A London Super Comic Convention 2014 estava bem mais tranquila em seu segundo dia. Enquanto no sábado o Excel Centre estava lotado de fãs fantasiados e filas enormes em busca de autógrafos dos convidados, o domingo foi bem menos agitado. Os quadrinhos e muitos dos outros produtos a venda já estavam com preços mais baratos do que na véspera. Consegui andar com mais calma no espaço chamado de Beco dos Artista, com vários quadrinistas, coletivos e editoras independentes. Muitas publicações europeias, todas bastante coloridas e principalmente de super-heróis e aventuras. Como não havia muitas novidades nas outras mesas, visitei as salas de painéis. A próxima foto mostra a apresentação do atual escritor de Homem-Aranha, Dan Slott. Não leio a atual fase do personagem, mas acho o conceito meio bizarro (o Dr. Octopus tomou conta da mente de Peter Parker e agora controla o herói), mas parece que há muitos fãs. Deve ter sido mais interessante para esses leitores. Pra mim, foi legal quando ele comentou sobre os filmes da Marvel. Sobre como as decisões editoriais da empresa hoje são pensadas em função dos filmes. “Guardiões da Galáxia vai ser lançado? Um ano antes vamos colocar a melhor equipe possível para produzir uma nova série, quando o filme sair teremos vários encadernados para quem gostou do filme”, ele disse.
Logo em seguida começou um dos melhores eventos da convenção, um painel com os principais artistas de Miracleman sobre o retorno do personagem. Os convidados eram Garry Leach, Alan Davis e Mark Buckingham. O Alan Davis não parecia muito feliz de estar por ali, apesar de simpático e sorridente, suas respostas eram quase sempre monossilábicas. Lembrei da minha entrevista com o Lance Parkin, biógrafo do Alan Moore. Ele me disse que os dois brigaram por conta da série e talvez seja esse o motivo. Aliás, no começo da conversa o Mark Buckingham fez piada perguntando se eles estavam autorizados a mencionar o nome do Moore. Os três estavam bem felizes pelo retorno de série e satisfeitos com as edições publicadas pela Marvel. O Garry Leach disse que é a melhor colorização que o título já teve. Gravei um trecho da apresentação no qual eles comentam sobre o futuro do título. Eles comentaram que as edições antigas devem ser encerradas até o meio do ano que vem e depois vem o arco final inédito, roteirizado pelo Neil Gaiman com as ilustrações do Mark Buckinham. Questionados sobre o que aconteceria depois, os três riram. Segundo o Garry Leach, provavelmente a Marvel vai passar o personagem para o a equipe criativa mais famosa na época, “e não necessariamente a melhor e nem britânica”. [O Bleeding Cool fez uma cobertura ao vivo da mesa e depois atualizou o post com os vídeos aqui do Vitralizado, vale dar uma lida no texto do jornalista Rich Johnston]
Um tópico que eles comentaram bastante foi a importância da revista Warrior pros artistas e todo o meio dos quadrinhos britânicos. Era uma coletânea mensal lançadas entre março de 1982 e janeiro de 1985. Durou apenas 26 números e publicou os primeiros números de V de Vingança e Miracleman. Também foi lá que vários artistas britânicos tiveram suas primeiras oportunidades de trabalho, como Alan Moore, David Lloyd, Dave Gibbons e os próprios Garry Leach e Alan Davis. Também filmei os três falando da revista. Mais novo dos três, o Mark Buckingham não chegou a trabalhar na Warrior, mas disse que ficou no prejuízo quando a revista fechou e ele não recebeu o dinheiro da assinatura de volta:
Com um público menor, estava mais tranquilo de conversar com os artistas e pedir alguns desenhos mais complicados. Nomes mais famosos, como o Alan Daves e o Mike Grell estavam cobrando cerca de 50 £ por uma arte exclusiva em A4. A tarde foi passando e várias lojas passaram a baratear suas revistas e encadernados. Fiz mais uma seleção de algumas fotos do último dia:
Alan Davis assina a revista de um fã.
O desenhista Arthur Adams (X-Men, Authority e Tom Strong).