O Shiko tá deitando e rolando em 2015. Ele já tinha quebrado tudo com Lavagem, candidato potencial às primeiras posições de muitas listas de melhores quadrinhos do ano. Agora, na primeira das três partes prometidas de A Boca Quente, ele cria uma das tramas mais sujas e divertidas do ano. Espécie de zine com acabamento mais requintado, o gibi é uma mistura maluca de pornochanchada com Drive, Kill Bill, Luc Besson e algo da distopia de Blade Runner.
Já li e reli o quadrinho umas cinco vezes, fico pirando na arte, na história e na disposição dos quadros. Gosto muito das páginas 4 e 5, com um personagem acendendo um cigarro: tá tudo preto e você só vê o fogo, a luz, os dedos, uma boca e um fósforo. Show de narrativa com pouquíssima informação, em alguns poucos quadros, distribuídos em diferentes tamanhos, mas todos mais ou menos em formato widescreen. Puta HQ de um artista num crescente enorme, com um trabalho imperdível atrás do outro. Aí o cara vem com uns papos de que A Boca Quente será seu último quadrinho. Sério Shiko, vem com essa conversa não, ok?
(PS: imagens tiradas lá do Instagram do Shiko – que recomendo muito pra quem tá na seca por mais coisa dele)