Vitralizado Recomenda #0020: Ghost World (Nemo), por Daniel Clowes

Eu assino o prefácio da edição de 20 anos do clássico Ghost World, do Daniel Clowes, recém-lançada no Brasil pela editora Nemo. O título é um dos meus quadrinhos preferidos e poucos autores moldaram a minha vivência como leitor de HQs como Clowes – aliás, tanto ele quanto o quadrinista Charles Burns, com Black Hole, de volta às livrarias pela DarkSide Books (e considero maravilhoso que as obras-primas de ambos estejam sendo relançadas em português em um intervalo tão curto de tempo). Reproduzo a seguir dois parágrafos do texto que assino na publicação da Nemo e deixo o resto para você ler na versão impressa. Ó:

“Ghost World mostra o cotidiano de duas jovens recém-saídas da escola e ainda indecisas sobre as próximas etapas de suas vidas. São garotas no final da adolescência com quase nada para fazer além de lamentar suas frustrações amorosas e sexuais, zombar de ex-colegas de escola supostamente encaminhados profissionalmente e apostar que qualquer um sentado ao lado em um restaurante pode ser um serial killer ou membro de seita satânica.

Um leitor menos atento diria se tratar de um gibi sobre o nada. Uma mescla de Seinfeld com versões suburbanas e da Geração X pré-Millennials das protagonistas da série de TV Girls. Mas Ghost World é muito mais que isso e não está limitada à misantropia superficial de suas personagens principais. É um quadrinho tragicômico protagonizado por jovens repletas de nuances e contradições, dignas da preocupação de Clowes em ser fiel à complexidade juvenil”

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Ramon Vitral

Meu nome é Ramon Vitral, sou jornalista e nasci em Juiz de Fora (MG). Edito o Vitralizado desde 2012 e sou autor do livro Vitralizado - HQs e o Mundo, publicado pela editora MMarte.

Um comentário

  1. É muito bom esse quadrinho, tanto no traço (como sempre), quanto na história.
    Na minha opinião, o desfecho chega de uma maneira tão natural, que me fez recordar algumas amizades da juventude, aquelas que a gente sabe que uma hora vão se acabar e que começaram muitas vezes por conveniência ou para se ter alguém parecido e passando pelos mesmos problemas e situações. E essas amizades simplesmente acabam de comum acordo, não verbalizado, sem briga, apenas porque se notam diferenças com o tempo. Ou porque aos poucos descobrimos aquilo que queremos ser ou deixar de ser.
    Na minha opinião, o Daniel Clowes soube muito bem retratar tanto a juventude, quanto a vida adulta (dos seres excêntricos que encontramos durante a vida) neste quadrinho.

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