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## Retrospectiva Vitralizado 2016 ## Ugrito #8 – A Mediocrização dos Afetos (Ugra Press), por Fabiane Langona (Chiquinha)

A Mediocrização dos Afetos é o meu título preferido da coleção Ugrito – e olha que não teve um que fosse nem ao menos apenas “bom” até o momento. Oitavo número da série, é um manifesto de 20 páginas da Fabiane Langona, a Chiquinha, sobre a difusão crescente de uma compreensão banal em relação a o que é amor e a crença no sentimento quase como uma obrigação de todos por tudo e qualquer pessoa. Imperdível, viu?

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Uma tarde de autógrafos com Pedro D’Apremont, Galvão Bertazzi e Batista

Amanhã rola uma tarde de autógrafos inspirada na loja da Ugra, tá sabendo? A partir das 15h, o Pedro D’Apremont vai estar por lá para o lançamento de O Retorno, novo número da coleção Ugritos – já falei um monte por aqui como gosto dessa série, né? O Galvão Bertazzi estará autografando Manual Prático da Complexidade Adquirida e Desatrem e o Batista também comparecerá com suas duas publicações mais recentes, Cutucando a Onça Com Vara Longa e Do Alto da Minha Sabedoria. Programão, viu? Eu vou, vamos?

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A Mediocrização dos Afetos: a capa e uma prévia do Ugrito da Chiquinha

Tenho insistido por aqui: a coleção Ugrito é das sacadas mais legais dos quadrinhos nacionais dos últimos anos. Até agora foram sete revistas lançadas, todas divertidas pra caramba, só de de gente foda (Chico Felix, Cynthia B., DW Ribatski e Gabriel Góes, Rafa Campos, Thiago Souto, Marcatti e Ricardo Coimbra). Divulgaram semana passada a capa do oitavo número da série, assinado pela Chiquinha e batizado de A Mediocrização dos Afetos. O evento de lançamento do gibi tá marcado pra sábado agora (17/9), a partir das 15h, lá na loja da Ugra. A sinopse da obra diz o seguinte: “Apresentado pelo sofrido Coração Mongão, A Mediocrização dos Afetos é um verdadeiro tratado sobre o significado do amor no mundo contemporâneo”. Promissor, hein? Ó essa prévia que o pessoal da Ugra mandou aqui pro blog:

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Quais as grandes HQs publicadas no Brasil em 2016 até agora?

Já esbarrei por aí com várias listas de sites estrangeiros apresentando uma primeira leva dos grandes quadrinhos publicados lá fora em 2016. Aliás, muita coisa de site americano, né? Patience tá sobrando, Paper Girls tá muito bem também, tem o Big Kids do Michael Deforge e o Panther do Brecht Evans é sempre citado. Daí tava aqui maquinando quais as grandes HQs publicadas no Brasil em 2016 até o momento. Não só os grandes quadrinhos brasileiros, mas tudo que saiu. Tô com uma impressão imensa que estamos numa ligeira ressaca de um 2015 com o combo FIQ+CCXP somada a uma crise econômica que não tá ajudando ninguém. E, caramba, como a Nébula faz falta.

Topografias

Acho que tá cedo pra colocar qualquer coisa num ranking, mas passada a metade do ano começo a já cogitar algumas coisas grandes lançadas em 2016. De quadrinho nacional, por enquanto, meus preferidos são as séries Deusa e Século XXI da Laerte, o Bulldogma do Wagner Willian, a Topografias publicada pela Piqui e o Matadouro de Unicórnios do Juscelino Neco. Gosto bastante do Hinário Nacional do Marcello Quintanilha, mas é um trabalho que me soa mais como um caderno de experimentação, um entreato em seguida a Talco de Vidro e algo grande que ele provavelmente deixou pra 2017. Também destaco a coletênea Quadrinhos Insones, talvez o trabalho mais consistente do Diego Sanchez até o momento.

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O Felipe Portugal também matou a pau com o quadrinho dele sobre suicídio e me deixou na seca por mais coisa nova do Eremita (a sério parou?). Os Quadrinhos dos Anos 10 do André Dhamer são excelentes. Dos que saíram, não li e tô bem curioso: O Mundo Segundo Jouralbo do Jouralbo Sieber com o Allan Sieber e mais um monte de gente foda, o Quadradinhas do Lucas Gehre e a Estranhos da Fefê Torquarto (dois que investi no Catarse e ainda não recebi minhas edições), e também a Hitomi que a Balão Editorial lança ainda nos próximos dias.

MatadouroZ

De nacional ainda vale mencionar a coleção Ugritos da Ugra, dos projetos editoriais mais simples e bem sacados dos quadrinhos brasileiros entre 2015 e 2016. O Paulo Crumbim e a Cristina Eiko também publicaram o quarto Quadrinhos A2, o Davi Calil finalmente lançou o aguardado Uma Noite Em L’Enfer, o pessoal da Beleléu publicou o Mini-infartos do Caio Gomez, o Guilherme Petreca publicou o lindo Ye e é digno de nota o trabalho de pesquisa do João Pinheiro e da Sirlene Barbosa em Carolina. De nacional, acho, esses foram os lançamentos que mais me chamaram atenção e que logo vieram à minha cabeça – certeza que esqueci de muita coisa e posso ser lembrado ali nos comentários.

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Me parece que a tendência é que 2016 seja lembrado principalmente por muitas obras vindas de fora e relançamentos. A Veneta investiu em Coltrane, Ghetto Brother, Giovaníssima e Vida no Inferno. A editora ainda está republicando o Sopa de Lágrimas do Gilbert Hernandez – que tende a ser um dos meus preferidos no ano. A Mino investiu em Zonzo do Joan Cornellà, Fungos do James Kochalka e Shaolin Cowboy do Geof Darrow e republicou o Diabo e Eu do Alcimar Frazão. A Figura entrou no mercado com o Sheraz-De do Sérgio Toppi – um puta livro, hein? A Martins Fontes lançou o segundo volume de Uma Vida Chinesa e o belíssimo Jane, a Raposa e Eu. A Intrínseca publicou a continuação de Um Árabe do Futuro. Dizem que a Companha das Letras lançou o Reportagens do Joe Sacco – alguém aí já viu?

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O trabalho da editora do Sesi – SP também está lindo, principalmente por suas publicações de obras européias. Ainda estou no aguardo de algo grande vindo da Nemo. Placas Tectônicas é legal e não gostei tanto assim de Uma Morte Horrível. Entre Umas e Outras é a publicação mais forte da editora pra mim até o momento. Ainda tô no aguardo dos trabalhos da Lucy Knisley e o GIGANTE Becoming/Unbecoming da Una, que tem tudo pra ser um dos grandes do ano caso realmente saia como foi prometido no final de 2015. Ah! Um que não li e é bem promissor: a Devir publicou o Agências de Viagens Lemming do José Carlos Fernandes – o cara é autor de A Pior Banda do Mundo e acho que merecia uma divulgação mais à altura do trabalho dele, não?

Patience

Quero saber de Patience por aqui. Sério que as editoras nacionais vão perder o timing do lançamento internacional do livro do Daniel Clowes? Não seria novidade: Here pode ser ‘o grande quadrinho publicado no Brasil em 2016′ caso a Companhia das Letras resolva lançar. O descaso com o Seconds do Bryan Lee O’Malley também é difícil de entender – será que ainda tá valendo aquela promessa dos editores pro autor de que o livro sairia por aqui em outubro?

 

panel from "Seconds" by Bryan Lee O'Malley.

E de super-heróis, o que tô perdendo? O Cavaleiro das Trevas 3 tá indo bem, tô na terceira edição e me divertindo, mas tá longe, muito longe, de chegar perto do primeiro e do segundo (eu gosto hehe). Tem muita coisa legal da Vertigo sendo republicada, principalmente Patrulha do Destino, Invisíveis e Tom Strong. Tô bem feliz com as edições da Panini pra Miracleman, mas queria saber o que será da série agora que terminou a fase do Alan Moore e chegou a do Neil Gaiman. De mangá tô curtindo o relançamento de Vagabond e aguardo 21st Century Boys pra ver como termina a saga escrita pelo Naoki Urasawa. E só tô falando de coisa boa por aqui, mas fica o registro: sério que vocês gostaram de One Punch-Man?

Mônica Bianca Pinheiro

Há também algumas coisas que acho que estão pra sair e outras que torço pra que saiam, todas com grande potencial. Sei que o L.M. Melite publica a Tablóide ainda em 2016. Acho que a Julia Bax tem um livro do Proac pra entregar. O pessoal da Xula promete a segunda edição da revista desde o lançamento da primeira. O Pedro Cobiaco parou de vez a Bugalú? O Shiko lança mais um volume de A Boca Quente? O Felipe Nunes tem um trabalho previsto pra breve pelo Stout Club. Há novas Graphic MSP pra sair – não gostei muito do álbum do Papa-Capim, mas estou curioso com as próximas três (Bidu 2, Astronauta 3 e Mônica da Bianca Pinheiro). Tenho altas expectativas em relação ao quadrinho novo do Alexandre Sousa Lourenço (autor do sensacional Robô Esmaga) e também com o Mensur do Rafael Coutinho.

Putz, de cabeça é isso. Repito: certeza que esqueci muita coisa. Daí minha pergunta pra você: quais as grandes HQs publicadas no Brasil em 2016 até o momento?

MensurRafaelCoutinho

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Ugrito #7: Fired (ou Ricardo Coimbra X O culto à proatividade)

A coleção Ugrito chegou em seu sétimo número. Publicada pela Ugra Press desde julho do ano passado, a série é uma das sacadas mais criativas e interessantes dos quadrinhos brasileiros nos últimos 12 meses. O autor da sétima edição é o quadrinista Ricardo Coimbra. Batizado de Fired, o gibi conta a história de um psicólogo organizacional de 23 anos com uma carreira promissora dentro de uma fábrica de parafusos, cinzeiros e próteses mecânicas. A HQ será lançada na tarde de sábado, a partir das 15h, com sessão de autógrafo, na loja da Ugra, aqui em São Paulo.

O quadrinho de Coimbra é o capítulo mais recente da batalha pessoal do autor contra indivíduos proativos e a cultura da alta performance do mundo moderno – ele falou bastante sobre o assunto na entrevista que me deu lá em abril de 2013. Assinada pelo também quadrinista Arnaldo Branco, a apresentação da HQ dá o tom da obra: “Finalmente alguém imortalizou aquele desabafo impotente sobre o filho da puta que veste a camisa da empresa que declamamos para ninguém mais além do nosso copo vazio no balcão do bar”. Bati um papo rápido com o Coimbra por email e ele falou um pouco sobre o tema da HQ:

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Como o Arnaldo Branco diz no verso da HQ, o gibi é o mais recente capítulo de sua guerra pessoal contra pessoas proativas. Em que pé você acha que está essa batalha? Cá entre nós, me parece uma luta perdida.

Embora na divulgação deste gibi o pessoal da UGRA tenha se referido a mim como enfant terrible e que muitas pessoas confundam minha incompetência artística e imaturidade com frescor de iniciante (e minha síndrome de pônei com juventude), o fato é que já estou beijando a casinha dos quarenta e venho publicando já há algum tempo. Tenho dito pros meus amigos mais próximos que já passou da minha hora de parar de fazer quadrinho. E não por causa da coluna fodida, dos problemas de vista ou da já lendária incapacidade de se ganhar dinheiro com esta atividade, mas porque percebo que já disse tudo o que tinha pra dizer. E já disse umas três vezes. Quem acompanha meu trabalho sabe que eu giro em torno de uns três ou quatro temas, no máximo. E este mini-gibi não é diferente. Mas vou dizer uma coisa que pode parecer esquisita. Apesar das piadas obsessivas ao longo do tempo, eu não tenho raiva das pessoas proativas, que é a palavra que geralmente se usa pra designar gente prestativa e bem-intencionada, embora ingênua. O que sempre me incomodou era esta cultura artificial criada pelos departamentos de RH que se aproveita dessa boa-vontade das pessoas pra fazê-las trabalhar mais pelo mesmo salário. Mas nem chega a ser uma guerra pessoal, não. Sou bundão demais pra fazer guerra contra qualquer coisa. Na verdade, é só uma birrinha pra alimentar cartum mesmo. Agora, tenho que concordar com a provocação da sua pergunta: não resta a menor dúvida de que a mentalidade proativa é a que venceu.

Uma vez você falou comigo que o pior do culto à proatividade é quando ele se mistura à cultura da alta perfomance. Você continua empenhado em pregar o desencorajamento como um valor?

Continuo. Embora a melhor forma de lutar pelo desencorajamento seja não lutar, né? O tema desse gibi é justamente esse. O Lourenço reflete um pouco da minha admiração pelas pessoas que, mesmo no inóspito ambiente de trabalho e sob o assédio psicológico “fofo” do RH, se recusam a participar do teatrinho da empresa feliz. Pessoas que podem até entregar seu corpo e seu tempo livre à empresa mas não sua mente. Pessoas que estão dispostas a irem às últimas consequências para defenderem seu território psicológico e manterem suas personalidades íntegras. Uma das motivações, aliás, que me atraiu pro projeto UGRITOS foi a chance de criar um quadrinho que as pessoas pudessem carregar no bolso e ler como um refúgio, como eu lia as tirinhas do Dilbert naquelas edições da L&PM Pocket disfarçadamente durante as palestras ridículas que era obrigado a assistir quando trabalhava no ambiente corporativo.

Há alguma possibilidade do protagonista da HQ ser você em um passado distante? O Ricardo Coimbra de antes de começar a fazer quadrinhos? Que todo o trauma narrado na HQ tenha sido o despertar de sua carreira como um dos mais bem-sucedidos representantes da milionária indústria nacional de quadrinhos?

Hahahahahahah Não. Mas certamente eu gostaria de ter sido a pessoa que lhe causou o trauma. Infelizmente, como falei lá em cima, sou muito bundão pra isso. Quanto aos motivos do “despertar da minha carreira como um dos mais bem-sucedidos representantes da milionária indústria nacional de quadrinhos” revelarei em breve em uma palestra motivacional que estou preparando em parceria com os amigos Maurício de Sousa e Kleber Bambam.

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Thiago Souto reflete sobre a passagem do tempo em Time Lapse

O Thiago Souto é o responsável pela HQ da quinta edição da série Ugrito. Batizado de Time Lapse, o gibi é apenas sua segunda história em quadrinho. A estreia do autor foi na sensacional Mikrokosmos, já muito elogiada por aqui. Assim que finalizou Time Lapse, o Thiago me chamou pra escrever o texto da contra-capa do gibi. Aceitei o convite após ler e curtir bastante o resultado final.

O quadrinho conta a história de um improvável encontro de um homem com sua versão envelhecida e as várias reflexões decorrentes desse choque.

O lançamento das duas edições mais recentes da coleção Ugrito tá marcado pra amanhã, lá na loja da Ugra. Além do Thiago Souto autografando Time Lapse, o mestre Marcatti estará por lá junto com o André PiJaMar pra autografar Seleção Natural, sexta obra da série. Junto com os três estará a Germana Viana, lançando a segunda coletânea de Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço.

Bati um papo rápido por email com o Thiago sobre a produção de Time Lapse. Ele me falou sobre as origens da história, os desafios de criar dentro do formato dos Ugritos e o andamento de Labirinto, sua próxima HQ. Ó:

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O que mais gosto nos Ugritos é ver como cada autor vai criar dentro desse formato fechado e pequena, com um número limitado de páginas. Como foi essa experiência pra você? Você já tinha a história em mente e adaptou para o formato ou você pensou a HQ em função do design da coleção?

Foi um desafio muito legal mesmo. Mas sabe que essas limitações, em certos aspectos, até facilitam? Para mim, um dos grandes problemas de ter tudo à disposição é precisar desistir de uma série de possibilidades em função de uma escolha. No Ugrito, várias dessas escolhas – forma, cores, número de páginas – já estão tomadas, então o maior exercício foi pegar essa ideia que eu tinha rascunhada e adaptar dentro do formado.

E por que falar sobre o tempo? Como surgiu essa história?

Não decidi falar sobre o tempo de caso pensado. Tive essa ideia um dia, nos correios, quando vi um senhor que se parecia demais comigo, tinha a mesma aparência e jeito. E talvez nem fosse, mas achei isso na hora. Foi estranho, me projetei nele e, sei lá, de uma hora pra outra estava pagando a encomenda no caixa preferencial e indo embora.

Talvez aquilo tenha me impactado porque tenho uma filha pequena e sinto muito essa passagem do tempo através dela, crianças mudam muito rápido. Pode ter muito a ver também com um momento pessoal, sabe? De um cara que já não é um menino e resolve mudar uma série de coisas para perseguir aquilo que realmente gosta. Rola esse exercício de não olhar para o passado com arrependimento e nem para o futuro com apreensão ou esperança. A ideia é não deixar esses sentimentos te afastarem do que está acontecendo agora.

Você publicou poucos quadrinhos, o Time Lapse é apenas seu segundo projeto solo e ele é bem diferente do Mikrokosmos. É importante pra você experimentar nesses primeiros trabalhos? O que você tá tirando dessas experiências pro Labirinto? Aliás, em que pé tá o quadrinho?

A experiência com Mikrokosmos foi ótima. Pude conhecer algo que não está na produção quadrinhos, mas na parte prática de fazer aquilo rodar e chegar às pessoas. Time Lapse já tem uma proposta um pouco diferente, as condições foram diferentes. Foi um convite da Ugra. Aliás, eu queria muito fazer um Ugrito, então quando rolou foi bem docaraleo.

Esses dois primeiros projetos são sim bem diferentes. Acho a experimentação importante para descobrir uma voz, uma qualidade que seja reconhecível como sua. Ainda não sei muito bem aonde vou chegar com isso… Espero que Labirinto seja algo mais consolidado nesse sentido, mas é difícil saber.

Sobre Labirinto. Tenho poucos trabalhos publicados, mas produzo bastante. Isso é foda com quadrinhos: a produção é leeeeenta. E depois de um tempo em um projeto você não quer simplesmente lançar, existe um compromisso com qualidade. Não digo isso com um viés mercadológico, mas como um compromisso com todo esse tempo dedicado. Quero muito acabar Labirinto esse ano, mas ainda não sei como será a publicação. Aliás, editores, editoras, estou aqui, prestes a implorar rs.

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