O meu primeiro contato com o trabalho do quadrinista Fabio Vermelho foi com uma HQ de duas páginas impressa no primeiro número da revista Pé de Cabra, editada pelo também quadrinista Panhoca e lançada em março de 2018. Fui atrás de outras publicações do autor e descobri a existência da revista Weird Comix, projeto solo e independente de Vermelho lançado desde 2014 e atualmente em sua nona edição.
As Weird Comix seguem alguns padrões: são impressas em preto e branco, suas tiragens não vão muito além de 100 exemplares e são escritas em inglês. As histórias giram em torno de crimes e depravações e contam com participações esporádicas de monstros saídos de filmes de terror B. Mesmo quando ambientadas no nosso presente, as tramas e os personagens são retratados como crias dos Estados Unidos da década de 50.
No momento Vermelho está trabalhando na décima edição da Weird Comix, com lançamento previsto para dezembro ou janeiro, e no álbum O Deplorável Caso do Dr. Milton, com a promessa de ser publicado pelo selo Escória Comix até o final de 2019. Um dos quadrinistas nacionais que mais tem chamado minha atenção, Vermelho topou um papo por email com o blog falando sobre sua influências, o início de sua carreira, o desenvolvimento de suas técnicas e o andamento de seus próximos projetos. Conversa bem boa, saca só:
“Lia coisas estilo One Piece, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Samurai X, Fullmetal Alchemist, era meio fissurado em mangá”
Você pode contar um pouco sobre os seus primeiros contatos com histórias em quadrinhos? Qual a memória mais antiga de quadrinhos na sua vida?
A memória mais antiga mesmo que eu tenho sobre quadrinhos era ficar lendo uns gibis estilo Zé Carioca, Tio Patinhas, Turma da Mônica e coisas assim na casa de um tio, irmão do meu pai, quando íamos visitá-lo. Isso quando eu era bem criança, então faz muito tempo e nem lembro das histórias que lia. Mas foi meu primeiro contato. Na minha casa mesmo, nem meu pai nem minha mamãe são ligados no assunto.
Quando eu comecei a ler mesmo, acompanhar algo, foi quando passei a comprar mangás nas bancas, enquanto eu estava na escola. Meu irmão comprava também. Lia coisas estilo One Piece, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Samurai X, Fullmetal Alchemist, era meio fissurado em mangá. Foi nessa época também que comecei a desenhar… Eu já era meio obsessivo na época, então ia fazendo vários e vários volumes. Eu comprava um desses caderninhos com pauta, pequenos, com umas 100 páginas, e ia preenchendo. Cada um era um volume e cheguei a fazer dois mangás diferentes, hahaha. Um deles com umas 10 edições e o outro com umas 20. Eu emprestava para o pessoal da minha sala de aula, cada um ficava por uma semana com o volume e depois emprestava para o próximo. Até hoje esses caderninhos estão na casa da minha mãe.
Aí teve um hiato, entre os anos finais da escola até entrar na faculdade, onde parei de desenhar e também fui perdendo o interesse em mangás. Depois disso conheci coisas como [Robert] Crumb, [Gilbert] Shelton, [Milo] Manara, [Guido] Crepax, e fui começando a desenhar novamente, isso já bem mais recente… De 2010 pra cá. Foi quando comecei a desenhar algo mais parecido com o que faço hoje em dia.
Quando você começou a fazer quadrinhos? Qual foi a primeira HQ que você publicou?
Como disse antes, comecei a desenhar quadrinhos com esses mangás na escola, mas não acho que conta… O primeiro publicado foi lá por 2013, na época eu usava bastante o DeviantArt. Apareceu um cara com quem eu conversava às vezes, disse que tinha um roteiro e que precisava de alguém para desenhar e depois mandarmos para uma coletânea que rolava, não sei se sai até hoje, chamada Seqapunch Quaterly. O quadrinho era curto, tinha 16 páginas e se chamava Ennui Dreams. Era uma história muda de uns animais que se portavam como humanos, bem interessante. Meu traço era muito cru naquela epoca, mas até que gosto do quadrinho. Até saiu uma entrevista comigo no livro…
Depois disso, em 2014 comecei a desenhar as Weird Comix e, ao mesmo tempo, comecei a mandar trampos para revistas. Foi em 2014 também que desenhei uma história curta chamada O Contrato, que saiu na Prego #7, se não me engano, um tempo depois…
“Vendo as Weird Comix para leitores da Inglaterra, Espanha, França, Itália, Canadá, Austrália, e a maior parte para os Estados Unidos”
Me fala, por favor, sobre a origem da Weird Comix?
É bem simples, na real… Eu venho fazendo ilustrações pra mim mesmo, sem ser encomenda, desde 2012, mais ou menos. A maioria inspirada em coisas que eu gostava de ler e ouvir: ficção científica, pulp, terror, punk, rockabilly, psychobilly. Eu já tinha desenhado uns poucos quadrinhos curtos, até então, até que para o meu TCC em Design de Produtos, em 2013, resolvi desenhar uma história em quadrinhos um pouco maior. Ela se chamava What’s Inside a Girl? e era vagamente inspirada em uma música dos Cramps. Só desenhei a parte 1, era o que dava tempo, e pouquíssima gente viu. Fiz umas cinco cópias para a apresentação do trabalho, acho que duas ficaram comigo e as outras três estão por aí, não lembro se vendi, dei ou troquei. Nunca rolou a parte 2, mas pretendo aproveitar esse roteiro (que foi o único que escrevi inteiro na vida) e redesenhá-lo um dia. Esse quadrinho foi basicamente um protótipo de como seriam os quadrinhos que eu lançaria na Weird Comix daí pra frente… A diferença é que What’s Inside a Girl? continha apenas o quadrinho, e a Weird Comix é estilo revista, tem ilustrações, tiras, seções com histórias de leitores, e os quadrinhos, claro.
O primeiro quadrinho que fiz para a Weird Comix foi o Wet Nightmare, em 2014, levemente inspirado também em uma música dos Cramps. Desenhei com a vaga ideia de já lançar algo por mim mesmo… Tinha bastante coisa fermentando na minha cabeça. Observei como outros quadrinhistas lançavam suas revistas e zines, e em 2015 resolvi juntar a Wet Nightmare com outra HQ curta que eu tinha, Resuscitate The Haze, mais tiras e ilustrações e fiz a primeira edição, com 32 páginas. Antes de vender a primeira eu já tava desenhando a segunda, com outra história curta, Drown at the Lake. A segunda Weird Comix saiu no mesmo ano, no segundo semestre. A partir da edição três comecei a desenhar I Was a Teenage Gorilla-Boy, que é uma história longa e se desenrola até a presente edição. A essa altura eu já tava aumentado cada vez mais o número de páginas do zine, porque eu tava desenhando muita coisa e já não tinha espaço. Hoje em dia o zine tem 48 páginas e tento manter a periodicidade de duas edições por ano, e além das sempre presentes HQs curtas, serializo I Was a Teenage Gorilla-Boy e The Rise and Fall of George Pills no momento.
Eu assisti uma entrevista na qual você diz ter decidido escrever a Weird Comix em inglês para ampliar o alcance potencial do seu público. Você conseguiu chegar em um público além do Brasil escrevendo em inglês?
Sim! Vendo as Weird Comix para leitores da Inglaterra, Espanha, França, Itália, Canadá, Austrália, e a maior parte para os Estados Unidos, para vários estados, mas principalmente para a Califórnia e Nova York.
“Muita gente tem uma visão meio que inocente dos anos 50, acho legal subverter esse negócio todo”
Aliás, quem são os seus leitores? As tiragens da Weird Comix são pequenas, então imagino que você tenha um contato próximo com o seu público. É isso mesmo?
Meus leitores são bem diversos, na verdade. Eu imaginava, quando comecei, que seria um tipo específico de leitor, mas na real tem todo o tipo de pessoa, e uma quantidade quase igual de homens e mulheres.
E sim, tenho uma relação relativamente próxima com eles, especialmente aqueles que compram desde a primeira ou segunda edição e estão até hoje comprando. Conheci a maior parte pelo Instagram e outros pelo Facebook, e alguns se tornaram até colegas virtuais, de conversar sobre coisas sem ser o meu zine e etc, ainda mais porque as pessoas que lêem Weird Comix tendem a ter um gosto parecido com o meu em relação a música e filmes, por exemplo.
Tem algum ponto de partida o seu interesse na estética dos Estados Unidos dos anos 50? O que te interessa mais no imaginário visual dessa época?
Começou pela música, na verdade. Ouvindo bandas de rockabilly revival dos anos 80, como Stray Cats e Polecats, por exemplo. Daí comecei a ouvir o rock ‘n’ roll dos anos 50 e o rockabilly, comecei a me interessar pelo assunto, por essa década, fui pesquisando… Assistindo filmes e ouvindo música, aquilo foi crescendo em mim. Os filmes dessa época, por exemplo, tem muita coisa de monstros e ficção científica… Aquilo me atraiu bastante, as histórias dos filmes geralmente são bem simples, sem muita explicação, os monstros são criativos… Coisas como Teenage Werewolf, Teenage Frankenstein, Wasp Woman, Creature from the Black Lagoon, isso me atraiu bastante, gosto de pensar que alguns dos quadrinhos que faço são meio nonsense nesse sentido, tento passar essa atmosfera de filme antigo. Mas no meu caso eu gosto de dar um twist em tudo isso e fazer as coisas mais extremas, mais rebeldes… Como eu acho que deviam ser. Você não vai ver nesses filmes o monstro desmembrar a pessoa, fazer sexo com ela, porque nessa época os filmes não era tão gráficos, vamos dizer assim, haha. Mas eu posso fazer isso com os quadrinhos! Nos filmes de gangue e delinquência juvenil, como, sei lá, Blackboard Jungle, Rebel Without a Cause, você não vê os adolescentes usando drogas, roubando, espancando os outros, fazendo sexo, mas eles faziam isso, essas coisas existem desde o início dos tempos e eu desenho nos meus quadrinhos. Foi a época em que os jovens começaram a ter mais autonomia, gosto de explorar isso. Muita gente tem uma visão meio que inocente dos anos 50, acho legal subverter esse negócio todo.
“Quase tudo nas Weird Comix é relacionado à música, acredito que essa seja minha maior fonte de inspiração”
O que você mais gosta de ler, ouvir e assistir? Quais são as suas principais referências? Quais os quadrinhos que mais te influenciam?
A lista do que eu mais gosto de escutar é bem longa, inclui desde o rockabilly, country, blues, psychobilly até o garage, punk, post-punk, new wave, e por aí vai… Mas do que escuto e mais me influencia na hora de desenhar seria o rockabilly, o country e o blues. Para quem acompanha as Weird Comix já deve ter percebido quantas músicas eu já transformei em quadrinhos curtos, como Riot in Cellblock #9, He’s in the Jailhouse Now e Undertaker’s Blues, fora os que já imaginei mas ainda não tive tempo de desenhar. Todas essas histórias vem na minha mente enquanto estou escutando as músicas, muitas delas têm letras muito boas e me inspiram bastante. Quando não viram quadrinhos viram ilustração… Quase tudo nas Weird Comix é relacionado à música, acredito que essa seja minha maior fonte de inspiração.
Quanto a leitura, o que mais gosto de ler é ficção científica e terror. Meus escritores preferidos são Isaac Asimov, Philip K. Dick e Edgar Allan Poe. Esse tipo de leitura me influencia bastante na hora de criar minhas histórias também, ainda mais misturando com as músicas… É daí que sai um monte de quadrinhos de alien com rockers dos anos 60, caras que se transformam em gorila e saem matando gente nos anos 50, cientistas que arruinam suas vidas, essa mistureba toda. Gosto muito de ler alguns autores da Beat Generation também, como o Jack Kerouac e o William Burroughs… Talvez daí venha a influência de mostrar o lado mais sujo dos anos 50, as drogas, a rebeldia, o vandalismo e a vagabundagem. Fora o modo como eles trabalhavam, escreviam… Acho que isso influenciou meu modo desorganizado de trabalhar com quadrinhos também, hahaha. Os últimos livros que andei lendo antes de começar a me atarefar com tanto desenho eram justamente Cidade Pequena, Cidade Grande e Queer.
O que mais gosto de assistir, sem dúvida, são filmes de terror. Tanto os antigos como os novos, sou viciado. Gosto também de suspense, comédia, podreiras e coisas assim…
Quantos aos quadrinhos, a verdade é que não sou um ávido leitor. Já li várias coisas, mas não é meu passatempo preferido. Não tenho muitas graphic novels preferidas… Na verdade o que eu mais gosto de ler e que me influencia são revistas como a Eightball, do Daniel Clowes; a Weirdo, do Crumb; a Peepshow, do Joe Matt; Rip Off Comix, do Gilbert Shelton; Naughty Bits, da Roberta Gregory; Chiclete com Banana, do Angeli; e Tales from the Crypt. Gosto de ler várias seções diferentes, as cartas, os quadrinhos serializados, coisas assim. Mas até que tem quadrinhos longos que gosto, nada muito fora da curva ou diferente… Adoro Black Hole, acho o Charles Burns incrível. Adoro Watchmen também. Nova York, do Eisner. Hoje é o Último Dia do Resto da sua Vida da Uli Lust. Qualquer coisa do Crepax, como Valentina, Dracula, Vênus das Peles, A História de O… Todos os do Crumb que li até hoje… Sin City, Ranxerox, Tom of Finland, Moebius, Matthias Schultheiss, Junji Ito, Eric Stanton… Diomedes, do Mutarelli, acho muito foda também. Meu gosto por quadrinhos não tem nada a ver com nada, hahahaha.
“Posso ter a situação que quiser, o cenário que quiser, os personagens que quiser, as coisas mais absurdas! É só eu desenhar. As possibilidades são infinitas”
O que mais te interessa em quadrinhos hoje? Por que usar essa linguagem para contar as histórias que você conta?
Hoje em dia não compro mais tanto quadrinho como antigamente… faz uns cinco anos que me mudei da casa dos meus pais e desde então a grana ficou curta. O que faço com mais frequência é trocar zines e gibis com outros artistas, sejam brasileiros ou gringos. Tenho vários zines desconhecidos, de artistas que conheço há bastante tempo pelo Instagram. Estou sempre acompanhando o trabalho deles. Acompanho e tenho também trabalhos do D’apremont, do Victor Bello, do Gerlach, entre outros…
Eu uso essa linguagem para contar minhas histórias por dois motivos: primeiro, porque é bem prática, digamos assim… Você só precisa de papel, caneta, e um pouco de habilidade. Não precisa de altas granas, como fazer um filme. É incrível! Posso ter a situação que quiser, o cenário que quiser, os personagens que quiser, as coisas mais absurdas! É só eu desenhar. As possibilidades são infinitas. E o segundo motivo é que adoro desenhar quadrinhos. Tem uma hora ou outra que o trabalho fica meio massante, mas 99% do tempo eu amo fazer isso. Desenhar, no geral. Quadrinhos, cartazes, capas de álbuns, seja o que for. Eu passo a maior parte do meu dia desenhando, é tipo um vício. Eu faço vários quadrinhos ao mesmo tempo, se eu não estiver desenhando um, estou desenhando outro, ou alguma encomenda.
“Não curto muito a ideia de escrever a história inteira antes de desenhar”
Eu queria saber um pouco mais sobre as suas técnicas. Você chega a trabalhar com um roteiro fechado antes de começar a desenhar? Você desenha tudo à mão? Qual material você usa?
Quanto ao roteiro, acho que tenho um problema com isso, porque não curto muito a ideia de escrever a história inteira antes de desenhar. Eu geralmente penso no início, no meio e no fim da história, sem pensar detalhe por detalhe em exatamente tudo que vai acontecer, mas tendo uma linha de raciocínio. Aí vou seguindo minha intuição. E sempre com o quadrinho em mente, vão sempre surgindo novas ideias. Ele vai ser formando de acordo com o andamento da coisa. Provavelmente esse processo soe extremamente desorganizado e caótico para alguns, mas tem funcionando pra mim, gosto dessa espontaneidade.
Eu desenho tudo à mão mesmo, gosto de sentir a caneta no papel, aquele barulhinho dela arranhando a folha. Uso photoshop no processo, mas é mais para mexer nos níveis, deixando mais escuro, ou quando preciso colorir. Algumas vezes preciso fazer uma ou outra intervenção, mas é bem pouco. Geralmente colocar uma fonte, não sei. É raro.
Uso canetas recarregáveis desegraph, papel canson e uma prancheta que vai fazer uns 10 anos de idade, por isso posso carregar meu material numa mochila para tudo que é lugar, é bem prático.
Você está trabalhando em algum número novo da Weird Comix?
No meio do ano, após lançar a Weird Comix #9, eu estava. Comecei desenhando a nova série Unsung Rockabilly Heroes, que seria tipo uma segunda parte de A Brief Story About 1950s Teenagers and Rock ‘n’ Roll Music, que saiu na Weird Comix 2. Desenhei também umas ilustrações, mas aí meu prazo com os trabalhos que preciso terminar começaram a apertar e passei a me dedicar 100% à eles. Pretendo voltar à Weird Comix 10 em outubro e, se tudo der certo, terminá-la e lançá-la até dezembro. Caso não dê tempo, fica pra janeiro.
“Tem sangue, gente morrendo, suspense, depravação, assassinato… Só não tem monstros e não se passa nos anos 50”
Como está o andamento de O Deplorável Caso do Dr. Milton? O que você pode contar sobre esse trabalho?
Começou mais devagar, lá pelo final de janeiro até final de abril eu tava desenhando meia página por dia… Do final de abril ao final de julho já tava fazendo uma página por dia. Agora que estou na reta final e o desespero bate na porta, nem sei mais quantas páginas tô fazendo por semana, só tô desenhando o dia inteiro.
A história de O Deplorável Caso do Dr. Milton é relativamente diferente das que serializo nas Weird Comix, mas tem todos os elementos que sempre tem nos meus quadrinhos. Tem sangue, gente morrendo, suspense, depravação, assassinato… Só não tem monstros e não se passa nos anos 50. São temas que passam bastante pela minha cabeça, acho difícil eu bolar um enredo que não tenha nada disso.
Não sei se consigo dizer muito sobre o quadrinho sem contar nenhuma supresa… Porque tem muita coisa nele que eu acho que o leitor não deveria saber antes de ler. Então eu espero que ninguém dê uma longa folheada por toooodo o quadrinho antes de começar, porque vai saber de antemão ou ver cenas que só deveria ler na hora. Digo isso porque eu sou esse tipo de leitor que pega o livro, abre na última página e sai folheando de trás pra frente, vendo tudo hahahahaha. Mas espero que não façam isso.
Quanto ao Milton, ele é um personagem esquisito, não tenho certeza do que as pessoas vão achar dele… o quadrinho é basicamente sobre ele, que é um cientista numa cidade pacata, e como as suas decisões afetaram a vida dele próprio e de muitos à sua volta, de maneira irremediável. Por causa de coisas que ele vai fazendo para consertar o problema, sua vida vai virando uma merda maior, cada vez mais. Eu queria que as pessoas se engajassem na história, que se colocassem no lugar dos personagens. E queria que lessem o gibi de uma vez só, outra coisa que não faço hahaha. Acho que fica melhor se a pessoa ler direto… Apesar de ter mais de 100 páginas, não acredito que seja uma leitura massante. Dei para uma amiga ler e pareceu que o texto flui bem.
Quero que as pessoas sintam algo lendo, seja vergonha, diversão, nojo, raiva ou pena. Ou que pelo menos pensem que foi uma doidera ler esse gibi, hahaha. Espero que curtam!