Taí. Demorou bastante, mas como prometido pelo pessoal da Companhia das Letras ao Bryan Lee O’Malley, Seconds será lançado no Brasil em outubro de 2016. A capa é essa aqui em cima e o título é uma escolha ousada do tradutor Érico Assis – ainda tô aqui maquinando sobre a minha opinião em relação a Repeteco, mas faz sentido dentro do contexto no qual o termo “seconds” é aplicado na HQ. Com 336 páginas, o livro vai sair por R$59,90.
O Bryan Lee O’Malley vai viver sempre às sombras de Scott Pilgrim – que eu gosto pra caramba, mas tá longe de ser a melhor HQ de todos os tempos, apesar de ter conseguido capturar uma espécie de zeitgeist de uma geração como poucas conseguiram. Seconds vai nessa mesma onda e o resultado é excelente. É uma obra definitivamente mais elaborada e madura que Scott Pilgrim.
Ah, vale também uma lida no texto que o Érico Assis publicou no Facebook anunciando o título, ó:
“A maior dificuldade de traduzir HQ não é se adequar ao tamanho do balão. Não é escrever um diálogo que pareça gente falando, não é acertar as referências a histórias (e traduções) antigas. Também não é achar um jeito de encaixar uma equivalência a um anagrama com triplo sentido que o Grant Morrison empanqueca numa alusão a um pastiche de autor da Era de Prata. Não é ser fiel (muitas aspas) ao autor. Nem é o prazo. A maior dificuldade de traduzir HQ é a mesma (pelo menos pra mim) de qualquer tradução: achar a palavra certa para comunicar aquilo que eu quero comunicar com o impacto (potência, suavidade, ambiguidade, graça, tristeza, empatia) que eu gostaria que tivesse na cabeça do leitor – supondo qual era o impacto que o autor queria.
E aí, tá confirmado: SECONDS, do Bryan Lee O’Malley, vai se chamar REPETECO no Brasil. Imagino que surpreenda alguns. Certamente me surpreende: não é toda vez que proponho um título diferente, arriscado, e a editora aceita. No caso, sei até que a tradução foi defendida contra quem queria manter em inglês – e só tenho a agradecer ao André [Conti, editor da obra no Brasil].
Agora, POR QUE se chama “Repeteco”, vou deixar pra quem ler. E todo aquele parágrafo de introdução não é pra dizer que eu acertei, mas sim pra dizer que, nesse negócio de tradução, eu nunca sei se acertei, ou em que grau acertei ou passei longe. Leiam e, por favor, me digam.”