Artes inspiradas em filmes clássicos dos anos 80 em exposição na Galeria Ornitorrinco

Não é unanimidade o título dado a Ed Wood de pior cineasta de todos os tempos. Na minha humilde opinião, por exemplo, ninguém é pior que Michael Bay. No mundo dos quadrinhos, no entanto, a mediocridade das ilustrações de Rob Liefeld é inigualável. Sério, saca só o naipe do trabalho do cara. Ainda assim, está na produção de Liefeld a origem de umas das exposições brasileiras mais legais do ano, a Cine 80 – Clássicos Ilustrados, que abre hoje a noite na Galeria Ornitorrinco, em São Paulo.

“Um tempo atrás eu dei uma idéia para o Marcelo Campos, diretor da Quanta Academia, para fazermos uma homenagem aos personagens do Rob Liefeld. É um artista do qual todos os fãs ou desenhistas reclamam, pois o trabalho dele é cheio de erros de construção na figura humana e perspectiva”, explica o curador da mostra, Caio Majado. Segundo ele, o sucesso da brincadeira serviu de estímulo para outras iniciativas semelhantes de releituras. A Cine 80 é a maior e mais recente. Entre as 19h de hoje e o dia 13 de setembro estarão expostas 40 artes, cada uma produzida por uma artista diferente, inspirada em um filme clássico dos anos 80 – de Goonies a Te Pego Lá Fora.

A Galeria Ornitorrinco fica no número 520 da Avenida Pompeia, funciona de 2a a sábado de 10h às 19h e a entrada é grátis. Todas as artes estarão a venda por R$500. Segue o meu papo com Caio Majado e algumas ilustrações presentes no evento.

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Como surgiu a ideia da exposição?

Um tempo atrás eu dei uma idéia para o Marcelo Campos, diretor da Quanta Academia, para fazermos uma homenagem aos personagens da década de 1990 do artista americano Rob Liefeld. Ele ficou muito famoso na década de 1990 desenhando para a Marvel. Criou personagens como Cable e Deadpool. É um artista do qual todos os fãs ou desenhistas reclamam, pois o trabalho dele é cheio de erros de construção na figura humana e perspectiva. Como eu e o Marcelo achamos ele um artista bacana, pois apesar das reclamações, ele ainda publica para as grandes editoras americanas e esta sempre vendendo, criamos um desafio. A idéia era pegar um personagem dele, da década de 1990 criado na editora Image Comics, e desenhar com seu próprio estilo, ou seja fazer uma releitura. Conseguimos 60 artistas e expusemos na Quanta. A brincadeira deu tão certo que resolvemos continuar e fizemos uma outra com personagens de cartoons que faziam as cabeças dos artistas. Essa fez mais sucesso que a anterior, chamou a atenção de algumas pessoas, de jornais e também do pessoal da Galeria Ornitorrinco, que entrou em contato com a gente para fazermos algo parecido.

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Como foi a escolha dos artistas convidados e como eles escolheram as produções que iriam retratar?

Todos os participantes tem alguma relação com a Quanta. A maioria é professor e alguns já deram cursos, oficinas, palestras, ou algo do gênero! A escolha foi de cada um, respeitando a temática de ser um filme que foi lançado na década de 1980.

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Por que homenagear os filmes dos anos 80? Você vê alguma razão especial para esse culto às obras dessa década?

Pelo nível de novidades, cores, e um pouco de “breguice”, chegamos a conclusão que essa seria a década perfeita para uma exposição. Fizemos uma rápida votação e pronto. Apesar que o fator “breguice” foi o ponto culminante para isso! A cada nova década cultua-se alguma década passada. Sempre foi assim, as pessoas são muito nostálgicas. Apesar de o efeito da década de 80 estar durando bastante, pois foi uma década muito rica visualmente, acredito que uma hora as pessoas vão se cansar e o ciclo recomeça.

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Você escolheu retratar O Clube dos Cinco, certo? Por que esse filme?

Simplesmente porque acho esse filme muito bacana! Para mim, falar em filmes dos anos 1980 é a mesma coisa que falar do diretor John Hughes. Sou fã de quase todos os filmes dele!

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A exposição é feita em parceria com a Quanta, uma academia conhecida principalmente por seu trabalho com quadrinistas. Quando você vê todos esses artistas expostos em um mesmo ambiente, qual balanço você faz da cena quadrinistas brasileira no presente?

Engraçado você perguntar isso, pois menos da metade dos artistas que estarão expondo são quadrinistas. A Quanta já foi muito focada em quadrinhos, mas hoje acredito que ela é muito mais uma escola aberta de artes e não apenas de quadrinhos. Temos quadrinistas, animadores, ilustradores editoriais, ilustradores publicitários, concept artist de games, de animação, etc… O que, para mim, é genial, pois conseguimos apresentar uma enorme variedade de trabalhos originais que variam de cores, estilos, mercado, etc. Temos desde a pintura realista super colorida a óleo até cartoon preto e branco a nanquim. Não é a primeira vez que verei todos expostos, pois antes dessa, já fizemos algumas outras brincadeiras, mas posso dizer que é uma delícia quando as obras estão uma do lado das outras.

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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