Começo a publicar aqui no blog a partir de hoje (30/7) uma série de depoimentos do quadrinista Jão sobre os bastidores da produção do álbum PARAFUSO ZERO – Expansão. A obra está atualmente em desenvolvimento e sua campanha de financiamento coletivo entra no ar no Catarse ainda nas próximas semanas. Eu estou trabalhando como editor do quadrinho e as minhas conversas com o autor têm rendido algumas reflexões muito interessantes.
Nesse primeiro post da série PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores, o Jão trata principalmente das origens do projeto e de suas principais inspirações. Ele conta como um bookplate produzido por ele para uma sessão de autógrafos de seu trabalho na PARAFUSO 0 o instigou a voltar a investir no universo de superseres da HQ lançada em 2016. O Jão também fala sobre como seu primeiro contato com o conceito de OuBaPo e como a produção do trabalho dele para a Série Postal pesaram na concepção dessa próxima HQ.
A ideia desse post inicial é ser apenas uma prévia dos papos que abordaremos nas próximas semanas. Aproveito para recomendar mais uma vez que você cadastre seu email na newsletter produzida pelo Jão para receber em primeira mão novidades da PARAFUSO ZERO – Expansão. Tá demais, viu? Enfim, a seguir, aspas do autor do quadrinho. Ó:
PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores [Parte #1: origens, restrições e OuBaPo]
O retorno dos superseres
“A PARAFUSO ZERO – Expansão surge a partir do momento em que conversamos sobre fazer o bookplate pro evento de lançamento da PARAFUSO 0 na loja da Ugra, em São Paulo, em março de 2018. Logo quando comecei a fazer pensei que seria legal voltar a trabalhar nesse universo. A partir daquele momento, a ideia já não era ser uma continuação do álbum anterior. A ideia era pegar aquele universo e seguir com ele, contando outras histórias. Isso tudo veio pra valer no momento em que eu estava desenhando o bookplate. A PARAFUSO 0 tinha saído em dezembro de 2016 e desde então eu não tinha feito nenhum desenho desse universo, tirando nos autógrafos que as pessoas pediam e tal. Então, nesse momento, deu essa luz: quero fazer uma expansão desse universo.
Voltar em um universo que eu já tinha criado era uma ideia que tava na minha cabeça, mas mais pra outros trabalhos. Era uma vontade antiga que eu tinha, mas nada parecido com isso que estou fazendo”.
Restrições e estética
“O meu pensamento em relação a quadrinhos teve uma evolução legal nos últimos tempos. Desde que fizemos aquele papo na Faísca sobre HQs e Restrições Criativas, no lançamento do meu trabalho na Série Postal, eu comecei a estudar mais esse tipo de construção relacionada ao OuBaPo. Apesar da PARAFUSO 0 ter isso na construção dela, eu não acho que foi muito pensada a partir de suas restrições, foi mais um feeling do que eu queria fazer no momento do que uma imposição consciente de determinadas restrições. Agora, essa nova edição vem com um pensamento em torno das restrições. Ela está sendo construída dentro da proposta estética criada na PARAFUSO 0 e da qual tenho uma compreensão melhor. Eu tô entendendo melhor não só essa proposta estética como também essa forma de contar história e o próprio universo da PARAFUSO 0″.
OuBaPo e novos lugares
“O OuBaPo já tá sendo discutido há um bom tempo no nosso mercado de quadrinhos. Eu lembro que lá em 2010, quando eu fui na Rio Comic Con, a galera já estava falando muito sobre isso. A própria Samba que saiu no final de 2008, e eu conheci no final de 2009, no FIQ, explorava essa ideia. Então eu já tinha tido algum contato e feito algumas leituras, mas não era algo que achava apropriado para aquele momento do meu trabalho. Eu precisava primeiro encontrar o meu trabalho, encontrar o que eu queria contar, o que eu queria fazer com quadrinhos, para depois começar a estudar isso.
O meu trabalho sempre foi muito pensado em torno de uma espécie de linha: ‘agora eu tenho que fazer isso e vou focar nesse lugar aqui, aí quando atingir esse lugar vou pensar em outro’. Especificamente pra esse momento atual e pra essa ideia de investir mais no OuBaPo, eu procurei textos da pesquisadora Maria Clara Carneiro. Ela tem reflexões importantíssimas sobre o tema, talvez ela seja a pessoa que mais entende sobre isso aqui no Brasil. Procurei alguns textos de outros autores e pesquisei o que alguns artistas estavam fazendo. As nossas próprias trocas de ideia, sobre o postal e sobre quadrinhos,… Foram esses os pontos que me fizeram chegar nesse lugar atual e dar início à PARAFUSO ZERO – Expansão”.
CONTINUA…