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Posts com a tag Galileu

Cinema / Literatura

Mostra Philip K. Dick

Tá rolando no Museu da Imagem e do Som uma retrospectiva de filmes inspirados na obra do Philip K. Dick. Escrevi sobre a mostra pra Agenda da edição de dezembro da Galileu. Tem outros eventos bem legais marcados pro mês na seção e a íntegra dela tá aqui. Segue o meu texto:

AgendaMostraPKD

Futuro vingado

Mostra celebra o legado do escritor philip K. Dick

O escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982) morreu antes do lançamento da primeira adaptação de sua obra para o cinema. Blade Runner foi lançado nos EUA em 1982 e, como o autor do texto original, levou anos para ser reavaliado por público e crítica.

Em cartaz no Museu da Imagem e do Som de São Paulo entre os dias 29 de novembro e 12 de dezembro, a Mostra Philip K. Dick reúne dez produções adaptadas dos textos do autor. “Ele foi um dos grandes escritores do século 20 e amargurou a falta de reconhecimento nos anos 50. Hoje é reverenciado, embora pouco conhecido no Brasil”, explica a curadora da retrospectiva, a jornalista Mariana Baccarin.

Além de Blade Runner, serão projetadas obras famosas como as duas versões para O Vingador do Futuro, O Homem Duplo (2006) e Minority Report (2002). Algumas sessões serão seguidas de debates sobre os filmes. Editor da obra de Dick no Brasil, Adriano Fromer Piazzi ressalta um padrão: “Os filmes adaptados de histórias do Dick são pouco fiéis, mas não são ruins. Eles partem da premissa original e criam histórias bem diferentes”.

+ Mostra Philip K. Dick
De 29 de novembro a 12 de dezembro, no auditório do Museu da Imagem e do Som (Av. Europa, 158 – São Paulo). Ingresso: R$ 6 | http://mis-sp.org.br

Chris Ware / HQ / Matérias

Por dentro da cabeça de Chris Ware

Segue a minha matéria sobre o Chris Ware publicada na Galileu de setembro. A íntegra da entrevista com o quadrinista tá aqui.

Por dentro da cabeça de Chris Ware

Um dos artistas mais importantes do século 21, quadrinista norte-americano explica sua obra-prima Building stories

Há algo de diferente na cabeça do quadrinista norte-americano Chris Ware e não se trata apenas das feições caricatas de seu rosto. No interior da estrutura oval, alongada, careca, com olhos pequenos cercados por óculos delicados e uma boca fina, está uma das mentes mais inquietas e revolucionárias da arte atual. “Acho que o potencial dos quadrinhos para capturar o fluxo e refluxo da consciência em toda sua complexidade visual e linguística foi muito pouco explorado, principalmente por eu achar que histórias em quadrinhos são por definição uma arte da memória”, reflete o autor de 45 anos em longa conversa por e-mail à Galileu.

A perspectiva singular de Ware em relação à linguagem de suas obras foi percebida ainda no começo de sua carreira. Há relatos que as primeiras publicações independentes do autor, durantes seus anos na faculdade de artes na Universidade do Texas, chamaram atenção do psicólogo e propagador-mor do uso do LSD Timothy Leary (1920-1996). Mas seus trabalhos passaram a ganhar notoriedade após convite de Art Spielgelman, autor do clássico Maus, para imprimir seus trabalhos na aclamada antologia anual de HQs Raw.

Entre o início da publicação de sua série Acme Novelty Library, sem formato ou periodicidade estabelecidas, e seus mais recentes trabalhos, Ware colecionou 19 prêmios Eisner. Quatro deles vencidos na edição de 2013, em julho passado, do prêmio máximo da indústria de gibis norte-americana (Melhor Álbum, Escritor/Artista, Letreiramento e Design) por aquela que é considerada sua obra-prima, a imponente Building Stories.

Composta por 14 publicações de diferentes formatos e enredos reunidas em uma caixa, ela permite que o leitor determine a sequência de leitura a ser seguida até o final. Para esgotar suas possibilidades de leitura, é preciso que ela seja lida 87 bilhões, 178 milhões, 291 mil e 200 vezes.

“Acho que desconfiava levemente que a quantidade de leituras possíveis tinha potencial para ser matematicamente impressionante, mas não tanto assim. Você está inventando isso?”, questiona Ware quando informado do número alcançado por análise combinatória. “Eu queria de fato criar um livro sem começo ou fim, que tentasse refletir vagamente a forma como alguém é capaz de penetrar, de uma vez só e a partir de várias perspectivas, a própria memória, levando em conta as incontáveis formas como essas memórias são reunidas, mesmo que as experiências sendo narradas sejam mais ou menos consistentes e mutáveis — apesar de haver no livro contradições e esquecimentos intencionais, que eu espero que reflitam os erros e as reescritas que constantemente infligimos a nós mesmos.”

Com apenas uma obra publicada no Brasil, Jimmy Corrigan – O Garoto Mais Esperto do Mundo (Cia das Letras), Chris Ware subverteu uma das mais bem conceituadas definições de quadrinhos ao dar tamanha liberdade aos leitores de Building Stories. Enquanto o quadrinista e teórico da mídia Scott McCloud define a linguagem como “imagens pictóricas justapostas em sequência deliberada”, Ware não determinou a ordem de leitura de seu mais recente trabalho. “Estudei em uma faculdade de artes, então acredito que tem sempre uma voz dentro da minha cabeça me incentivando a ir além ou a tentar fazer algo que nunca foi feito, mas não faço nada por fazer; faço para tentar alcançar as verdadeiras texturas e estruturas da realidade e da memória como eu as percebo.”

Nascido no estado de Nebraska em 1969, Ware hoje reside em Chicago no Illinois e entre capas de revistas como New Yorker e Fortune e cartazes para filmes como Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010) e A Família Savage (2007), ele foca seus esforços em reproduzir no papel seus devaneios sobre a mente humana.

“Costumo me surpreender com a minha facilidade em me perder facilmente em uma memória da minha infância, a ponto de até perder temporariamente a conexão com o presente. Ao mesmo tempo, ainda vivem dentro de mim as falsas memórias que criava, quando criança, de como poderia ser a minha vida como adulto; parecia absolutamente impossível que eu iria crescer, me tornar um homem e até ser pai, assim como hoje parece cada vez mais impossível que eu já tenha sido uma criança. Um das razões pelas quais acho que nos sentimos compelidos a contar e recontar histórias sobre nós mesmos é que nossas memórias tornam-se simplesmente cada vez menos críveis à medida que envelhecemos: como elas são dependentes de linguagens, parecem secar com o tempo. É quase como se estivéssemos reidratando-as a cada vez que as contamos.”

Assumidamente inspirado no trabalho de artistas plásticos como Marcel Duchamp, Joseph Cornell e H. C. Westermann, Chris Ware cita uma referência infantil ao conceber a estrutura de seu mais recente trabalho: “Quando eu era uma criança, houve uma breve moda de livros chamados Choose Your Own Adventure (Escolha sua Própria Aventura) — eram brochuras baratas, com histórias precursoras das narrativas de videogame. Elas tinham várias bifurcações e o leitor podia escolher por onde seguir; eu as achava fascinantes, mas confusas, já que eu passava a maior parte do tempo pensando em como o escritor concebeu a história do que me perdendo na história em si”.

Ainda sem saber a data de lançamento de seu próximo trabalho, Ware conta estar desenvolvendo um outro livro longo, mas mais tradicional em termos de formato. “No entanto a história é tão fragmentada, ou até mais, do que Building Stories”, informa. Apresentado aos trabalhos do quadrinista-cientista Randall Munroe no site Xkcd, tão inconvencional e dinâmico quanto o próprio Ware, ele expõe aquela que acredita ser o sentido real de seus esforços:

“A experiência verdadeira, espero, é que o leitor se sensibilize independentemente da maneira como ele entenda a história. Acho que não é diferente de como quando conhecemos alguém, nós juntamos fragmentos de ideias dos outros por meio de histórias e memórias que eles nos oferecem, mas nós nunca conhecemos a pessoa como um todo. Essencialmente, é um senso de empatia o que eu espero despertar no leitor, tanto pelos personagens no livro, e, além disso, por pessoas reais. E empatia é a habilidade mais importante que alguém pode aprender na vida, e uma das mais difíceis de manter e ajustar. É a razão pela qual temos linguagem e arte.”

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Influências

O norte-americano Joseph Cornell (1903-1972) é um dos papas de um estilo chamado Assemblage, que consiste na incorporação de materiais para criar uma obra. “Considero-o um dos mais importantes do século 20”, conta.

As esculturas do norte-americano H. C. Westermann (1922-1981) também inspiraram Ware: “Ele é um poeta no estilo do Joseph Cornell, mas diferente, mais robusto e compacto”, analisa. O artista é uma das celebridades na capa do Sgt. Pepper‘s (1967), dos Beatles.

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Building Stories

Lançada no fim de 2012 nos EUA, Building Stories foi eleita pela revista Publishers Weekly como o melhor livro do ano, sendo o único quadrinho presente na lista. “Com sua característica precisão obsessiva, Ware apresenta os percalços e desatinos da vida cotidiana com o visual mais extasiante possível”, definiu a revista.

Apesar da complexidade do projeto, que demorou dez anos para ser finalizado, seu enredo é focado na vida e na rotina de uma personagem anônima em Chicago, o cotidiano do prédio em que ela vive e as leituras de suas memória por parte da população local no futuro. Tudo isso em uma caixa de 42,6 centímetros de altura por 29,8 de largura que reúne impressões com o dobro de seu tamanho e outras em formato de tira, com menos de oito centímetros.

“Não se restringe apenas a sua beleza e a sua produção cuidadosa — apesar de se tratar de uma poderosa declaração em plena Era Kindle, das coisas decartáveis. Não. Você é pego pela crença e pelo compromisso com a forma. Building Stories faz coisas que nenhum livro tradicional consegue, pelo menos sem um esforço enorme, e algo que nenhum quadrinho alcançou até agora”, resume a resenha da obra publicada pelo jornal inglês The Guardian.

“Building Stories vai ganhar uma edição francesa quando conseguirem acabar de traduzir e letreirizar. Claro que não sinto inveja das pessoas incumbidas dessa missão”, brinca o autor na entrevista à GALILEU. A obra não tem previsão de lançamento no Brasil.

Chris Ware / Entrevistas / HQ

Papo com Chris Ware

Entrevistei o Chris Ware para uma matéria publicada na Galileu de setembro. Tenho certeza que ele é uma das mentes mais iluminadas dos nossos tempos, talvez a mais brilhante do mundo dos quadrinhos. Jimmy Corrigan, Lint e Building Stories estão entre as coisas mais belas, apaixonantes e interessantes que já li e vi. Em breve posto por aqui o texto publicado na revista. Por enquanto, segue a íntegra da nossa conversa por email. A foto aqui de cima foi feita na Edinburgh International Book Fair.

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HQ / Matérias / Séries

Agents of S.H.I.E.L.D.

Viram a Galileu de setembro? Tem duas matérias minhas por lá. Uma delas saiu na Agenda, falando sobre a estreia de Agents of S.H.I.E.L.D. na Sony. Vale conferir o post da seção no site da revista, tá cheia de coisa legal marcada pro mês. Reproduzo o meu texto por aqui e em breve falo mais sobre a outra matéria – e caso não queira esperar, já tá nas bancas.

AgentsofSHIELDGalileu

Uma nova fronteira

Depois de conquistar o cinema, o estúdio Marvel agora quer dominar a TV e começa com Agents of S.H.I.E.L.D.

O mundo mudou após “A Batalha de Nova York”, cujos instantes finais podem ser vistos no fim de Os Vingadores de 2012, que mostrou uma invasão alienígena comandada por um deus nórdico. Esta transformação ficará mais clara a partir do fim de setembro, quando a Marvel lança a série Agents of S.H.I.E.L.D., no dia 24 nos EUA e no dia 26, às 21h, no Brasil, pelo canal Sony.

Protagonizada pelos agentes da organização comandada por Nick Fury (Samuel L. Jackson) no cinema, o seriado é a primeira incursão da Marvel na TV. A direção do primeiro episódio é de Joss Whedon, criador e produtor da série. “Vamos mostrar o trabalho dos caras sem superpoderes que precisam limpar a sujeira dos que têm”, explicou Whedon em entrevista ao canal Disney XD. Sem heróis conhecidos, ela mostra a volta de um personagem criado para a Marvel no cinema, o agente Phil Coulson (Clark Gregg).

Sua morte em Os Vingadores serviu de motivação para unir os super-heróis na mesma equipe. Seu misterioso retorno é um dos focos da série e pode ser a deixa para o segundo filme do grupo, A Era de Ultron, previsto para maio de 2015.

Assim como a volta de Coulson, a estreia da Marvel na TV tem contornos triunfais, pois marca a chegada da grife à plataforma 17 anos após quase ter ido à falência, evitada em 1997 quando uma empresa de brinquedos comprou a editora. O passo seguinte foi a liquidação dos direitos de adaptações dos personagens mais famosos.

Os X-Men, o Quarteto Fantástico e o Demolidor ficaram com a Fox. Já a Sony pegou o Homem-Aranha e o Hulk. Os que não foram utilizados ou que tiveram os direitos revertidos, comporiam o ousado plano iniciado em 2004, quando a Marvel decretou independência e passou a financiar os próprios filmes. O primeiro lançamento foi o Homem de Ferro, em 2008, seguido de seis outros longas, culminando com Os Vingadores de 2012.

Até 2015, na segunda fase do Universo Marvel no cinema, estão previstos quatro longas — o segundo Thor em novembro deste ano, o segundo Capitão América em maio de 2014, Guardiões da Galáxia em agosto e o segundo Vingadores. Agents of S.H.I.E.L.D. também fará referências aos curtas contidos nos DVDs da marca. A série também indica uma Marvel cada vez mais distante de suas origens no papel.