um merdinha em crise, haha. Recebi uma proposta interessante por uma editora, de uma história menor e estou muito empolgado pra ter uma experiência de edição e distribuição. Pretendo, a partir de janeiro, publicar na internet toda terça e quinta. Já estou escrevendo e desenhando as histórias. Acredito que, no panorama que vivemos hoje, conseguir destaque na internet é o primeiro passo pra conseguir se promover e ter um público massivo. A proposta é só conseguir manter a assiduidade durante um ano. Coisa difícil pra quadrinistas, que geralmente furam todos os prazos. Vou também tentar viabilizar uma produção minha através do crowdfunding. Quero estudar a ferramenta e entender que diferenças de criação de material novo eu posso propor pro público dessa forma. Espero conseguir baratear um pouco o livro se ele for financiado nessas condições. Além de, claro, estudar quadrinhos todo dia. Minha meta pra 2016 é entrar de cabeça na linguagem e na produção e entender os caminhos que o mercado oferece pro quadrinista brasileiro.

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

4 comentários

  1. Que entrevista bacana! Estou escrevendo um livro quase na mesma vibe do ‘Espiga’ – um pouco menos ‘Brilho Eterno’ e mais ‘Alta Fidelidade’ – E vi muitas coisas em comum com o autor. Ótimo momento em que essa entrevista apareceu e eu irei atrás dessa HQ com certeza!!

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