Prêmio Jabuti desclassifica obra indicada na categoria HQ

O Prêmio Jabuti informou ao blog a retirada do álbum Ópera Negra (Veneta), obra de Clara Chotil, da lista de semifinalista da premiação na categoria Histórias em Quadrinhos em 2024. Originalmente publicada na França em 2022, pela editora Actes Sud, o quadrinho foi lançado no Brasil em 2023, pela editora Veneta, com tradução de Alexandre Barbosa de Souza. Como expliquei no último sábado, dia 26 de outubro: a publicação original, em francês, entra em conflito com o item “3.a)” dos requisitos de inscrição do Prêmio Jabuti (“Estão aptos a participar do Prêmio Jabuti os livros impressos ou digitais que cumprirem integralmenete os seguintes reguisitos: a) tenham sido escritos em língua portuguesa”).

Compartilho a seguir a resposta oficial que recebi da Câmara Brasileira do Livro (CBL), entidade responsável pela organização do Prêmio Jabuti: “Após revisão cuidadosa e considerando o regulamento do Prêmio Jabuti, concluímos que a edição brasileira não atende ao requisito de ter sido originalmente escrita em língua portuguesa. Dessa forma, informamos que a obra foi desclassificada da competição. Estamos à disposição para qualquer outro esclarecimento”.

Perguntei à assessoria de comunicação da CBL sobre a possível entrada de uma obra substituta entre os semifinalistas da categoria Histórias em Quadrinhos, no lugar de Ópera Negra, mas ainda não tive retorno. Atualizarei o post assim que receber a resposta.

Atualização, 31/10, 17h40: a assessoria de comunicação da CBL informou que não será incluída uma nova obra entre os semifinalistas. Dessa forma, a categoria Histórias em Quadrinhos do Prêmio Jabuti em 2024 ficará apenas com nove indicados. Os nove títulos são:

-A Coleta (Conrad), de Pedro Vó;
-Black Orion (Meno), de Brino Seelig;
-Como Pedra (Comix Zone), de Luckas Iohanathan;
-Damasco (Brasa), de Alexandre S. Lourenço e Lielson Zeni;
-Grandes sucessos – Música Popular em Quadrinhos, MPQ (Brasa), organizado por Sandro Gomes Ferreira;
-Jeremias: Estrela (Panini Comics), de Jefferson Costa e Rafael Calça;
-O Filho do Norte: Gonçalves Dias, O Poeta do Brasil (Veneta), de André Toral;
-O Filme Perdido (Quadrinhos na Cia), de Cesar Gananian e Chico França;
-Os Santos (Todavia), de Leandro Assis e Triscila Oliveira.

Vale lembrar: no ano passado, em reportagem para a Folha de S.Paulo, escrevi sobre duas falhas na categoria Histórias em Quadrinhos do Prêmio Jabuti 2023. Entrei em contato com a Câmara Brasileiro do Livro (CBL), responsável pelo prêmio, chamando atenção para a presença de duas HQs listadas entre as 10 finalistas da categoria em 2023, mas originalmente publicadas antes de 2022 – infringindo o critério de ineditismo da premiação (todo título inscrito no Jabuti de 2023 deveria ter sido lançado entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022).

Obra de José Aguiar, A Infância do Brasil (Nemo) foi originalmente publicado em 2017, pela editora Avec – sendo inclusive listado entre os finalistas da categoria Histórias em Quadrinhos no Jabuti de 2018. Já Indivisível (Conrad), de Marília Marz, foi originalmente publicado em edição digital pela mesma Conrad em 2020 A CBL optou por desclassificar os títulos e substituí-los por outras duas HQs. Você lê o meu texto para a Folha e o posicionamento do CBL clicando aqui.

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

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