A produção da capa de Pato Gigante, de Gabriel Dantas, por Douglas Utescher: “Para funcionar bem, teria que ser um bordado de verdade”

Quando entrevistei o quadrinista Gabriel Dantas e escrevi sobre Pato Gigante, chamei atenção para a capa da edição da Ugra Press. Fiquei curioso se a arte era algum filtro de programa de edição de imagem ou um bordado de verdade. Dantas me explicou que a arte é de autoria de Darcy Cantuária, mãe de Daniela Utescher, sócia da Ugra.

“Quando o livro foi fechado, tentei pensar em várias capas, mas não conseguia tirar da cabeça essa ideia de que deveria ser um bordado”, me falou o quadrinista na nossa conversa às vésperas do lançamento da HQ.

Ele depois explicou sua inspiração: “Os jogos da Nintendo, principalmente o Yoshi’s Crafted World. Quando falei que queria algo assim para o Douglas [Utescher, sócio e editor da Ugra], já esperava receber um não pela possível dificuldade em fazer isso acontecer, mas na real ele se animou muito e topou no mesmo segundo”.

Quis saber um pouco mais sobre essa produção meio analógica/meio digital da capa de Pato Gigante e pedi um making of desse trabalho para o pessoal da Ugra. Saca só o que veio:

por Douglas Utescher

“Tudo começou em uma das conversas que eu tive com o Gabriel Dantas, quando estávamos começando a planejar a edição do Pato Gigante. Ele comentou que gostaria que a ilustração da capa tivesse uma textura de bordado e que havia tentado emular este efeito no próprio desenho, mas o resultado não ficou satisfatório. Imediatamente concluímos que o caminho, para a ideia funcionar bem, teria que ser um bordado de verdade. Mas quem poderia fazê-lo? Para nossa sorte, a resposta estava bem perto: Dona Darcy, minha sogra!

Convite feito, convite aceito. Mãos à obra!”

O primeiro passo foi do Gabriel, que criou a ilustração e me mandou por email
“Recebida a ilustração, eu criei no Photoshop uma versão preto e branco dela, apenas com as linhas”
“Esta versão PB foi a referência que utilizei para fazer o traço à caneta no tecido de cânhamo que serviria de base para o bordado. Comprei uma caneta para tecido, mas a primeira tentativa ficou uma porcaria, porque o traço borrou e os detalhes se perderam. Foi meio desanimador”
“Tentei fazer um novo teste, desta vez usando uma caneta comum de desenho, e funcionou direitinho. Opa, agora vai!”
“Passei para o tecido apenas uma parte do desenho e enviei à Darcy para que ela também pudesse testar os pontos do bordado e ver se os detalhes estavam em bom tamanho. Ela fez este teste utilizando as linhas que tinha em casa mesmo, só para vermos se estávamos no caminho certo. E sim, estávamos!”
“Testes feitos, hora de partir para a capa definitiva. A Darcy informou qual era a linha ideal para o trabalho e eu encontrei no site do fabricante um catálogo com todas as cores disponíveis”
“Fiz um print colorido da ilustração do Gabriel e anotei nele quais cores deveriam ser usadas em cada parte”
“Ao todo, foram utilizadas 12 linhas diferentes. Juntamos os carretéis, o tecido desenhado e o print com as anotações e mandamos para a Darcy”
“(aqui, minha sogra contempla o tamanho da enrascada em que a colocamos)”
“O bordado tinha a dimensão de 42 x 21 cm e levou pouco mais de duas semanas para ficar pronto”
“Bordado feito, foi a hora de fotografar, tratar a imagem, aplicar os elementos e voilà, temos uma capa! Foi um processo longo e trabalhoso, mas ficamos muito felizes com o resultado. Esperamos que os leitores também!”

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