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Posts por data dezembro 2015

Entrevistas / HQ

Papo com L.M. Melite, o autor de Dupin, Desistência do Azul e Leviatã

Você encontrará poucos quadrinistas brasileiros com uma carreira recente tão consistente quanto a de L.M. Melite. O recém-lançado Dupin (Zarabatana) é apenas a terceira obra longa impressa do artista e constará nas primeiras colocações de muitas listas de melhores HQs de 2015. O impressionante Desistência do Azul de 2012 chama atenção por seu experimentalismo, pela arte repleta de detalhes e pelo texto refinado do autor. Publicadas no 13º número da revista Café Espacial, as vinte e cinco páginas de Leviatã compõem um dos enredos mais impactantes das HQs nacionais nos últimos anos. Dupin representa o ponto mais alto de Melite como escritor e desenhista: mesmo preocupado com as percepções de seus leitores, ele não tira o pé do acelerador ao criar uma trama com diversos níveis de leitura e vários simbolismos.

Como entrega o nome da obra, o quadrinho é inspirado nas aventuras do detetive C. Auguste Dupin, criado por Edgar Allan Poe e apresentado ao mundo em Os Assassinatos da Rua Morgue (1841). O quadrinista trouxe a trama do clássico para os dias de hoje e transformou o protagonista do enredo e seu parceiro em crianças. Dois primos com passados obscuros, Dupin e Eduardo investigam um crime macabro noticiado em programas policiais.

Fui apresentado a Melite na edição de 2015 do Festival Internacional de Quadrinhos em Belo Horizonte e marcamos uma entrevista em São Paulo. Nos encontramos e conversamos durante pouco mais de uma hora e meia. O bate-papo tratou de vários assuntos. Começamos por sua colaboração no primeiro número do Jornal Altamira, com a história Padja e o Gigante. Conversamos sobre o início de sua carreira com quadrinhos e a sua série em três números Homem da Casa, publicada no site O Nariz.

Melite falou sobre suas influências, sua paixão por literatura, seu passado como evangélico, a produção de Dupin e Leviatã e sua percepção do mercado brasileiro de quadrinhos. Caso não tenha lido Dupin, pare por aqui, dê um jeito de arrumar a HQ e depois volte para aproveitar melhor a entrevista. Se Dupin estiver entre suas leituras recentes, mande bala e respire fundo até o lançamento de Tablóide, próximo álbum do autor, previsto para o final de 2016. Papo bem legal, dos mais interessantes que já deram as caras por aqui. Ó:

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Cinema / HQ

Star Wars, por Walter Simonson

Acho que já comentei por aqui, né? Apesar de algumas boas HQs e uns livros até curiosos, descarto qualquer coisa do universo expandido de Guerra nas Estrelas. Tudo fanfic. Mesmo assim, piro nas capas de algumas edições das revistas antigas da Marvel pra série. Essa aqui em cima do número 52 assinada pelo Walter Simonson é linda demais. Ó a versão finalizada:

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HQ

Dalton Cara e a queda de Don Juan

As onze páginas do quinto capítulo da HQ Don Juan di Leônia são o ponto alto da obra recém-lançada do quadrinista Dalton Cara. Sobre o empenho de três vítimas do lendário conquistador em conseguirem suas vinganças, o álbum mostra um acordo feito pelas mulheres com o diabo para que elas alcancem seus objetivos. Enquanto isso, o protagonista tenta fugir das armadilhas arquitetadas pelo quarteto. O enredo do livro é um detalhe perto do apuro visual de Cara. Ápice do quadrinho, o capítulo cinco do gibi mostra um flashback essencial ao desenrolar da trama, durante uma queda do herói da história. É digna de nota a forma como o artista aplica sua bagagem como infografista e designer de jornais e revistas para administrar e gerenciar as informações distribuídas em cada quadro.

Pedi para o quadrinista que ele fizesse um making-of da produção do capítulo em questão. Ele me mandou alguns comentários, o roteiro e o passo a passo da ilustração de três páginas. O texto em itálico é de Cara. Saca só que massa:

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Entrevistas / HQ

Papo com Felipe Portugal, o autor do quadrinho Espiga

É inevitável pensar no Asterios Polyp de David Mazzuchelli já na primeira folheada de Espiga, gibi do quadrinista Felipe Portugal. Óbvio: com apenas 24 anos, o autor nem aspira à perfeição da obra-prima do artista norte-americano. No entanto, são explícitas as muitas inspirações de Portugal em relação a um dos mais aclamados e cultuados quadrinho de todos os tempos. Das cores aos enquadramentos, passando pelo design das páginas, Espiga apresenta o esforço real de um jovem artista em explorar e oferecer o melhor que a narrativa sequencial tem a oferecer.

Portugal ousa ao produzir um enredo autobiográfico e extremamente pessoal mesmo sendo tão jovem. Espiga é protagonizada pelo próprio quadrinista: durante a produção de uma obra, ele passa a ser visitado constantemente por uma figura polimorfa de interesses escusos. Enquanto isso, ele lida com o término recente de um namoro e as cobranças de seu editor.

Um dos responsáveis pelo página Quadrinhos Insones, Portugal mostra em Espiga que é mais um nome a ser observado de perto da geração mais recente de quadrinistas brasileiros. Após conversar pessoalmente com ele no Festival Internacional de Quadrinhos, mandei um email com algumas perguntas. Ele me falou sobre suas influências, seus métodos, a produção de Espiga, sua experiência na mais recente edição do FIQ e adiantou um pouco de seu próximo projeto. Saca só:

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